“Seres mágicos em Portugal” | Vanessa Fidalgo

“Seres mágicos em Portugal” | Vanessa Fidalgo

Uma lenda é sempre uma boa história

Não sabemos se anda de mochila às costas e chapéu na cabeça mas, a verdade, é que Vanessa Fidalgo tem percorrido Portugal de uma ponta à outra para nos revelar o seu lado mais sombrio e oculto que, na falta de um escriba com uma paixão antropológica, estaria condenado a extinguir-se sem deixar rasto.

Depois de um livro sobre o maior mistério da vida (a morte) – “Histórias de um Portugal assombrado” – e de um outro sobre locais marcados pelo pavor e pela superstição – “101 lugares para ter medo em Portugal” -, Vanessa Fidalgo diz ter chegado a hora de «desobscurecer» um pouco, para falar de trasgos, olharapos, gigantes, duendes, diabretes, fadas de lobos, monstros e lobisomens.

Seres mágicos em Portugal” (A Esfera dos Livros, 2014) tem nas suas páginas todas estas estranhas criaturas, em histórias e relatos retirados de visitas a bibliotecas locais e, sobretudo, escritas a partir de relatos e entrevistas com dezenas de pessoas com o objectivo maior de resgatar a tradição oral portuguesa.

Vanessa diz no prefácio que de todos os seus livros este será aquele «onde as explicações fazem ainda menos sentido», cabendo ao leitor a simples tarefa de se deliciar com estes curtos relatos como se estivesse a ler um livro de fantasia saído da pena de um George Martin ou de um Neil Gaiman. Senão vejamos: Dona Adelina conta-nos a história de um lobisomem que corria as ruas pela noite fora estragando o pão que ia cozendo nos fornos, para além de assustar todos os que se atreviam a pôr o pé fora de casa;  na Ilha do Pico, nos Açores, o dia 2 de Fevereiro era sinónimo de duendes a saírem das águas para passarem os meses seguintes escondidos nos matos verdejantes; também nos Açores, o povo de Santa Maria garante que as jovens de cabelo vermelho que ainda hoje por lá moram são descendentes de uma jovem e bela sereia que caiu de amores nos braços do filho de um pescador. Uma lenda é sempre uma boa história, já dizia a sabedoria popular.



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