“61 Horas” | Lee Child
Jack Reacher, um durão de corpo inteiro
Jack Reacher, o herói de “61 Horas” e de toda a série literária criada por Lee Child (este é já o 14º livro), é um ex-militar americano, com um feitio de confrontação e um sentido de justiça que o fez ficar com poucos amigos. Viaja pela América de forma peculiar, fazendo lembrar de certa forma o De Niro de “Heat” em versão ainda mais despojada: não tem bagagem, cartão de crédito ou telefone, trabalhando naquilo que vai encontrando pelo caminho, comprando roupas baratas e evitando ter aquilo a que o comum mortal se habituou a chamar de casa.
Reacher tem tudo o que um durão deve ter para cair nas boas graças: é forte, alto e um mestre no combate corpo a corpo. Ao mesmo tempo, possui as qualidades e o faro de um detective privado, descobrindo em pequenos detalhes pistas que levam normalmente a investigação a bom porto.
Em “61 Horas”, Jack Reacher vê o autocarro onde viaja ter um acidente que o deixa entregue ao Inverno do Ártico, numa vilória a braços com um julgamento sobre o tráfico massivo de drogas e um monte de colombianos que tentam, a todo o custo, fazer desaparecer a testemunha principal. Depois da desconfiança inicial, Reacher é convidado por Peterson, a jovem promessa policial local, a juntar-se à investigação como elo mais forte.
Bolton, que poderia ter servido de fundo a uma história imaginada por Agatha Christie, tem uma estranha construção militar de que ninguém conhece os propósitos, e que foi tomada de empréstimo por motards dedicados ao tráfico de metanfetaminas.
O título do livro funciona como um relógio em contagem decrescente. Uma fórmula batida mas que, aqui, resulta na perfeição, nunca revelando o que acontecerá quando o último grão de areia se escoar. Porém, uma coisa parece certa: terá a ver com Plato, um pequeno e sádico mexicano, rei do tráfico de droga e ligado a Bolton de forma bastante obscura. E que terá, em comum com Reacher, mais do que este gostaria de ser possível admitir.
Ao contrário dos livros anteriores, “61 Horas” apresenta um final em aberto, onde só falta estar escrito o clássico remate “to be continued”. Porém, não será difícil adivinhar que terá no elenco Susan Turner, que ajudou Reacher telefonicamente numa conversa onde o erotismo foi ganhando forma. E que, tendo de escolher entre o protocolo e a lenda, escolheu a lenda. Bom para ela.
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