“Ninguém Quis Saber” | Mati Jungstedt

“Ninguém Quis Saber” | Mari Jungstedt

Diz que é uma espécie de policial

Deve ser do frio. Do céu sempre cinzento. Do facto de o sol só aparecer quando o rei faz anos. Se não for por isto, como explicar que os nórdicos escrevam policiais com a vontade com que nós, portugueses, bebemos shots de café e devoramos pastéis de nata?

Porém, como manda a máxima popular, nem sempre quantidade é sinónimo de qualidade. No caso de “Ninguém Quis Saber”, livro da autoria de Mari Jungstedt com edição da contraponto, esse mandamento de certa forma calórico revela-se bem acertado.

A trama começa quando Henry Dahlstrom, antigo fotógrafo e alcoólico no activo, é encontrado brutalmente assassinado depois de ter ganho uma pequena fortuna nas corridas de cavalos e de oferecer uma daquelas festas em que ninguém se lembra de grande coisa ao acordar. Paralelamente, uma jovem de 14 anos, que cuida do cão, de cavalos e de uma mãe amiga da garrafa, desaparece deixando a bicicleta abandonada numa vala.

O desvendar destes dois mistérios vai sobrar para o detective Anders Knutas – que já tínhamos visto em acção no anterior “Ninguém Quis Ouvir” -, que vai ter uma ajuda do prestável jornalista Johan Berg – que está metido de cabeça num perigoso triângulo amoroso (para ele só de dois lados).

O problema nesta aventura policial é que nem a trama é empolgante nem as personagens são suficientemente interessantes. Se, por exemplo, os livros de Camilla Lackberg têm um lado lamechas que por vezes nos dá vontade de partir para outra, por outro são compensados com uma trama bem urdida que nos mantém agarrados até à última página tentando que o estômago aguente o impacto. Isto para não falar do mestre Stieg Larsson (RIP), ou do aprendiz Jo Nesbo que, de momento, é um dos mais interessantes escritores de policiais em actividade, muito graças ao inspector Harry Hole que de Dirty Harry tem uma costela e metade de outra.

Em “Ninguém Quis Saber” a história vai correndo como que por acaso, até tudo se revelar com pouca surpresa e ainda menos inquietação. Se ninguém quiser saber deste livro não será de admirar. Tem demasiado cordel e falta-lhe uma aura bem mais misteriosa.



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