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Supreme Soul

"Acho que nos inspiramos na realidade, tal como ela é. Queremos ser sinceros e honestos na música que fazemos, e por isso as nossas experiências de vida e os conflitos do eu com essa mesma realidade são a nossa inspiração".

Nasceram em 1998, voltaram ao activo em 2007 e este ano lançaram o seu primeiro disco – “No One’s All”. Inspiram-se na realidade, nas dicotomias da vida, mas procuram formas de atingir algo superior, desconhecido, a alma suprema. Estes são os Supreme Soul e nós estivemos a conversar com eles.

A vossa primeira formação remonta, se não me engano, a 1998. Como surgiram os Supreme Soul? E porquê a escolha deste nome?

Os Supreme Soul surgem de facto em 1998. No entanto, num formato muito diferente em relação aos dias de hoje. Éramos quatro jovens a iniciar uma carreira musical, a explorar sobretudo as sonoridades electrónicas direccionadas para as pistas de dança. Uns meses mais tarde o grupo ficou reduzido a dois elementos, eu e o João de Melo, que logo desde o início assumimos a responsabilidade de mentores do projecto.

Os primeiros anos foram para nós muito enriquecedores em termos de aprendizagem aos níveis da criação musical e aspectos técnicos relacionados com a produção dos nossos temas.

O nome Supreme Soul deriva das razões pelas quais decidimos formar a banda. Acreditávamos que através da música, do simples facto de criar, poderíamos alcançar algo superior, desconhecido, experimentar outras sensações para além das nossas rotinas diárias, inconscientemente encontrar uma espécie de equilíbrio emocional talvez… A alma suprema representa tudo isto e muito mais. É um conceito abrangente com um número quase infinito de interpretações. E foi por isso que nem sequer equacionámos a possibilidade de adoptar outro nome quando em 2007 decidimos renovar a sonoridade dos Supreme Soul. O nome do grupo e as canções… tudo continuava a fazer sentido.

Lançaram um EP em 2007 intitulado “Vision” e depois em 2008 outro chamado “Love and Shadows”. Ambos foram extremamente bem recebidos e granjearam-vos comparações a bandas como Joy Division, New Order e Depeche Mode. Como foi para vocês receber tanta atenção logo no início?

Ficámos muito surpreendidos. Não só pelas comparações, mas também pelo facto de o público ter compreendido de uma forma muito clara o novo conceito sonoro do grupo e o conteúdo das nossas canções. Ao mesmo tempo, sentimos uma responsabilidade acrescida quando referiam bandas como os Joy Division, New Order, Depeche Mode, entre outras. São nomes que marcaram a história da música e os anos 80 em particular. A partir desse momento, a nossa própria identidade colectiva ganhou consistência e um certo peso junto das pessoas e dos media.

Lançaram agora o vosso primeiro álbum, “No One’s All”. Foi um percurso difícil até chegarem aqui?

Penso que foi o percurso inevitável para uma banda independente com espírito empreendedor; acrescento nesta matéria que o “No One’s All” é uma edição de autor. É verdade que tivemos que ultrapassar muitos obstáculos e alguns de nós viveram mudanças muito profundas nas suas vidas, quer a nível pessoal como a nível profissional, mas creio que essas adversidades acabaram por atribuir ainda mais sentido ao que estávamos a querer concretizar. E em algumas canções referimos exactamente isso, até mesmo no nome do disco…

Sentiram que por os vossos EPs terem sido tão bem recebidos tinham que corresponder às expectativas que entretanto tinham sido criadas?

Sim, claro. Repara, a determinada altura, um pouco antes do início das gravações do disco alguém nos disse que éramos os Joy Division Portugueses. É claro que nunca nos assumimos como tal, longe disso, mas muitos foram os comentários realizados deste tipo aos Supreme Soul. E para quem tem como principal influência a música dos anos 80 significam muito. Sabíamos que tinham sido criadas expectativas em relação ao nosso primeiro disco de longa duração, contudo não queríamos viver dos rótulos nem restringir a nossa liberdade criativa no processo de composição das canções do “No One’s All”.

Como foi o processo de composição e gravação das canções?

