Lambchop

O melhor que a América profunda tem para oferecer ao vivo em Portugal no palco da Aula Magna em Lisboa.

Os Estados Unidos da América é um país que gera muita polémica e opiniões diversas um pouco por todo o mundo.

Por muitos idolatrados, por outros odiados, os americanos estão intimamente ligados ao melhor e pior da história da humanidade. Se a nível económico e social podem existir dúvidas sobre as suas condutas, a nível cultural e, particularmente, a nível musical, os EUA são sem sombra de dúvida importantes no panorama mundial.

A cultura rítmica e os grandes alicerces da cultura americana estão representados em géneros tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidos como o jazz, o folk, o soul e o country. Embora a cultura pop se tenha destacado a partir da década de oitenta, a verdadeira imagem de marca daquele grande país, e o maior contributo para a música mundial, está nas suas raízes e tradições.

É no meio destes sons tão característicos e muitas vezes melancólicos que Kurt Wagner, em plenos anos oitenta, convidava amigos para tocar juntos e concretizar aquilo que estava na sua cabeça criadora e algo perturbada. Foi assim que em Nashville nasceram os Posterchild (apenas como trio, Wagner – voz, Jim Watkins – guitarra e Marc Trovillion – baixo) que mais tarde, e devido a problemas com o nome, deram lugar aos Lambchop.

Foi em 1992 que foi editado o primeiro álbum da banda, que desde logo espelhava toda a postura alternativa da formação, que iria continuar até hoje, devido ao facto de ter dois títulos, ‘‘I Hope You’re Sitting Down” e ”Jack’s Tulips”. Com o decorrer do tempo, o número de colaboradores foi aumentando, nunca tendo sido fixo, sendo nesta altura 14 e podendo amanhã ser 30.

O grande número de músicos e de instrumentos, tanto em palco como em estúdio, é uma outra característica peculiar deste agrupamento.

A espinha dorsal da banda é natural de Nashville, embora colaborem músicos de todo o país nas sonoridades da banda. Praticamente todos os músicos têm projectos paralelos, não sendo assim obrigados a nenhum tipo de compromisso. É talvez essa descontracção que torna a sua sonoridade tão especial e ao mesmo tempo tão densa e melancólica, sempre na busca de novos pormenores e sons, que numa primeira abordagem parecem insignificantes, mas são extremamente fulcrais.

A sonoridade da “família” Lambchop sempre se traduziu num “híbrido country, jazz, soul e avant-garde”, um country-rock alternativo valorizado pela enorme presença vocal de Wagner e a sua narrativa bizarra e controversa. Embora o número de colaboradores seja elevado, a imagem dos Lambchop está intimamente ligada a Wagner e à sua imensa capacidade criativa. É a esse mesmo protagonismo que tentou fugir no último registo de originais da banda, ou melhor, nos últimos dois registos de originais da banda, porque devido ao elevado número de temas compostos, a banda decidiu editar dois álbuns de uma só vez – “Awcmon” e “NoYouCmon”.

Os temas foram escritos com a periodicidade de 1 tema/dia e compõem dois álbuns onde a banda silenciosa de 17 elementos do registo anterior (“Is a Woman”), mostra de uma forma mais nítida todo o seu brilhantismo nunca perdendo a capacidade de nos brindar com pormenores deliciosos.

Este último lançamento vem consolidar a ideia de que os Lambchop são capazes de criar diferentes ambientes, que podem variar entre a melancolia característica da banda e a alegria dos instrumentais. Estes, surgem como novidade no alinhamento destes álbuns, tendo a nítida função de dar o protagonismo merecido aos músicos e aliviar o peso das costas de Wagner que, mesmo considerando-se apenas cúmplice e membro de um agrupamento, será sempre o responsável pelas actividades da banda.

No dia 8 de Maio, os Lambchop prometem levar ao palco da Aula Magna em Lisboa, toda a sua magia e teatralidade. Em princípio estarão em palco cerca de oito ou nove músicos, mas as certezas quanto à sua formação só serão dissipadas quando soarem os primeiros acordes. Se em disco o som límpido e a voz rouca e grave de Wagner conseguem criar momentos de rara beleza, ao vivo esses momentos serão concerteza exacerbados criando um ambiente fantástico.

Será uma oportunidade para vermos ao vivo uma das bandas contemporâneas mais importantes da terra do tio “Sam”, bem como toda a genialidade de Kurt Wagner que já tem garantido um lugar na história da música mundial.



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