“O barulho das coisas ao cair” | Juan Gabriel Vásquez

“O barulho das coisas ao cair” | Juan Gabriel Vásquez

Uma radiografia do medo

“A única forma de reduzir o poder dos traficantes é legalizar as drogas, tornando-as um problema de saúde e não de lei ou ordem”. Estas são palavras de Juan Gabriel Vásquez, escritor colombiano que, no seio familiar, vive cercado pela legalidade – pai, mãe, irmã e ele próprio são advogados, no seu caso não praticante. Já antes, Gabriel Garcia Márquez havia dito que o tráfico de droga tinha fomentado a ideia de que o maior obstáculo à felicidade na Colômbia era a obediência à lei.

“O barulho das coisas ao cair”, romance que valeu a Juan Gabriel Vásquez o Prémio Alfaguara no ano de 2011, é uma radiografia do medo e, ao mesmo tempo, do deslumbramento perante a janela do narcotráfico de cocaína, aberta na Colômbia pelos grandes cartéis.

O jardim zoológico criado por Pablo Escobar na sua Hacienda Nápoles, e que aqui surge como ponto de partida para a narrativa, pode ser visto como a metáfora perfeita para o olhar conveniente com que muitos colombianos olharam para a questão do narcotráfico. Aberto antes e depois da morte de Escobar, chegou a receber milhares de visitantes por semana, que pareciam alheios ao facto de Escobar ser quem era: um traficante e um assassino.

A história tem início no momento em que as vidas de Antonio Yammamara e Ricardo Laverde se cruzam, através de encontros ocasionais vividos em salões de bilhar. Uma estranha amizade que ficará por concretizar, dado que impera o silêncio e a morte aparece sem qualquer aviso. Esse dia fatídico irá mudar de forma radical a vida de Antonio, tornando-o numa criatura assustada e incapaz de lidar com uma vida em que tem de funcionar para além de si próprio enquanto marido e pai. É então que decide resolver o enigma Laverde.

Sem ser brilhante, “O barulho das coisas ao cair” conta uma história, comum a muitos colombianos, que viram as suas vidas cruzarem-se com os tempos áureos do narcotráfico, fazendo da Colômbia um País paralisado pelo medo. Até hoje.

Uma edição Alfaguara



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