“Qualquer coisa como” | Ali Smith
Um intrigante jogo de opostos
A estreia literária de Ali Smith, estava então o ponteiro temporal estacionado em 1997, deu-se com um intrigante livro escrito a duas vozes e uma prosa impregnada de espírito poético.
A primeira parte da acção situa-se no tempo actual, na Escócia, e segue o destino de Amy Shone, personagem aparentemente iletrada e com espírito de saltimbanco que trabalha como vigilante num parque de caravanas, onde vive com a sua filha Kate de oito anos.
A segunda metade tem início quando Amy recebe um telefonema de uma jornalista, trazendo à conversa o nome de Aisling McCarthy – uma amizade dos tempos universitários que tinha ficado adormecida. Será através dos diários de Aisling, descobertos por Kate num caixote de aspecto descuidado, que conseguiremos unir algumas das muitas pontas soltas até então levantadas.
Em “Qualquer coisa como” pressentem-se fantasmas a cada virar de página, enquanto ouvimos contar uma fábula misteriosa entre opostos, sobre o que faz mover o desejo e a atracção e de como a vida pode mudar o papel de parede de um momento para o outro – seja em que hemisfério for. É também um livro sobre os tempos conturbados da adolescência, onde o prazer e a dor fazem parte da mesma vontade de descoberta e necessidade de experimentação. Nas entrelinhas pode ler-se uma metáfora para a relação entre a Escócia e a Inglaterra, Países unidos por uma bandeira mas bem diferentes na composição do ADN.
Uma edição Quetzal
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