Nos últimos dias de julho entrevistámos Rodrigo Francisco. O director do Festival de Teatro de Almada deu a vez ao autor e encenador de “Um gajo não é a mesma coisa” para uma conversa onde o teatro e a guerra colonial se misturaram.
Tendo como pretexto a Viagem a Portugal de José Saramago, e partindo de umas peças de lego e de umas fotos encontradas no lixo, o Teatro do Vestido constrói um objecto de uma extrema sensibilidade teatral, usando uma linguagem poética onde ressoam Sophia, José Mário Branco e o próprio Saramago.
Luís Vicente, actor, encenador e director da Acta- Companhaia de Teatro do Algarve, é o protagonista de “Um gajo nunca mais é a mesma coisa”, o texto de Rodrigo Francisco.
“Corpo suspenso”, de Rita Neves, sendo mais um passo nesse chão novo sobre a nossa experiência colonial que a arte, o pensamento e o jornalismo começaram a desbravar, dá-lhe um pouco mais carne, quase que o corpo traumatizado do pai passa para o corpo da filha, a actriz.
“Um gajo nunca mais é a mesma coisa”, texto escrito por Rodrigo Francisco, dedicou-se à complexidade da vida dos homens que foram obrigados a casar com a guerra até que a morte os separe.
Terminou no domingo o Festival de Almada, uma maratona de vinte e quatro dias e vinte e um espectáculos, fora os actos complementares, quinze conversas, quatro colóquios, uma exposição que a Rua de Baixo acompanhou de perto. Para o ano, por escolha do público, regressa o Quem matou o meu pai?, a partir do texto de Edouard Louis, encenado por Ivo Van Hove e protagonizado por Hans Kesting.
Da segunda semana do Festival de Teatro de Almada, além da conclusão de O Sentido dos Mestres com Josef Nadj, destacamos quatro espectáculos, aos pares: Corpo Suspenso e Um Gajo nunca mais é a mesma coisa, dramaturgia portuguesa actualíssima, onde o trauma da guerra espoleta o drama, e Omma e o Canto do Cisne, a vida dançável como lugar máximo do pensamento.
Terminou a primeira semana do Festival de Teatro de Almada, numa edição que tudo tem feito para trazer o teatro a estes tempos tão difíceis: nos palcos a tragédia, tanto a clássica como a contemporânea, o drama e a comédia. Fora dos palcos destaque para uma exposição sobre os cinquenta anos, o primeiro colóquio sobre o percurso da companhia e as conversas ao fim do dia.
“Cenas da vida conjugal”, com Ivo Canelas e Katrin Kaasa, dirigidos por Rita Calçada Bastos, espectáculo que veio substituir “Tierra de Sud”, pandemia dixit, é um objecto teatral surpreendente, poderoso, envolvente, que traz uma nova abordagem ao caldeirão temático deste festival: a verdade e a mentira nas relações no casamento.
Vinte e um espectáculos serão apresentados entre 2 a 25 de Julho, numa rede de espaços que integra, em Almada o Teatro Municipal Joaquim Benite (Sala Principal e Experimental), o Auditório Fernando Lopes Graça do Fórum Municipal Romeu Correia, o Salão de Festas da Incrivel Almadense, o Auditório Osvaldo Azinheira no Cine-Teatro Academia Almadense e o Teatro-Estúdio António Assunção. Em Lisboa o Festival estará no TNDM II e o CCB.
“Hipólito”, de Eurípedes, que abriu o 38º Festival de Teatro de Almada, criado a partir de um texto com mais de dois mil e quinhentos anos, parece intensificar o desdobramento da abordagem do feminino que é realizado em diferentes espetáculos apresentados no festival.