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Patty Diphusa

para ti sou difusa

O encontro deu-se no Teatro Villaret, onde as três actrizes Sofia Ribeiro, Sílvia Soares e Sheila Totta nos receberam, momentos antes de um ensaio para a peça Patty Diphusa.

A peça já esteve em cena, com quatro mulheres em palco (as três actrizes já referidas e Filipa Sousa). Na actual “temporada” o desafio colocado às três actrizes foi o de olhar para a peça, como se da primeira vez se tratasse. “O Miguel Barros encontrou-se connosco e disse-nos “façam uma nova leitura do texto”.” – disse-nos Sofia Ribeiro. Havia uma nova distribuição de texto e novas Pattys para criar. “Se na primeira temporada havia uma única Patty, aqui existem três, assumidamente” – disse-nos Sílvia.

A preparação deste texto de Pedro Almodóvar (adaptado por Miguel Barros) exigiu despojamento, disponibilidade e abertura. “Os primeiros 15, 20 minutos da peça são um “choque” para os espectadores. E isso nota-se na expressão que têm. Nós estamos muito perto do público e sente-se aquela reacção “devo rir? não devo rir?”” – conta-nos Sílvia Soares.

Mas quem é a Patty? A Patty representa todas as mulheres, todos os gays, todos os transexuais, bem como as fantasias de todos os homens – “e mulheres” – diz-nos Sheila, sorrindo. “A Patty é mesmo aquela expressão “ levar um pontapé nos tomates””, remata Sheila. “A Patty é tesão” – acrescenta Sílvia. A Patty é alguém que considera muito íntimo o acto de beber café com alguém mas que acha perfeitamente natural ter sexo com alguém, na casa de banho da discoteca. E dormir? Dormir é uma perda de tempo. “A Patty não gasta tempo em coisas que não lhe dão prazer”- diz-nos Sheila. A vida é para ser vivida, não é para ser dormida. Mas Patty quer apaixonar-se. É, afinal, uma mulher romântica. É, além disso, uma estrela porno. Um símbolo sexual. É uma mulher desta época. Sim. Mas o texto é dos anos 80 e se o texto era muito arrojado para a altura, será que ainda o continua a ser? “Sim, ainda há muitos preconceitos a combater. Patty é uma feminista e defende que não há que ter vergonha daquilo e de quem somos.” – as actrizes são unânimes ao defender que a Patty é uma lição de vida: há que ter orgulho de nós mesmos, da liberdade que temos e da qual podemos usufruir. “Uma mulher deve ser livre”. Aliás, a carreira de Almodóvar, enquanto realizador, está intimamente ligada às mulheres. Parece-nos “natural” que o seu alter ego seja, então, uma mulher.

E pessimismos, a Patty combate os pessimismos? Sim,respondem as actrizes. Patty representa um combate ao pessimismo. Patty incita-nos a dar um pontapé nos tomates do pessimismo. E da crise que nos tem servido de desculpa para tanto.

O texto é muito provocatório e poderá ser surpreendente para o público. Mas o público também surpreende as actrizes: “Lembro-me de uma vez em que havia uma senhora no público, já assim dos seus quarenta, cinquenta anos e que acenava com a cabeça, a cada história que contávamos como se estivesse a dizer “sim, sim, é isso mesmo, tal e qual”” – conta-nos Sheila Totta.

Curiosos para conhecer um dia na vida de Patty? A peça estará em cena no Villaret, todas as sextas-feiras de Maio, bem como as de Junho (com excepção para o dia 15). Marcará ainda presença no Festival da Comédia, a 19 de Julho.



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