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“A Viúva” de Fiona Barton

Segredos e mentiras

Com décadas de experiencia enquanto jornalista no Daily Mail, Daily Telegraph e The Mail on Sunday, a britânica Fiona Barton acompanhou inúmeros casos de polícia e entre eles aqueles que mais a fascinavam, pela sua complexidade e sentimento de descontrolo humano, estavam os crimes de sangue.

Hoje, afastada do jornalismo ativo, e a viver em França desde 2009, dá formação a jornalistas africanos e asiáticos, via internet, e tem na literatura a sua nova grande paixão.

O primeiro fruto desse amor chama-se “A Viúva” (Planeta, 2016), um thriller psicológico que traz a palco uma visão multidimensional de um crime horrível que coloca no papel de narradores a viúva (Jean Taylor), a jornalista (Kate Waters), a mãe (Dawn Elliot) e o detetive (Bob Sparkles).

a viúva - fiona barton

A narrativa, repleta de flashbacks e assertivas contextualizações, mergulha o leitor no desaparecimento de Bella, uma menina que foi vista pela última vez em casa de sua mãe e cujo paradeiro é incerto.

Apontado como principal suspeito, e culpado, está Glen Taylor, o bom marido da submissa cabeleireira Jean. Os jornais chamam-lhe um monstro capaz do mais hediondo dos crimes mas as provas tardam em chegar pois os anos passam e Bella continua desaparecida e o acusado mantém provas da sua inocência.

Mas, entretanto, Glen morre, vítima de acidente. Jean continua agarrada à inocência do seu príncipe encantado mas Kate e Bob não desistem. Mais que uma corrida pela verdade, luta-se pela própria sanidade, pela elevação da verdade e por um caso que pode abalar a vida de todos os seus intervenientes.

Com uma dinâmica que agarra o leitor logo desde as primeiras páginas, “A Viúva” relata-nos todos os lados de uma investigação que espalha sofrimento e dúvida, assim como o crescimento dos protagonistas enquanto peças fundamentais de toda a história.

Através de uma narrativa acessível e muito bem estruturada, Barton revela o lado escondido de um casamento entre um manipulador e uma mulher que se deixa esmagar pela presença do marido, explorando a papel da mulher dentro das próprias relações, mostra a obsessão de um polícia que vê a verdade escapar-lhe a cada movimento e expõe uma jornalista que quer uma história que venda, a qualquer preço.

As pistas surgem a cada capítulo e as dúvidas quanto ao que terá acontecido fazem com que o leitor mantenha um constante estado de alerta e não tome nada como garantido.

Num jogo circular entre a perfidez do poder que cresce dentro das relações humanas, o envenenado anonimato da Internet e as táticas jornalistas para conseguir a tão desejada “cacha”, a obra de estreia de Fiona Barton tem tudo para se tornar num dos maiores êxitos deste ano no que aos thrillers diz respeito.



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