“As mulheres casadas não falam de amor” | Melanie Gideon
Flirtar no facebook deu um livro (que se lê como uma peça de teatro)
Já se sabe que esta coisa dos mundos virtuais tem muito que se lhe diga, sobretudo no que diz respeito à construção de um ideal de carne, osso e massa cinzenta que se esconde detrás de um teclado bem falante. “As mulheres casadas não falam de amor” (Suma de Letras, 2013), de Melanie Gideon, é um romance facebookiano com um toque a revista cor-de-rosa, que se lê como uma peça de teatro acessível através de uma rede sem fios.
Alice, professora de teatro em regime de part-time, está casada com William, um publicitário que se encontra numa curva descendente; vivem um casamento de duas décadas que entrou, há muito, em piloto automático: a intimidade é praticamente nula, a rotina instalou-se – até mesmo na cozinha – e tudo parece girar apenas em função dos filhos. Até ao dia em que, ao passear pela sua caixa de correio electrónico, Alice recebe um convite para preencher um questionário anónimo sobre amor e casamento no século XXI, em troca de algum dinheiro. Por detrás do pseudónimo de Mulher 22, Alice faz um balanço da sua vida durante as últimas duas décadas, recordando a pessoa que foi e censurando, de certa forma, aquela em que se tornou. Ao mesmo tempo que vive num estado de introspecção, Alice começa a sentir uma atracção irresistível pelo Investigador 101, querendo que entre o mundo virtual e a realidade deixem de haver fronteiras.
Entre um guião para teatro e um caderno de transcrições facebookianas, “As mulheres casadas não falam de amor” fala-nos de forma despojada dessa instituição chamada casamento, reflectindo sobre a intimidade na era digital. Na sua primeira aventura literária de grande formato, Melanie Gideon escreveu um romance cor-de-rosa com direito a twist.
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