“A Beleza e a Dor da Guerra” | Peter Englund
O lado humano da guerra
Aproximei-me de “A Beleza e a Dor da Guerra – História Íntima da Primeira Guerra Mundial” (Bertrand Editora, 2014) com alguma curiosidade e uma boa dose de ideias pré-concebidas. Afinal de contas, não é surpreendente que, no ano que marca o centenário do início da I Guerra Mundial, me chegue às mãos um livro sobre a mesma.
Ao contrário do que seria de esperar num livro dedicado a um evento histórico, os factos não são carne e osso deste livro. Estão presentes, claro, mas na construção da timeline que constitui o esqueleto condutor deste trabalho, organizado cronologicamente e dividido em partes que correspondem, cada uma, a um dos quatro anos da guerra.
Neste livro, assente em relatos, testemunhos e documentos, Peter Englund relata as histórias verídicas (“pois o livro não contém nada inventado”, garante o autor) de dezanove indivíduos de nacionalidades, estratos sociais, idades e géneros diferentes, que viveram sob a nuvem da 1ª Grande Guerra. Soldados e políticos, enfermeiras ou estudantes, como Elfriede Kuhr, com quem começamos e terminamos esta narrativa.
Entramos no ambiente mental de cada um para perceber como a guerra existe de forma autónoma, ultrapassando o histórico episódio em Sarajevo que, para todos os efeitos, marca o início deste macro confronto, mas que se perde no horizonte quando a guerra passa a existir por si mesma.
Somos ensinados sobre como foi a guerra. Não numa perspectiva estratégica ou estatística, mas numa óptica pessoal, que nos mostra como estas pessoas viveram a guerra, como a pensaram e como ela influenciou o quotidiano de cada um, dentro ou fora dos campos de batalha.
O leitor que gostar de História (nomeadamente da 1ª Grande Guerra) vai gostar deste livro. O leitor que gostar de pessoas, da formiga humana enquanto agente de grandes momentos, vai gostar ainda mais.
There are no comments
Add yoursTem de iniciar a sessão para publicar um comentário.
Artigos Relacionados