antónio_vale_concei_2022

António Vale da Conceição | Entrevista

António Vale da Conceição acaba de lançar “At Your Service Ma’am”, disponível nas principais plataformas digitais. Um EP que tem o amor como fio condutor nas “suas várias dimensões”. Aproveitámos por isso a ocasião para falar sobre o seu percurso até aqui.

Rua de Baixo – António Vale da Conceição podia ser sinónimo de multifacetado, músico, produtor e compositor. Queres falar um pouco do teu percurso?
António Vale da Conceição – Oh, obrigado. Bom, tudo começou em Portugal. Estudei Som e Imagem no Porto onde fiz parte de algumas bandas e por fim, antes de regressar para Macau, comecei a tocar sozinho e a fazer músicas para anúncios. Quando voltei para Macau conheci o Beto e Fred Ritchie e juntei ao Turtle Giant em 2011 ou 2012. Foi nessa altura que também comecei a produzir para cinema e para televisão, com realizadores de Macau e na Ásia. Os Turtle Giant começavam também a incluir o seu nome em séries Norte-Americanas. E conjugou-se tudo com tours pelo EUA e na Ásia. Depois em 2017 fui convidado a realizar e a compor para o documentário Beyond the Spreadsheet: The story of TM1, a história de vida de Manny Perez, que estreou em 2021. E felizmente, as coisas têm-se mantido nesse registo.

RDB – A banda que integravas em Macau, os Turle Giant, conseguiu uma boa projeção, com a canção «Georgie» e «Orange Grape» a serem incluídas na série e Super Girl e Chicago Fire, respectivamente. De que forma é que isso se refletiu na carreira da banda?
AVdC – Criou maior tracção e acabou por levar o nome da banda a novos mercados. Mercados esses que expuseram o nosso trabalho através da TV e do Streaming o que sempre nos deixou muito lisonjeados.

RDB – Entretanto regressas a Portugal. Foi algo planeado ou mais fruto das circunstâncias?
AVdC – Foi um pouco de ambos. As circunstâncias ajudaram a um plano que estava sempre nas traseiras do pensamento. Aconteceu que era necessário a minha presença na Europa por causa de trabalho e Portugal era só natural destino, uma vez que tenho família cá.

RDB – Em 2021 editaste um álbum chamado, “Four Hands Piano”, onde podemos encontrar peças ao piano, resultantes de composições que haviam sido criadas para bandas sonoras de filmes, mas que não chegaram a ser utilizadas. É incrível a forma como os temas parece que se encaixam uns nos outros, ainda para mais podendo cada um, um ponto de partida completamente distinto. Foi fácil conseguir isto?
AVdC – Obrigado. Não sei. (Risos) Não te sei responder. Mas é muito bonito receber essa pergunta. Muito obrigado. As músicas são de facto de projectos diferentes e o que partilham é a composição em piano para 4 mãos. Outras têm arranjos em cordas e vozes mas, admito, acho que procurei manter sempre tudo muito elemental, sem enorme produção. Na altura queria muito trazer o disco cá para fora, tinha urgência porque tinha medo de perder estes trabalhos e que nunca vissem a luz do dia.

RDB – O que te dá mais prazer, compor para uma banda sonora ou dar criar uma canção tua?
AvdC – Acho que quando estou a fazer uma começo imediatamente a querer a fazer a outra. E portanto vou fazendo das pausas de uma tarefa o início de outra que na altura certa se tornará a tarefa central.

RDB – E eis que chegamos a «Remedy», a primeira amostra para o EP, “At Your Service, Ma’am”, que editas a 3 de Junho.  A canção tem uma aura intemporal. Tem um toque clássico, mas ao mesmo tempo, é fresca. Queres falar um pouco sobre ela?
AVdC – É uma das minhas canções preferidas do EP, também. Foi gravada muito rapidamente, num só dia. Desde a ideia aos arranjos finais foram mais ou menos 10 horas. E surgiu numa altura em que queria escrever um espiritual, um tema galvanizante, em que sentisse que estava com muita gente na sala. Então foi o que fiz, “mascarei-me” e cantei com diferentes vozes os coros que respondiam ao “gospel” da voz principal. Queria que ouvíssemos pessoas diferentes, que ouvíssemos mais cores

RDB – Os restantes temas do EP alinham um pouco pelo mesmo diapasão. Não há canção que não nos ponha, no mínimo, a bater o pé e o amor é sempre o fio condutor. Porquê? AVdC – Era o brief, hahahaha. Não sei exactamente porquê mas a vontade era essa, era fazer canções que convidassem os pés a mexer e as pessoas a conversar, contar histórias, fazer história. E sim, o amor é fio condutor, espero eu que nas suas variadas dimensões.

RDB – A componente visual também desempenha um papel importante no teu trabalho. Um bom exemplo disso é, por exemplo, a capa do EP, que invoca posters de filmes de outros tempos. Se pudesses fazer um filme ou uma curta-metragem baseada nas canções de “At Your Service, Ma’am”, como achas que seria? 
AVdC – Seria algo sempre diferente. Gostava de ter um filme de comédia, de espiões, de espíritos e o sobrenatural, mas como disse, com a invocação do cinema de outros tempos e de outros lugares (fora da Europa e EUA). Aliás, o Love is the Storm é um desses exemplos. Tive a felicidade de colaborar com André Melo, realizador do Porto, neste vídeo-clip que é um misto entre curta-metragem e vídeo-clip. A uma estilo que foge aos tempos passados mas que nos devolve outros elementos pertencentes ao passado. Convido-vos a vê-lo no YouTube.

RDB – Há planos para mostrar estas canções ao vivo?
AVdC – Há planeado uma apresentação via streaming para meados de Julho. E para o final do ano haverá mais algo a ser planeado também.



There are no comments

Add yours

Pin It on Pinterest

Share This