Vanessa – The Triple Threat
Moda, entretenimento e mais recentemente empreendedorismo, são os trunfos que fazem de Vanessa Martins, um verdadeiro talento de "ameaça tripla". - Depois de uma agradável tarde de conversa, ficámos a conhecer a protagonista por de trás do frederica.pt.
Olhos de amêndoa doce, sobrancelhas ao estilo Audrey Hepburn e um sorriso transbordante de sincera simpatia, são o primeiro vislumbre que temos de Vanessa Martins quando esta nos acolhe no seu apartamento. Há quem diga que os olhos são o espelho da alma, neste caso, a casa de Vanessa exerce esse papel. – Tranquila, sofisticada, harmoniosa. Cheia de detalhes que nos remetem para o seu gosto por viagens, moda, decoração e todo o mundo artístico em geral.
«Vanessa, tu és modelo e actriz, tens experiência em ambas as áreas. Dirias que te sentes mais actriz ou mais modelo? Sentes-te mais apaixonada por uma área do que pela outra?» Vanessa sorri antes de me responder à pergunta. – «Não consigo dizer. É a mesma coisa que dizer se gostas mais de um filho ou de outro… Gosto muito das duas coisas.»
Estamos em frente ao seu roupeiro e um espectro de cor ilumina a nossa conversa. Vanessa troca algumas peças de lugar e continua a responder-me. – «Todas as pessoas diziam “Ah ela é tão alta, tão magrinha. Porque é que ela não é modelo?” Destacava-me sempre das meninas da minha turma. E depois ouvir isto desde criança… entra na cabeça. Até porque eu comecei a trabalhar em televisão aos 13 anos, e aos 13 anos era muito pequenina, não sabia que ia crescer e ter corpo ou cara para moda. Acho que comecei a fazer moda porque as pessoas diziam “Ah ela é tão alta…”. Acho que as pessoas são as culpadas.» A verdade é que Vanessa nunca foi do tipo de ficar no quarto de brincar, de volta das bonecas. – «A minha mãe dizia que tinha tido dois rapazes, que era uma tristeza que tinha tido dois rapazes. Eu só dava dores de cabeça à minha mãe. Eu tenho cicatrizes no meu corpo dessa altura. Eu caía constantemente. Eu só queria era andar com os rapazes. Depois eu acho que o meu gosto pela moda a nível pessoal, sem ser a minha mãe a impingir-me, só chegou lá para os 21 anos quando comecei a ganhar independência financeira. Aí começa-se a comprar imensas coisas. É quantidade e quantidade de coisas… Mas depois chega-se a uma idade em que já não interessa tanto a quantidade, mas a qualidade. Acho que foi também aí que fui criando o meu estilo.»
De certa forma, há ainda um notório rasgo dessa maria-rapaz despreocupada, na forma inocente e animada com que Vanessa fala da sua despretensão por malas ou sapatos. – «Se falarmos de viagens digo-te já. Agora assim de malas é o que me oferecem. Sapatos, eu sou uma miséria em sapatos! Nunca tenho sapatos de jeito. Primeiro, sempre que compro sapatos arrependo-me logo no dia a seguir. Eu gosto de sapatos confortáveis. E depois também acabo por ter as coisas da Mango e por isso não é uma coisa que eu invista ou para a qual junte o meu dinheiro. Isso só em viagens ou na vida social para jantar fora com as minhas amigas. Ao contrário daquilo que as pessoas possam pensar, eu de roupa não compro quase nada. Tenho mesmo a sorte de as marcas me oferecerem. Fora isso, não sou nada de estar a gastar para comprar coisas que já tenho. Prefiro gastar noutros conteúdos a ter uma mala. É claro que não me estou a queixar. Eu agradeço imenso quando me dão. Mas são coisas em que eu já mais gastaria o meu dinheiro.»
