“A Bela Adormecida Assassina” de Mary Higgins Clark e Alafair Burke
Quando o mundo inteiro te considera culpada
Neste novo livro, de Mary Higgins Clark e Alafair Burke, A Bela Adormecida Assassina (Bertrand, 2018), a produtora Laurie Moran está de volta com mais um caso antigo para o seu programa Sob Suspeita.
Um novo caso, um novo mistério, um novo desafio.
Este livro, é mais focado no caso em si, do que propriamente no relacionamento entre os parceiros Laurie e Alex, em oposição aos livros anteriores.
A ausência de Alex na vida de Laurie é notória; as raras aparições do mesmo ao longo da narrativa, são normalmente conectadas ao caso e só servem para demonstrar como a relação entre os dois esfriou. Isso, leva a que a tomada de decisão de Laurie, pareça mais um capricho que um ato de amor, e leva a que o final do livro seja algo confuso.
O programa Sob Suspeita, onde ambos trabalham, visa reabrir casos antigos, de forma a clarificar o que realmente ocorreu, como tal, devem rever depoimentos e pressionar testemunhas, o que irá inquietar muita gente e desenterrar esqueletos nos armários.
Porém, desta vez, Laurie não estará acompanhada por Alex, advogado, colega de profissão e possível interesse amoroso, que no entretanto saiu do programa para lhe dar “espaço”, mas por Ryan Nichols, o que irá desencadear uma série de sentimentos e esclarecimentos a nível pessoal e não só.
-Em relação à primeira acusação, de homicídio em primeiro grau, o júri considera a ré… (…) – Inocente. (…)
Casey levou as mãos ao rosto. Tinha acabado. (…)
Porém, foi então que se lembrou de que ainda não tinha acabado. (…)
– Em relação à acusação alternativa de homicídio involuntário, o júri considera a ré culpada.
Quando Casey Carter, a intitulada pelos cabeçalhos dos jornais como A Bela Adormecida Assassina, sai da cadeia após 15 anos encarcerada, a sua vida e a de Laurie vão interligar-se.
Casey, acabada de sair, vê-se encurralada. Ninguém acredita na sua inocência, é perseguida, ofendida, não consegue trabalho e mal pode colocar um pé na rua.
Acusada de ter assassinado o seu noivo, o filantropo Hunter Raleigh, viu a sua vida mudar abruptamente, quando após regressarem a casa, após uma festa, Casey ‘apaga’ e um intruso mata o noivo a tiro, culpando-a a ela do ocorrido.
Desesperada, e como último recurso, dirige-se à sede do programa Sob Suspeita.
É então que Laurie, apesar das suas suspeitas iniciais acerca de Casey, decide seguir o seu instinto, colocando tudo em risco, para ajudar uma mulher que crê inocente.
Porém, o seu novo parceiro não partilha da sua opinião, e considera Casey irrevogavelmente culpada, tentando para tal, impedir Laurie de aceitar e expor o caso.
Com a opinião pública e Ryan contra si e o seu instinto, a tarefa de esclarecer o assassinato de Hunter torna-se cada vez mais difícil.
As publicações de RIP_Hunter, a informação privilegiada de Mindy Sampson, a descrição de Alex. Algures, nos seus sonhos, tudo aquilo parecia relacionar-se.
Para complicar tudo, uma blogger despiedada, Mindy Sampson, usa um blog de mexericos e dados que lhe são fornecidos por um inesperado informante, para denegrir cada vez mais a reputação de Casey, tentando demonstrar a sua culpabilidade ao extremo, manipulando a opinião dos leitores.
Perante tantas informações conflituosas, a sua certeza sobre a inocência de Casey, vê-se abalada, mas eis que surgem, entretanto, novos detalhes que lhe saltam à vista, e a fazem repensar a situação.
Laurie ainda não sabia quem tinha matado Hunter Raleigh ou se Casey Carter era inocente. Mas começava a juntar algumas peças do puzzle. Se estivesse certa, Casey nunca tivera a hipótese de ser alvo de um julgamento justo.
Será Casey realmente inocente ou será esta uma elaborada mentira?
Adorava a sensação que acompanhava o seu conhecimento de que estava prestes a começar a contar uma história, não só com palavras, mas também com imagens, pausas dramáticas e efeitos sonoros. Independentemente daquilo que viesse a acontecer, ela sabia que ia produzir um programa de alta qualidade. E, com um pouco de sorte, eram capazes de conseguir que se fizesse alguma justiça.
A Bela Adormecida Assassina, de Mary Higgins Clark e Alafair Burke, é um thriller, quizás à primeira vista, previsível, mas a incerteza leva o leitor a seguir um enredo elaborado, e os meandros de uma relação amorosa. Repleto de voltas e reviravoltas, oferece um desfecho satisfatório para os amantes do género.
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