Nobody Knows

(Dare mo shiranai ) de Hirokazu Kore-eda. Estreia em Novembro.

Este mês destacamos “Nobody Knows” do realizador japonês Hirokazu Kore-eda, que resolveu recriar os factos verídicos ocorridos na sobrepovoada Tóquio no final dos anos oitenta.

“Nobody Knows” conta a dramática história de quatro crianças que vivem com a mãe num apartamento em Tóquio. São todas filhas de pais diferentes e a mãe escondeu a existência de três delas do senhorio. Um dia a mãe desaparece, deixando apenas algum dinheiro e um bilhete em que pede ao mais velho para tomar conta dos irmãos. E assim começa a odisseia das quatro crianças, uma jornada sobre a qual ninguém sabe.

Embora mergulhados no infortúnio do abandono, as crianças tentam a todo custo sobreviver dentro do seu próprio mundo, impondo e seguindo as suas próprias regras. Mas quando de repente, são forçados a quebrarem a “redoma” em que vivem, começam a perder o controlo, pois todo o seu “universo” cai por terra. O seu amor inocente pela fugitiva mãe, a enorme curiosidade pelo Mundo real, a ansiedade exasperante face à situação em que se encontram, as lágrimas sem consolo, a ingénua bondade entre todos eles, a sua própria determinação para sobreviver com engenho e coragem…

Segundo o realizador, o verdadeiro abandono pela parte da mãe a estas crianças fê-lo pensar em várias questões. Não poderia ser só o pessimismo e o desespero que se apoderavam da vida destas crianças, teria que existir alguma riqueza, para além da material, baseada nesses momentos de entendimento, alegria, tristeza e esperança. Hirokazu  Kore-eda não quis demonstrar ao público o “inferno” visto de fora, mas sim a “riqueza” das suas vidas vistas por “dentro”.

Hirokazu  Kore-eda nasceu em Tóquio em 1962. A sua primeira obra, “Maboroshi no hikari”, em 1995, baseada num livro de Teru Miyamoto e inspirada também nas suas experiências enquanto filmava “August Without Him” (1994), ganhou prémios em Veneza e Chicago. Os pontos fortes da sua obra incidem principalmente na  memória, na perda e na morte,  e também num cruzamento entre narrativas ficcionais e documentais.

O filme foi apresentado no Festival de Cannes, onde Yagira Yuyia, o pequeno protagonista que toma conta dos irmãos, comoveu o júri e arrecadou o prémio de Melhor Actor.



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