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E viva a dúzia!

No dia 12 de Junho, durante 12 horas, em 12 áreas e combinando 12 vertentes artísticas, o Villa Community recebeu a 2ª edição do evento 12h no Coração da Baixa, iniciativa cultural que tem como objectivo dinamizar a Baixa portuense, atrair pessoas e humanizar as fachadas da cidade cuja maioria ainda permanece abandonada.

Ainda é cedo e a entrada avizinha-se calma. Alguns djs saem para ir jantar, outros chegam com as suas caixas metálicas e os vinis protagonistas da noite. No entanto, para os organizadores, que tentam ordenar e coordenar os espaços, resolver os problemas técnicos, receber os artistas convidados e também, os colaboradores do RDB, sossego é pouco.

Pedem-se as primeiras cervejas e dá-se uma volta para conhecer o espaço. Claro que tal não demora propriamente 10 minutos. O Villa Community, conhecido pela dificuldade em lotar (não devido à qualidade da programação, mas sim à sua imensa capacidade – cabem confortavelmente 1000 pessoas), não transparece à primeira vista a magnitude do seu interior.

A entrada ou primeira área já “a bombar” – o Lobby, é simpática e acolhedora, porém, passando o corredor inicial e a primeira pista, qualquer um perde-se: são escadas de caracol para um lado, escadas em pedra para o outro, salas para ali, salas para acolá e áreas que nunca mais acabam. Deambulando pelo gigante armazém percebemos que há sempre um canto novo por descobrir.

Durante o evento estiveram 12 salas abertas dirigidas a 12 vertentes artísticas. As áreas dividiram-se entre Lobby, Main Room, Red Room, Galeria, Ready Mind, X- Pressions, W-alt, Pátio, Café Concerto, Social Lounge, Teatro e Loft; e abrigaram em simultâneo: Música, Dança, Cine, Expo, Fashion Design, Circo, Joalharia, Poesia, Multimédia, Artes performativas, Arte Urbana e Teatro.

Aliados às várias disciplinas artísticas estiveram naturalmente diversos tipos de público que enriqueceram de forma considerável a casa: jovens com rastas, de camisa, de calças justas, calças largas, enfim, uma pluralidade de estilos que conviveram com os seus congéneres e distintos.

Os visitantes do Villa Community agradecem a existência da iniciativa, Maria Leite e Filipa Gonçalves comentam que o projecto “é muito favorável para a Baixa do Porto, chama muitas pessoas e os diversos estilos musicais atraem gente muito diferente”.

Cada área recebeu os imensos artistas que foram o núcleo do evento, na sua maioria djs que durante uma hora tiveram a oportunidade de mostrar as suas valias. A maior ênfase foi dada à música, uma vez que o Villa Community é um espaço nocturno e a melomania é o motor principal do seu funcionamento.

Relativamente às artes visuais, algumas exposições estiveram contempladas nas salas musicais, ao lado dos djs, e outras na maior sala e galeria principal onde estiveram expostos trabalhos de fotografia e onde decorreu um live paiting de graffiti, protagonizado por André Silveira aka Dub, Gustavo Teixeira aka Mesk e pela dupla Maniaks. Já o design teve um pouco mais de privacidade na sala Ready Mind.

Um sofá criado a partir de um frigorífico ou um candeeiro realizado a partir das caixinhas das pastilhas elásticas foram algumas das peças apresentadas no espaço da Associação Ready Mind, entidade com origem e sede no Porto inteiramente dedicada ao design, que agora tem um lugar cativo no Villa Community. Se virem uma “banheira-porta” com Ready Mind pintado subtilmente nas costas da banheira, párem e apreciem, pois essa é sala da reutilização, reciclagem, criatividade, das grandes ideias e também do bom gosto.

Criada em 2006 por Pedro Guimarães, a Ready Mind começou passados 3 anos, em 2009 a realizar pequenas exposições com trabalhos de designers portugueses e a solicitar a vários criativos peças com base nas suas características.

Não só designers como também artistas plásticos, jovens e seniores, todos têm participado com uma criatividade fortíssima que tem vindo a despoletar reacções engraçadas e satisfatórias “Para nós é muito gratificante ver o feedback das pessoas, sobretudo daquelas que normalmente não frequentam espaços expositivos. Há um jogo de identificação entre o público e as peças. Quando descobrem os materiais utilizados ficam encantadas e acham que as obras são um milagre. Dizem com um ar maravilhado “vocês transformaram o lixo em coisas!” conta Pedro Guimarães.

O 12h Coração da Baixa, realizado sem apoios governamentais, foi divulgado através do fenómeno das redes sociais, dos seus inúmeros promotores e dos artistas integrantes da iniciativa. Ágata Duarte, responsável pela organização do evento, refere que “o evento foi projectado através de muito esforço. Este foi um exemplo de que trabalhamos por amor à Baixa, ao Porto e por “amor à camisola”. São poucos os eventos desta natureza aqui. Lutamos para que existam mais e para que os pequenos e jovens artistas emergentes da nossa cidade tenham mais oportunidades de lançamento”.

O Villa Community é um espaço que requere uma dinâmica constante. Para além do seu funcionamento nocturno como acontece neste momento, futuramente “irá abrir de dia para intervenções culturais e artísticas, lançamentos de livros, pequenos concertos e eventos de produtoras de música”, garante Ágata Duarte.

Das 18h até às 06h o 12h Coração da Baixa assegurou o impulso à cidade do Porto. Se às 22h poderiam existir dúvidas em relação à adesão do público ao evento, às 03 horas da madrugada, já não restava nenhuma. Dificilmente alguém resistia ao calor e ar quente demoníacos que se faziam sentir nas diversas salas. O tumulto à entrada era grande, e além da espera para entrar, havia também espera para sair devido à massa de pessoas curiosas e desejosas para ingressar que ocupavam fervorosamente a porta. Com o sucesso visível, aguardamos agora pela versão 24 horas da inicitiva.


Fotografia de Tiago Silva



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