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“Destinos Interrompidos” | Lissa Price

Um bem-sucedido upgrade a "Strange Days"

Lembram-se de “Estranhos Prazeres”, filme realizado em 1995 por Kathryn Bigelow, onde o estiloso Ralph Fiennes fazia o papel de um dealer que transaccionava CD`s com informações e memórias de outras pessoas, permitindo a quem os comprava experienciar, por momentos, vivências alheias? Pois bem, este poderá ser um cartão-de-visita para apresentar “Destinos Interrompidos” (Planeta Manuscrito, 2013), livro de Lissa Price, qualquer coisa como um upgrade ao imaginário sonhado em “Strange Days”.

Depois das Guerras dos Esporos, que mataram todos aqueles que tinham mais de vinte anos e menos de sessenta, Los Angeles transformou-se numa cidade de contrastes, que vive entre o luxo e os escombros. Callie Woodland é uma miúda de 16 anos que perdeu ambos os pais na Guerra. Desde então, cuida do seu irmão Tyler, de sete anos, aprendendo a sobreviver, ocupando prédios desabitados, roubando água e alimentos, fugindo dos Inspectores que têm por missão apanhar todos os menores e colocá-los em Instituições do Estado.

Cansada de tanta luta e querendo dar ao seu irmão uma vida melhor, Callie faz uma visita à Destinos Primordiais, uma empresa da vanguarda tecnológica que aluga corpos de adolescentes aos velhos Terminantes (a esperança média de vida anda à volta dos 200 anos), que querem poder habitar um corpo jovem. Porém, quando acorda a viver numa luxuosa mansão, a guiar carros topo de gama e a namorar com o neto de um senador, Callie percebe que alguma coisa correu mal; e, para adensar ainda mais o clima de estranheza, há uma voz que lhe sussurra ao ouvido da consciência, falando-lhe de uma trama imensa que está prestes a virar o mundo do avesso.

“Destinos Interrompidos” é uma distopia à volta da ideia da eterna juventude, num mundo que apresenta classes sociais bem compartimentadas – Iniciantes, Companheiros, Renegados, Inspectores e Terminantes – e onde a tecnologia evoluiu de modo a poder oferecer o impossível. Lissa Pice escreveu um policial pintado com o requinte da ficção científica e pautado pelo amor juvenil, que oferece uma curiosa reflexão sobre o corpo e o envelhecimento, deixando no ar a questão: até onde estamos dispostos a ir para arrancar ao destino mais uma fatia de juventude? A resposta será dada no segundo volume.



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