“Austerlitz” | W.G. Sebald
Anti-monumento à vulnerabilidade humana
Em “A Herança Perdida”, o filósofo em estado pop chamado James Wood dizia isto de W. G. Sebald: «Angustiada, arrojada, extrema, silenciosa – apenas uma soma zero de adjectivos contraditórios se pode aproximar da densidade perturbada da escrita de W.G. Sebald. Pois este alemão radicado na Inglaterra há mais de trinta anos é um dos mais misteriosamente sublimes escritores europeus contemporâneos.»
“Austerlitz” é, a par de “Anéis de Saturno”, o exemplo maior de uma escrita grandiosa e de certa forma gótica, dada a atracção para tudo o que se encontra desaparecido ou seja tocado pela morte.
Jacques Austerlitz, o narrador de “Austerlitz”, é um homem apreensivo e com uma obsessão bem definida: conhecer as suas raízes. É um ser frágil, erudito e portador de uma grande dignidade que, como muitas das personagens criadas por Sebald, experienciou uma imensa queda. Jacques guia-nos – misturando a prosa com uma espécie de diário fotográfico fantasmagórico – através da história de muitos seres que, ao longo da história, se viram perseguidos, expulsos e afastados das suas raízes sem nunca conseguir perceber o porquê, construindo no final da caminhada um monumento que, dada a sua invisibilidade, se acaba por converter antes num anti-monumento à vulnerabilidade humana.
Uma edição Quetzal
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