40 horas + 1 Hora de festa em Serralves
A época dos festivais de Verão está oficialmente aberta.
Apesar dos atrasos do último dia e de alguma confusão instalada já no fim do evento, Serralves ofereceu a quem quisesse aparecer uma festa variada, animada e que albergou, durante 40 horas, 70 eventos e gente de todas as idades.
No Domingo, pelas 19h00, o director do Museu de Serralves anunciou que a 3ª edição da Festa de Serralves recebera mais de 40 mil pessoas até aquela altura.
Espalhados por toda a área da Fundação, foi possível assistir a 70 eventos culturais que contemplaram a música, a dança, as artes performativas e visuais, workshops para toda a família, barraquinhas de comes e bebes ou apenas a contemplação de um espaço nobre da cidade do Porto.
De destacar o espectáculo de dança “A Bras le Coprs”, uma coreografia com 15 anos criada e interpretada pelos bailarinos franceses Dimitri Chamblas e Boris Charmatz, apresentada durante os dois dias da Festa. Espectáculo que chamou o público para o palco do auditório do Museu, onde estava uma plateia de algumas cadeiras, dipostas em rectângulo, ladeando os bailarinos, que por diversas vezes apelaram à participação da assistência, tornando-os parte integrante da performance. Os bailarinos, ora em posição de desafio, ora humoristicamente, “roubaram” a assistência, servindo-se dos seus sacos e casacos para dinamizar a coreografia.
Outro dos pontos altos da Festa foi protagonizada pelo colectivo marroquino de Novo Circo “Taoub – Grupo Acrobático de Tanger” que, no início da noite de Sábado encheu a Clareira das Azinheiras de luz e acrobacias divertidas e ousadas.
A abrir a noite no Prado estiveram os portuenses Supernada que após o fogo de artíficio colorido, actuaram perante uma plateia de várias idades, na tenda de circo repleta de gente. Os Supernada são um dos projectos dirigidos por Manuel Cruz, vocalista dos Pluto e ex-Ornatos Violeta. Dotado de uma voz característica e inconfundível, Manuel Cruz protagonizou um espectáculo rigoroso e direitinho de um colectivo rock ainda muito preso aos Pluto e com algumas influências dos Ornatos Violeta, mas mais virado para as sonoridades funk.
Aos portuenses seguiu-se a actuação dos Dirty Sound System que se passearam pelo electro e o techno e remisturas dos LCD Sound System. A movida da festa do Prado vem confirmar, por esta altura, o que já muitos sentiam, a Festa de Serralves inaugurava a próxima época dos Festivais de Verão.
Desde o princípio da tarde de sábado que o relvado do Prado se tinha transformado num local obrigatório para relaxar e aproveitar o sol, com gente indiscriminadamente deitada e sentada, que ia ouvindo a incrível Big Band italiana, Italian Instabile Orchestra. Constituída por 18 músicos da vanguarda “jazzistíca” italiana, esta Big Band dividiu-se durante os dias da festa em várias actuações, ora na forma de quarteto, ora como dueto, imprimindo sempre às suas prestações ritmos quentes e as melhores influências do jazz actual.
A noite já ia alta quando o colectivo de funk carioca Turbo Trio, do Mc Bnegão – ex Planet Hemp – e dos produtores Tejo Damasceno e Alexandre Basa tomaram conta do palco. Os Turbo Trio apostam num Funk carioca interventivo, que rompe com o formato lírico tradicional do género e às batidas do Miami bass e do electro-funk acrescentam um MC de créditos firmados e um imaginário irónico e de protesto.
Pela noite dentro actuou o dj parisiense Pilooski que, num registo pesado e de dança vagueou maioritariamente pelo electro e pelo techno, animando a tenda de circo e área circundante até às 6 da manhã de domingo.
Durante todo o fim-de-semana foi possível assistir a uma série de performances, teatro de rua e animações diversas, que iam surgindo por toda a Fundação de Serralves.
A fechar a Festa de Serralves esteve o grupo “The Tigger Lillies” com Alexander Hacke, num espectáculo de tributo ao escritor HP Lovecraft intitulado “Mountains of Madness”. Esta produção contou com os efeitos visuais da artista Danielle de Piciotto e iluminação de Lutz John. Num concerto de uma hora, os mestres do cabaret avant garde recriaram um imaginário de sonho e fantasia, que juntamente com uma voz presente e carismática do vocalista, nos deram a impressão de estarmos a habitar um conto de fadas. O cenário não poderia ser melhor e o colectivo provou ser um dos melhores apontamentos da 3ª edição da Festa de Serralves.
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