3% | Netflix
Você merece.
Algures no futuro, possivelmente após algum evento apocalíptico, a sociedade está dividida em duas facções. Do “lado de cá”, no continente, reina a pobreza, a criminalidade e a anarquia e todos os dias luta-se pela sobrevivência e pelos escassos recursos. “Do lado de lá”, no chamado “Maralto”, alguns privilegiados vivem na riqueza, com segurança e com acesso a tecnologia “de ponta” em áreas como a medicina. Para “passar para o outro lado”, todos os habitantes precisam de passar pelo Processo. Quando completam 20 anos, são levados para um complexo onde necessitam de passar por um conjunto de provas e testes que têm como objectivo identificar aqueles que merecem juntar-se à comunidade no “Maralto”. Este é o pressuposto de “3%“, a primeira série de ficção brasileira produzida em exclusivo para a Netflix, cuja primeira temporada já se encontra totalmente disponível mundialmente na plataforma de streaming.
‘No fundo, a série questiona a dinâmica da sociedade que impõe constantemente processos de selecção, pelos que todos nós temos que passar, quer gostemos, quer não’, Cesar Charlone.
Mas será esta série apenas uma mera adaptação de “The Hunger Games”? Felizmente que não. Existe muito mais substância que torna esta série bastante única. Quando pela primeira vez ouvi falar de “3%” lembrei-me logo do movimento Ocuppy Wall Street e da ideia que 99% da população suportam a existência de 1% de ricos e corruptos. O mundo distópico apresentado nesta série é uma hipérbole da sociedade onde vivemos, onde a ganância e sobrevivência convivem lado a lado e onde existe sempre alguém que procura lutar contra o estado das coisas para tornar o mundo mais justo. Valores como a solidariedade e a familia têm também um papel fundamental no desenrolar dos acontecimentos.
Do jovem elenco de “3%” é importante realçar o desempenho de Rodolfo Valente no papel de Rafael, provavelmente a personagem mais controversa e interessante de toda a série. O experiente ator João Miguel desempenha o papel de Ezequiel, o responsável máximo pelo Processo e a personagem central e mais importante na primeira temporada da série. “No fundo, a série questiona a dinâmica da sociedade que impõe constantemente processos de selecção, pelos que todos nós temos que passar, quer gostemos, quer não”, disse em comunicado o relizador Cesar Charlone, que dirigiu a longa-metragem “O Banheiro do Papa”, e que trabalhou como director de fotografia ao lado do realizador Fernando Meirelles nos filmes “Cidade de Deus”, “Ensaio sobre a Cegueira” e “O Jardineiro Fiel”. O argumento está a cargo de Pedro Aguilera
A série tem sido recebida pela critica de uma forma muito distinta. No Brasil esperava-se muito mais desta produção. No Estados Unidos e na Europa a opinião é contrária e “3%” foi recebida como uma boa surpresa. Estas diferentes opiniões são facilmente explicadas devido à enorme expectativa depositada nesta série por parte dos brasileiros. É verdade que a produção não está ao nível de outras séries estreadas recentemente na Netflix e que “3%” pode, em determinadas passagens, pecar um pouco ao nível dos diálogos que podiam estar muito mais desenvolvidos e com menos clichês. Dito isto, esta não é uma série a desprezar e primeira temporada tem o mérito de colar-nos ao ecrã.
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