Mas ainda que deslocada dessa global característica feminina; o amor eufórico gerado em torno de malas e sapatos – Vanessa – embaixadora da Mango em Portugal há já 4 anos, não esconde o seu agrado pelas regalias que acompanham esse título. – «O lado mais compensador de trabalhar em moda é a quantidade de coisas que nos oferecem e o facto de as marcas quererem trabalhar connosco. Isso é giro. Vermos determinadas marcas e de repente elas querem trabalhar connosco. 90% do meu armário é Mango! Aliás, eu estou de Mango dos pés à cabeça! Acabo por não ter de comprar de outra marca. Se formos a ver, são poucas as peças em que eu acabo por fazer algum investimento. Isso é a uma mais-valia. Poder trabalhar com as marcas e representá-las…» Um prazer que, Vanessa admite, acompanha uma proporcional responsabilidade – «O mais desafiante é representá-las como deve ser.»
Mas não é só no desprendimento por acessórios que Vanessa nos irradia com o seu eterno “vibe” de maria-rapaz-cool. Quando o nome Victoria Secret surgiu a propósito dos cheirosos cremes da marca, que são os de eleição para Vanessa no que à hidratação corporal diz respeito, uma pergunta sobre lingerie foi inevitável. – «Não. Sou super maria-rapaz. Algodão, branco, preto e já está. Confortável é o que interessa.» -Ri-se.
Foi no mesmo tom divertido que me começou a descrever a sua mais recente aventura pelo mundo dos blogs. Com algum chã verde ainda esquecido na mesa da sala de estar e, acompanhadas de um omnipresente bom humor, rumamos ao quarto de Vanessa.
«Já seguias blogs anteriormente?»
«Eu só visitava sites estrangeiros e pensava… Mas o que é que se passa? Será que não há um português? Se calhar ia ao da Stylista, mas não ia todos os dias. Neste momento acabo por ver constantemente sites estrangeiros. Eu quero que a Frederica seja um desses sites. Já que não há nenhum site português desses, vou eu criar um! A Frederica só tem 3 meses e a ideia é chegar ao estrangeiro.»
Um projecto que lidera conjuntamente com a amiga e jornalista Érica Sousa Antunes, conta já com um total aproximado de 13.382 fãs no facebook – um número que, literalmente, cresce ao segundo. Ainda que acompanhada por uma forte equipa de talentos – Irina Chitas (editora), Ivo Lázaro (fotógrafo), Samanta McMurray (parceira do blog Eat Love) e Mariana Ramos Chaves (nutricionista); Vanessa admite que a brincadeira dos blogs, de brincadeira não tem nada. – «Eu fiz este site da Frederica e pensei “Que giro. Agora tenho um passatempo”. Mas não. Acaba por ser um grande desafio. Algo em que eu pensava que iria ter só uma participação, acabou por ser algo em que me tornei a protagonista completa. E dá-me imenso trabalho.»
Mas ainda que Vanessa esteja agora numa fase nova da sua vida, cheia de entusiasmantes e novos projectos, não significa que deixou a representação totalmente esquecida algures no seu passado. – «A vida de artista em Portugal é das mais mal reconhecidas que existe. Também porque 10% do trabalho em Portugal é pouco, 10% do trabalho de um artista nos EUA é enorme. Mas nós somos mesmo pequeninos. E se calhar um artista lá fora faz algo mega e ganha por isso. Cá ganha… Mas não ganha para sobreviver. E é uma profissão completamente insegura. Eu acho que eu não vivo insegura com isso porque tenho sempre outras coisas para fazer. E não é o facto de viver outras situações e experimentar outras profissões, ser empresária, que faz com que não tenha vontade de voltar a representar. Vivo tranquilamente, não vivo à procura, mas porque tenho outras coisas.»
Já no quarto de Vanessa e enquanto Mário Pires lança flashes precisos que captam as poses soltas de uma confiante rapariga, apercebo-me de que tenho à minha frente uma alma aventureira; com sede de descobrir e explorar; romântica; apaixonada pela vida saudável; o exercício físico; determinada; alegre; e cheia de uma contagiante vontade de viver. – É neste momento que pergunto: «Como é que imaginas a tua vida daqui a 10/20 anos?»
Vanessa faz contas mentalmente e com o seu usual sorriso rasgado, responde:
«Com família, numa casa gira, e com o closet para mim e para as minhas filhas. Passaporte mais carimbado… Gosto muito de imaginar o conceito de família. Acho que passa um bocado por aí. A nível profissional… Hmmm sei la! Mas gostava de fazer imensa coisa. De certeza que não vou estar parada. Vou estar a fazer qualquer coisa que goste.»
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