“A Fraude de Ícaro” | Seth Godin
Mais vale queimar as asas ao sol do que cair desamparado nas frias águas do oceano
Seth Godin é autor, conferencista, blogger e uma das grandes figuras modernas nas áreas do marketing, criatividade e inovação, aliando um estilo provocador – e um humor por vezes corrosivo – a uma forma cativante de fazer agir.
Autor de livros como “A Vaca Púrpura” – o maior best-seller de marketing da sua década – ou “Unleashing the Ideavirus” – o primeiro e-book de sempre a atingir mais de um milhão de downloads -, Seth Godin parte agora de um dos grandes mitos da Antiguidade para desenvolver uma das suas máximas: não há nada mais perigoso do que jogar pelo seguro.
Em “A Fraude de Ícaro” (Gestão Plus, 2013), Seth Godin diz-nos que não nos têm andado a contar a história de Ícaro como deve ser. A parte de Ícaro ter desobedecido ao pai, ignorando o conselho de não voar demasiado perto do sol, é verdadeira. Como também o é o seu final trágico: Ícaro aproximou-se do sol, a cera que prendia as asas derreteu, perdeu as asas, caiu no mar e morreu. A parte que Seth Godin diz ter sido omissa é o outro conselho que o pai tinha dado a Ícaro: o de não voar também demasiado perto do mar, porque a água estragaria a sustentação das asas. O que serve para Godin avançar com a tese de que, ao longo dos tempos, a sociedade nos tem feito acreditar que é preferível viver na ilusão da mediocridade do que explorar o nosso potencial até ao limite, como medo de enfrentar os riscos e vendo a ambição como um grande defeito.
“A Fraude de Ícaro” lê-se como um discurso motivacional, onde que Seth Godin defende que é necessário sairmos da zona de segurança para nos dedicarmos a fazer arte: algo que seja novo, real e importante. Para o autor, as novas artes de palco são agora outras: o empreendedorismo, o apoio ao cliente, a invenção, a tecnologia, a ligação e a liderança. A economia industrial é hoje em dia um sinónimo de escassez, pelo que a aposta deve recair numa economia de ligação, que aceite a abundância através daquilo que realmente importa: a confiança, a permissão, a singularidade, histórias que se espalhem e muita humanidade.
Para além de um discurso motivacional que pode impelir ao empreendedorismo ou levar à depressão, “A Fraude de Ícaro” apresenta histórias reais de 14 artistas verdadeiros e o abecedário do artista, uma guia prático para quem se decida atirar à arte. No final, não podemos deixar de concordar: mais vale queimar as asas ao sol do que cair desamparado nas frias águas do oceano. Haja coragem para sair da gaiola.
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