“A Espada Ajuramentada” | George R. R. Martin
Nem só na televisão se matam as saudades de "A Guerra dos Tronos"
Quem se diz amante da literatura fantástica ou do faz-de-conta, não conhecer a saga “A Guerra dos Tronos” é assim como um amante da música pop confessar nunca ter ouvido falar dos Abba ou dos Beatles. Muito perto do sacrilégio, portanto.
Criadas por George R. R. Martin, as “Crónicas do Gelo e do Fogo” – sub-título escolhido para a saga – são a melhor coisa que aconteceu ao género desde que o mestre Tolkien nos ofereceu esse incalculável tesouro que dá pelo nome de “O Senhor dos Anéis”.
Apesar de conservar muito do espírito que atravessa os livros de Tolkien, “A Guerra dos Tronos” tem algumas características bem próprias, como por exemplo se parecer com algo que poderíamos designar por telenovela para intelectuais, tal não são as intrigas, os rumores e os jogos de bastidores que nela decorrerem. Porém, o que distingue “A Guerra dos Tronos” de outras sagas fantasiosas é, sem dúvida, o facto de todas as personagens parecerem estar no livro a prazo, já que muitos daqueles que aos nossos olhos surgem como heróis imortais desaparecem, por vezes, sem dó nem piedade; ou, num nível paralelo, a mutabilidade que os personagens vão sofrendo ao longo da saga, aparecendo aos nossos olhos entre o ódio e a adoração.
A saga irá corresponder a sete livros no original, o que por cá deverá dar qualquer coisa como quatorze. Até ao momento estão publicados dez livros pela Saída de Emergência, o que quer dizer que estamos em pé de igualdade com todos os leitores do planeta, partilhando da ansiedade pela chegada dos dois últimos títulos. Que, dizem os rumores, terão cerca de 1500 páginas cada um (no original). Porém, enquanto não se retomam “As Crónicas do Gelo e do Fogo”, a Saída de Emergência oferece-nos um bilhete de ida até Westeros, o continente mágico onde se desenrola a saga de George R. R. Martin, até cem anos antes de tudo ter começado, para escutarmos as Histórias de Dunk e Egg. E tudo aos quadradinhos, já que estamos a falar numa edição em modo comics, onde tanto o traço como as cores ilustram bem o imaginário desta era de cavaleiros, dragões e muralhas.
Em “O Cavaleiro de Westeros” havíamos sido apresentados a Dunk, um jovem escudeiro sedento de fama e glória que havia decidido participar num dos mais famosos torneios de Westeros. Apesar das coisas não terem corrido muito bem, quis o destino colocá-lo no caminho de Egg, um misterioso rapaz que lhe transformou por completo a vida.
Agora, em “A Espada Ajuramentada”, a história é retomada dois anos após o malogrado torneio. Sor Dunk e Egg regressam ao feudo de Sor Eustace, um cavaleiro aposentado que já conheceu melhores dias. Ao descobrir que a origem da seca que assola o território de Sor Eustace tem o dedo da Senhora Rohane, mais conhecida por Viúva Vermelha, Dunk e Egg envolvem-se numa perigosa aventura, que tem tudo para provocar o derrame de sangue entre os dois lados do ribeiro, aparentemente inconciliáveis.
“A Espada Ajuramentada” traça todo um paralelismo com o universo de “A Guerra dos Tronos”: há lutas por territórios, cavaleiros cuja glória apenas sobrevive na memória de poucos, mulheres que deixam atrás delas um rasto de maridos e irmãos falecidos, amores desencontrados.
Com adaptação de Ben Avery e arte de Mike S. Miller, “A Espada Ajuramentada” tem tudo para agradar aos fãs do universo de “A Guerra dos Tronos” e, também, para agremiar novos admiradores para a causa. A partir de agora, nem só na televisão podemos ir matando as saudades. Dunk e Egg estão aí para nos conduzir através do belo e perigoso continente de Westeros…
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