Infamous Second Son PS4 Analise Review

Infamous: Second Son | Análise

O destino foi alcançado

Depois do seu lançamento há já alguns meses, a PlayStation 4 ainda não havia apresentado um jogo que enchesse as medidas de quem já teve o prazer de estar em contacto com esta que é, sem dúvida, uma das mais prometedoras consolas jamais construídas. Ainda que “Knack” e principalmente “Killzone: Shadow Fall” tenham sido boas surpresas, exigia-se mais. E é isso que “Infamous: Second Son” é, mais, não de mesmo, mas de uma saga que ao terceiro episódio acerta na mouche!

Agora com um novo protagonista – Deslin Rowe -, “Infamous: Second Son” capta a atenção desde os primeiros instantes que nos remetem para um universo citadino, à média luz, sendo a ação ocupada por algumas provocações em forma de graffiti. Para ajudar o nosso personagem basta recorrer aos sensores de movimento do novo Dualschock 4 (a nossa vénia…) ainda que tais predicados não vão ser muito explorados ao longo deste jogo.

Em poucos minutos, sentimos a adrenalina de estar perante um novo jogo, uma nova aventura criada pela Sucker Punch Produtions que delegou novamente a Nate Fox a responsabilidade de inventar um jogo que pode vir a tornar-se emblemático no que toca ao universo PS4.

Entendido na perspetiva de uma terceira pessoa, “Infamous: Second Son” revela-se como um jogo de ação de sublime conceção que nos remete para os tempos em que, envoltos de uma deliciosa inocência, todos sonhamos em ser um super-herói. Bom, depois crescemos e deixamos a utopia de lado, pelo menos temporariamente, mas quando “assumimos” a pele de Deslin Rowe, o sonho renasce. Enquanto derrubamos inimigos pelas ruas de Seattle, temos um sorriso confiante na cara. Os truques e efeitos visuais da nova criação da Sucker Punch fazem-nos sentir, nem que seja por osmose, poderes incríveis que só a PS4 pode oferecer aquando na exploração de um universo literalmente aberto a todas e quaisquer experiências.

Infamous Second Son PS4

Envolto de um visual grunge (não é inocente Seattle vir a ser o cenário predileto deste jogo e existir uma revisitação ao universo Nirvana na banda sonora) Deslin Rowe é um anti-herói que depois de descobrir a fantástica sensação de dispor de superpoderes vários (algo que surge no seguimento de testemunhar um acidente de viação, de estar em contacto com um Condutor super-humano e perceber que consegue absorver os seus poderes) não hesita em rebentar com os seus inimigos ou transformar uma cidade num cenário de luz, cor e muita ação. Consciente, ou não, da potência do Departamento Unificado de Proteção (DUP), Rowe corre risco de vida ao interpretar o papel de Condutor, que outros gostam de apelidar de bioterrorista.

Divertido e sagaz, Deslin distingue-se dos seus “antecessores” muito por culpa dos seus poderes, podemos dizer, atípicos. Se nos dois primeiros episódios da saga os heróis tinham como armas a manipulação de elementos tradicionais, Deslin assume-se como uma autêntica “máquina de fumo e cor”. Para além de dizimar inimigos como uma sapiência única na arte do fumo (sim, dá um gozo do caraças rebentar com aquela malta!), consegue subir edifícios através de espaços de ventilação e fazer verdadeiros “arco-íris” de néon numa cidade cinzenta. A capacidade gráfica fantástica deste jogo deixa-nos de boca aberta e torna a aventura ainda mais apetecível. Mas será que vamos conseguir libertar as ruas das maléficas forças DUP?

Na realidade, tal tarefa é o grande objetivo deste jogo e, talvez, neste aspeto, a Sucker Punch pudesse ter sido mais ambiciosa. Ainda assim, as batalhas são extremamente motivadoras e repletas de ação, permitindo a Deslin conseguir realizar upgrades dos seus poderes ou conseguir novas habilidades na arte de luta através de feixes de néon ou belicismos em forma de fumo. Existem algumas (poucas) missões em formado “sidegame” que são interessantes. Podemos, por exemplo, tentar destruir drones das forças DUP, desafiar o poder de traficantes de estupefacientes ou descobrir registos áudio escondidos.

Infamous Second Son PS4

Eis um dos aspetos menos bem conseguidos de “Infamous: Second Son”, o seu ambiente algo monótono pois ainda que mudemos de zona os objetivos são semelhantes. Apesar disso, os checkpoints face às ações contra os efetivos DUP são suficientemente atrativos ainda que percam alguma da sua capacidade surpresa à medida que a aventura progride. A narrativa do jogo é muito agradável, sendo mesmo em alguns momentos imprevisível, mas os já referidos “sidegames” perdem quando comparados com outros jogos do género. Com relativo afinco, é possível terminar a aventura principal em cerca de 10 horas e as outras missões podem ocupar-nos horário semelhante.

Quando os créditos finais surgem (e não falamos propositadamente no texto em alguns dos meandros do jogo para evitar indesejados spoilers), e a música soa, ficamos com aquela sensação agridoce de um final que pressupõe mais aventuras. Ao longo de “Infamous: Second Son” toda a ação é fluída e cristalina, os detalhes são assombrosos e a qualidade gráfica não tem, para já, paralelo no atual universo das consolas. Por exemplo, o realismo da roupa de Deslin é completamente uniforme, realista, mediante os seus movimentos, as explosões de néon são verdadeiros feixes de luz e cor que abrilhantam as ruas desta Seattle privada e as pingas da chuva são absolutamente “reais”.

A Sucker Punch não transportou a verdadeira Seattle para dentro do cenário de “Infamous: Second Son” optando antes por uma criação urbana que transpõe de forma magnífica a atmosfera de uma cidade digital que revela segredos e “esconde” algumas particularidades anedóticas face a um cenário que revela, aqui e ali, laivos de intencional esquisitice artificial.

Mais do que uma recriação da realidade, estamos perante um (excelente) jogo de vídeo que torna imprevisível a reação da população perante a presença de Deslin. Se uns se revelam preciosos aliados, outros rejeitam a presença do graffiter. Existe inerente a este jogo uma certa noção de “moralidade”, ainda que satírica, algo estranha, que encontra eco nas “vias orgânicas” seguidas pelo herói deste jogo.

De acordo com a “positividade” do nosso gameplay, seremos recompensados através aquisição de algumas habilidades e poderes que serão negados quando optamos por uma atitude “kill them all”. Por isso, pensa bem antes de efetuar alguma ação pois o “cenário” pode mudar significativamente…

Questões moralistas à parte, se se estava à procura de um jogo que pudesse, definitivamente, dar a sentir as qualidades da PS4, “Infamous: Second Son” é uma aposta ganha. Para além de uma magnífica jogabilidade, explora de forma única as capacidades gráficas da consola e permite boas horas de diversão. Sim, o “gameplay” não se assume revolucionário, a narrativa tem alguns sintomas “monótonos” mas o resultado final é brilhante. Se alguém tinha dúvidas sobre a qualidade e capacidade da PS4, “Infamous: Second Son” prova que a nova consola da Sony está, definitivamente, no bom caminho.



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