Antes de mais, foi um longo processo, o que nos obrigou desde o início a uma disciplina de trabalho, dedicação e empenho constantes. Quando penso nisso, sinto um enorme orgulho porque conseguimos realmente atingir os nossos objectivos com este disco. As canções, as letras, a sonoridade, o conceito… tudo fazia parte de uma visão. Ao idealizarmos a conjugação certa de todos estes elementos, o processo de composição e gravação das canções foi guiado por linhas de orientação bem definidas, e foi ao mesmo tempo um enorme desafio dada a espontaneidade e dinâmica com que as ideias surgiam. Penso que em termos de composição, as letras escritas para as canções do disco assumiram uma importância relevante, influenciando a abordagem aos instrumentos, melodias, ambientes, etc. No fundo, conseguimos garantir uma coerência entre a vertente musical e a conceptual.

As vossas canções são muito simples, mas ao mesmo tempo melodiosas e até sombrias. Em que é que se inspiram?

Acho que nos inspiramos na realidade, tal como ela é. Queremos ser sinceros e honestos na música que fazemos, e por isso as nossas experiências de vida e os conflitos do eu com essa mesma realidade são a nossa inspiração. A vida, ela mesma, é melódica e sombria. É alegria e tristeza. É beleza e degradação. É saber o significado do amor verdadeiro, o mais nobre dos sentimentos, e saber o que é perder. E este é nosso destino, aprender a viver segundo determinadas leis naturais, nomeadamente a relação causa/efeito. Como podes reconhecer a felicidade quando esta te bate à porta, se nunca em momento algum te cruzaste com a tristeza?

Depositamos nas nossas canções todos estes elementos com transparência e simplicidade, e estas muito facilmente se tornam excertos de nós e das nossas vidas. Envolvemo-nos de uma forma intensa. E para quem já viu, ou para aqueles e aquelas que assistirem a um concerto dos Supreme Soul, vão compreender o que digo.

O primeiro single do álbum foi «The Perfect Place for Us». Porquê a escolha desta música?

«The Perfect Place For Us» é um tema que caracteriza de uma forma global a sonoridade dos Supreme Soul, desde a guitarra às orquestras e à electrónica muito anos 80, e o conceito do “No One’s All”; é melódico, épico, sombrio e triste. Para além disso, penso que o conteúdo e a mensagem da letra são muito fortes, e na minha opinião o videoclip demonstra exactamente isso.

Não pude deixar de notar que grande parte do vosso material promocional é a preto-e-branco, desde o vídeo que ilustra o single às fotos que podemos encontrar na internet. Isso é uma escolha vossa ou apenas coincidência?

É uma escolha nossa, tendo em conta tudo aquilo que já referi anteriormente. No entanto, se no futuro acharmos pertinente, poderemos vir a optar por outra estética, mas preservando sempre em todos os momentos a identidade do grupo e da sua música.

Já vi o vosso som ser descrito de formas tão diferentes como electro-pop, synth-pop, new wave, goth rock, punk rock, electronica. Sendo vocês a banda, como o definiriam?

É uma pergunta sempre difícil… Eu definiria como post-punk, new wave, synth-pop…

Vocês cantam em Inglês e, portanto esta pergunta torna-se inevitável, já existem planos de internacionalização? É algo que gostariam de tentar?

Sim, já existem. A BemDitas, a nossa agência, está a desenvolver um trabalho estruturado e muito interessante para internacionalizar os Supreme Soul. Somos ambiciosos, e queremos construir uma carreira musical consistente e baseada em decisões ponderadas. No fundo, um percurso que anos mais tarde constitua um motivo de orgulho.

Para finalizar, o que podemos esperar dos Supreme Soul no futuro e onde vos poderemos ver a seguir?

Dos Supreme Soul podem esperar mais e melhor. Estamos confiantes, acreditamos muito na nossa música e vamos continuar a trabalhar com humildade. Em relação ao futuro, volto a referir a BemDitas, pois encontrámos na sua organização pessoas que acreditam tanto como nós, são grandes profissionais, e isso é muito importante para o caminho que pretendemos percorrer. A curto-prazo, ainda em 2011 vamos apresentar em Lisboa pela primeira vez ao vivo o novo disco, e para 2012 vamos planear uma digressão de espectáculos pelo nosso país. E possivelmente começar a trabalhar no próximo disco…

Para todas as novidades acerca dos Supreme Soul, podem sempre acompanhar-nos através do nosso site oficial, facebook ou twitter.



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