André Henriques @ Teatro Maria Matos (15.11.2023)
Texto por Álvaro Graça e fotografia por Andreia Carvalho.
André Henriques voltou à cidade para ecoar o seu segundo registo a solo, cultivado e amadurecido em terra mais fértil, fazendo-se ao palco do Teatro Maria Matos na companhia de João Abelaira (teclados) e Miguel Abelaira (bateria). A ilustrar as novas canções estiveram fotografias captadas pelo seu pai (que também podem ser admirados no vídeo do mais recente single «Espanto»), numa tela montada ao seu lado, como se um quarto membro se tratasse.
E assim se foram naturalmente abrindo as janelas de “Leveza”, disco inspirado na mudança para o campo por parte do seu autor, valendo como uma autêntica visita guiada aos novos cenários onde agora habita, permitindo-nos respirar um lote de composições mais aprofundado.
«Os Fantasmas de Amanhã» e «Pais E Mães E Bichos» formaram um magnífico tandem, sendo bem demonstrativas da evolução da sonoridade de André Henriques, com um ambiente mais envolvente e complexo que as canções de “Cajarana”, mais centradas na guitarra acústica.
Porém, mesmo nos trechos em que as teclas e bateria enveredam por caminhos mais elaborados, os acompanhamentos nunca perdem a sobriedade, mantendo sempre uma saudável simplicidade das canções, mantendo o sentimento como o seu ingrediente primordial.
Para além dos músicos supracitados, foram participando em temas específicos outros elementos que também entraram na feitura do álbum, como Anna Grabner, que com os seus rasgos vocais etéreos adicionou outra nova camada ao cancioneiro de André Henriques, ou Adriano Dias Pereira, pintando as paisagens das canções com o seu clarinete sempre adequado.
E, numa ocasião tão especial, com pais e tantos amigos na plateia, André Henriques não susteve a emoção no tema-título do segundo disco, ficando a certo ponto com a voz demasiado embargada para a entoar, num momento que tornou o concerto (ainda) mais único e bonito.
É caso para dizer que realmente apareceram os fantasmas do segundo disco (interpretado quase na íntegra), mas tomando a forma de espíritos que emanam tamanha beleza e leveza que lhes damos amistosamente as boas-vindas. Nada mau para quem ao fim de duas décadas de composição diz nunca ter encontrado a receita ideal para as escrever. Talvez resida aí o segredo. O que é certo é que André Henriques continua a derrubar o muro da folha em branco, nem que seja pela inesperada mão de um empreiteiro salvador.
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Alinhamento:
– Engaço
– As Janelas São De Abrir
– O Mal Que Lhe Pertence
– Abriu Em Queda
– Uma Casa Na Praia
– Os Fantasmas De Amanhã
– Pais E Mães E Bichos
– Ela Deu Maçãs
– As Melhores Canções De Amor
– O Muro
– Espanto
– Milagre Na Óptica Do Utilizador
– Leveza
(encore)
– E De Repente
– Falava Em Línguas
– De Tudo O Que Fugi
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