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alkantara festival 2010

Nos palcos a partir de 21 de Maio. Artistas de todo o mundo, numa festa que promete não só dança e performance, mas também dar ao espectador a reinterpretação de uma sociedade em constante mudança.

Num ano em que se viu uma oferta cultural relacionada com o paranormal e com o fantástico – dá-se o exemplo do retorno da saga dos vampiros e do introdução da tecnologia 3D nas salas de cinemas em filmes do fantástico – o alkantara festival tem em si o singelo e humilde objectivo de surpreender o espectador com o real. Parece simples? Talvez não.

Trazendo atrás de si artistas de quase todas as partes do mundo, como a Nova Zelândia, a Argentina, Estados Unidos, Japão, Brasil e passando pelo Canadá e por muitos países da velha Europa, o alkantara quer mostrar aos portugueses que a vida real pode ser documentada e reinterpretada através da dança e do espectáculo. O próprio nome do festival, que em árabe significa “a ponte”, traduz afinal o alicerce do evento, a ligação entre culturas e gentes, mostrando, interrogando e dialogando vivências.

O que conhecemos hoje como festival alkantara surgiu em 1993 como plataforma de dança, “Danças na Cidade”. Desenvolveu um intenso trabalho na divulgação e promoção da dança contemporânea nacional e internacional até 2005, quando redireccionou o seu âmbito para a exposição internacional, sempre no campo das artes performativas. Fruto desta mudança é o alkantara festival, referência internacional no mundo da dança e que vai este ano para a sua terceira edição e animar Lisboa e o Porto.

Novidades

Para 2010, o alkantara festival reserva-nos algumas surpresas, entre elas a primeira edição com novo director, Thomas Walgrave. Nascido em Antuérpia, foi o fundador da companhia flamenga Tg Stan, vive desde 2005 em solo português e é o sucessor de Mark Deputter na direcção do alkantara.

A extensão do alkantara para a cidade do Porto é outra das grandes apostas deste ano, que irá decorrer simultaneamente com a edição lisboeta entre os dias 21 e 27 de Maio no Teatro Nacional de São João (TNSJ) e no Teatro Carlos Alberto.

“Tivemos um convite do Teatro São João para apresentar lá uma extensão do festival, o que é muito positivo, mas o alkantara vai continuar a estar ligado a Lisboa, a cidade que lhe serve de base”, destacou Thomas Walgrave à agência Lusa.

Os espectadores portuenses poderão assistir, entre outros espectáculos, à estreia do “vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos” de Vera Mantero, no TNSJ e ao “como rebolar alegremente sobre um vazio Exterior”, de André Guedes e Miguel Loureiro, no Teatro Carlos Alberto.

Em Lisboa também há novos espaços que aderiram ao alkantara festival. O Teatro Nacional D. Maria II e o Museu Colecção Berardo irão, pela primeira vez, acolher espectáculos do alkantara festival, que promete desta forma animar Lisboa durante 20 dias.

Quanto às novidades especiais para esta edição do alkantara, a Rua de Baixo destaca duas: o projecto on-line Auto-Radio alkantara e a “The cold turkey sessions”.

“Se o festival alkantara é a ponte, nós somos a rádio por debaixo da ponte”, destaca Maria João Guardão, da associação Prado, responsável pela iniciativa que ao longo de três semanas irá dar aos ouvintes programação non-stop relacionado com arte e com o alkantara festival. Este será um espaço onde “espectador, ouvinte e criador se possam encontrar, ainda que virtualmente, para descobrir e revelar segredos, pesquisas e temáticas de cada espectáculo em cartaz.”

“The cold turkey sessions” são não mais do que as sessões de ressaca do alkantara festival. Quatro fins de tarde onde espectadores e artistas são convidados a reflectir sobre o percurso do evento e o que restará depois.

20 dias de performance

Apesar do festival pela primeira vez se estender para fora de Lisboa, a maioria dos espectáculos irá decorrer na capital portuguesa, tal como nas outras duas edições.

20 dias de performances, instalações, projecções, festas e diálogos entre público e artistas que irão oscilar entre o espaço alkantara, na Rua Marquês de Abrantes em Santos, e o Centro Cultural de Belém, o Teatro Municipal São Luiz, a Culturgest, o D. Maria II, Museu Berardo e outros locais lisboetas.

Neste programa vasto, que pode ser consultado no site oficial, a Rua de Baixo também gosta de dar a sua opinião e escolheu quatro espectáculos para integrar a categoria do “a não perder”.

A inaugurar o festival a 21 de Maio  no São Luiz, em Lisboa, está o “Radio Muezzin”, de Stefan Kaegi. Este espectáculo em árabe e legendado em português e inglês, conta a história de quatro muezins do Cairo, os encarregados de chamar os fiéis para a oração nas mesquitas.

A evolução desta tradição até à integração de um sistema de rádio interno que irá substituir todos estes muezins por um só é retratada em palco através de palavras, vídeos e performance.

Já no Porto e no primeiro dia do festival é a Vera Mantero que cabe o papel de abrir as hostes. Com o “vamos sentir a falta de tudo aquilo de que não precisamos”, o TNSJ e Portugal irão receber pela primeira vez este espectáculo. Com interpretação de Christophe Ives, Marcela Levi, Miguel Pereira e Vera Mantero.

“Moscow”, do colectivo belga Berlin, estará presente entre o dia 23 e o dia 26 de Maio no Terreiro das Missas em Belém. Este espectáculo em russo e inglês, é a quarta parte do ciclo “Holocene”, performances sobre cidades. Aqui, questiona-se Moscovo e a sua realidade. Onde o número de bilionários é dos mais elevados a nível mundial e onde a cidade é retrato da vida dos extremos. A não perder!

Com estreia mundial no Teatro Meridional em Lisboa está “Answer me”, de Dood Paard e introduzida em Portugal pela companhia tg STAN e pelos Artistas Unidos. Com interpretação, entre outros, de Gonçalo Waddington e Luz da Câmara, este espectáculo introduz e questiona a essência humana. Uma co-produção do alkantara festival, do festival Baltoscandal (Estónia), do Rotterdamse Schouwburg (Países Baixos), Entré Scenen (Dinamarca) e do Baltic Circle Festival (Finlândia).

A dança e a performance no alkantara festival não se ficam apenas pelo palco

Mas há mais. Entre 32 espectáculos, ainda há espaço para actividades paralelas.

A Rua de Baixo destaca o lançamento do livro-dvd sobre o “Nu Kre Bai Na Bu Onda”, um projecto artístico do alkantara no Bairro do Alto da Cova da Moura.

A dança e a performance no alkantara festival não se ficam apenas pelo palco. A revista Obscena traz a festa no dia 29 de Maio ao espaço alkantara, em Santos e no dia 9 de Junho é a vez da festa de encerramento do próprio festival no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz.

O alkantara festival promete surpreender e agradar o público. Não se trata apenas de dança, de performance ou de arte. O alkantara é uma oportunidade para viajar o mundo, as culturas e as suas estórias.



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