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10 Anos de DFA @ Lux

I was theeeeere!

Já passaram mesmo dez anos? Verdade seja dita, as memórias também já são muitas. Dos grandes sucessos da era de revivalismo Punk-Funk («Losing My Edge», «House Of Jealous Lovers», etc.) até ao desabrochar na entidade excelente e ecléctica que é hoje, a DFA conseguiu, mais do que qualquer outra editora, agradar a gregos e troianos, recebendo a adulação do mundo Indie sem alienar os puristas do cenário electrónico, colocando músicas em alta rotação nas rádios enquanto satisfaz as necessidades dos obscuristas com edições hiper-limitadas de 12 polegadas. Foi por isso que, ao ouvir James Murphy mencionar numa emissão do “Beats In Space” que estavam a planear uma digressão por alguns lugares, incluindo Portugal, o meu entusiasmo foi muito, e, quando o alinhamento foi revelado (James Murphy, Juan McLean, Shit Robot, Alexis Taylor dos Hot Chip, Pat Mahoney e a rapariga dos  sonhos de todos os Forever Alones do music geekdom, Nancy Whang), ainda mais.

Não fui o único, a julgar pela imensa fila que se formava à chuva à frente do Lux pela uma e meia da manhã. Uma vez lá dentro, chegámos mesmo a tempo de ver Shit Robot iniciar as comemorações com um live set dinâmico que resumiu bastante bem os pontos fortes da DFA actual: uma base Disco stripped down, caos bem doseado inspirado nos sons do Acid House e uma atenção especial para o formato canção. É difícil elogiar projecções de vídeo sem fazer parecer que se tratavam de distracções motivadas pela falta de talento musical, mas posso dizer que, com um set que teria valido por si, Shit Robot apostou também numa apresentação divertida, da máscara rectangular robótica no rosto até às animações de foguetes e robôs que rodearam o artista. Especialmente mágico: «Losing My Patience», com imensas projecções de Alexis Taylor e James Murphy (que foram recebidas de forma mais entusiástica do que os próprios em formato humano). Se a DFA é mesmo, como a categorizou um colega cá da RDB, a Pixar da música, Shit Robot é o seu adorável Wall-E.

O resto da noite foi passado a vaguear entre as duas pistas. Supostamente a de baixo seria “a verdadeira”, uma vez que era a que exigia pulseira para o seu acesso, mas a verdade é que o colectivo passeava de forma mais ou menos aleatória entre as duas. Os artistas anunciados para as diferentes pistas surgiam, de facto, no lugar designado à altura certa, mas frequentemente acompanhados de outras pessoas, o que tirou algum suspense à noite. Em baixo, o próximo grande nome foi Juan McLean, artista que (com a excepção do Tim so-you-have-a-new-single-hehehehehe Sweeney) detém o título de meu DFA favorito. Possivelmente influenciado por uma pista bem cheia, McLean apostou num set agressivo, a rodear a estética Partir Tudo e a aproximar-se até por vezes do Tribal. Dou sempre props a quem tenta algo diferente, e talvez funcione melhor em disco, mas ao vivo foi relativamente massacrante, principalmente em comparação ao excelente set ecléctico que McLean deu num Indústria às moscas há um ano atrás. Cá entre nós: lá em cima estava-se melhor, com Murphy, Whang e Taylor a alternarem com uma selecção de Disco que, recheada de clássicos óbvios como «Tell You Today» ou «I’m Coming Out», não deixava propriamente adivinhar que se tratava de algo mais do que uma noite normal; mas ao menos havia mais variedade.

À medida que as horas avançavam, James Murphy começou a assumir os controlos da parte de baixo, mudando a atmosfera um pouco pela selecção musical, mas muito mais pelo espírito, dançando entusiasticamente ao som do Techno que ia rodando. Em cima, Alexis Taylor recordava os dias de ouro do Grime com «Too Many Men» e «Wot U Call It?».

A verdade é que a forma esporádica com que alternavam os DJs torna difícil fazer juízos gerais acerca destes. Para mim a noite desiludiu principalmente por não ter conhecido melhor os elementos que queria: antes desta festa, não fazia grande ideia de como seria um DJ set  de Pat Mahoney ou Nancy Whang, e não posso dizer que agora estou mais esclarecido. Mas enfim, bom espírito não faltou nesta festa de anos – e decerto os resultados serão tão bons como sempre quando voltarem ao trabalho.

Fotografia por Júlia Braga Gouveia

 



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