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“Até que o fim do mundo nos separe”

O que farias se o mundo estivesse prestes a acabar?

O asteróide Matilda está a semanas de colidir com a Terra. Quando um homem se vê sozinho, depois da sua mulher o abandonar em pânico, encontra uma vizinha que nunca conhecera. Decidem fazer uma viagem para o reunir com a sua namorada do liceu. Mas isto não será a viagem que eles esperam fazer.

O filme conta a história de Dodge Petersen (Steve Carell), abandonado pela mulher – que, por sinal, é a mesma da sua vida real. Continua a viver o quotidiano sem pensar no final do mundo: trabalha todos os dias, paga as contas, vê o correio, até a sua empregada doméstica, Elsa, continua a ir todas as quintas limpar a casa.

Depois de vir de uma festa onde tudo era permitido (já que estamos na vespéra do fim do mundo), Dodge encontra Penny (Keira Knightley) a chorar na escada de emergência junto à sua janela. É aí que se forma o início de uma amizade, e Penny, sua vizinha há três anos, mostra-lhe todas as cartas que recebeu para ele por engano durante esse tempo e que nunca as entregou, e faz uma revelação (embora ela não saiba que está a revelar seja o que for): a mulher dele tinha um caso. Para acrescentar ao desgosto, Dodge vê uma carta de uma antiga namorada, Olivia, que lhe diz que ele foi o amor da vida dela. Estas revelações fazem com que Dodge se tente suicidar. Contudo, acorda num parque com um cão atado ao pé e um bilhete a dizer “sorry”, nome que atribui ao cão.

Quando volta para casa, tudo muda. A população entra em manifestões de violência, a luz é cortada, não há telefones, e Dodge lembra-se de ir salvar a única pessoa que conhece no prédio, Penny. Fogem os dois, e é aí que fazem um acordo: ela vai ajudá-lo a encontrar Olivia, e ele vai ajudá-la a arranjar um avião para ir a casa, em Londres, para se despedir da família.

Mas esta viagem vai trazer muito mais do que ambos esperam; duas semanas pela “salvação” onde vão conhecer muitas histórias e locais, em que se vão conhecer verdadeiramente um ao outro, e onde uma amizade improvável é criada.

Steve Carrel e Keira Knightley têm numa química inesperada num filme inteligente, com um tom satírico e uns toques de comédia negra que resulta. Este é um filme calmo, súbtil e que nos toca, nada do que se espera de uma história sobre o fim do mundo. Keira Knightley cria aqui uma personagem fora do normal, num papel de uma alma livre e descontraída; e Steve Carell continua a impressionar com a sua escolha de filmes, e a sua capacidade de fazer tanto comédia como drama, sempre credível.

“Até que o fim do mundo nos separe”, ou “Seeking for a Friend for the End of the World” – que faz mais sentido no contexto do filme – é emocionalmente satisfatório; uma hora e meia que nos traz uma mensagem simples. O fim é inevitável, e sabemos o que vai acontecer desde o primeiro momento, mas é preferível agarrarmo-nos a alguém que amamos do que morrer sozinhos, numa cama vazia. Um filme sobre as escolhas que fazemos que nos podem levar a um optimismo estranho, dentro de uma época amaldiçoada pelo fim.

Realizado por Lorene Scafaria e com as interpretações de Steve Carell, Keira Knightley, Mark Moses e Melanie Lynskey. Distribuído em Portugal pela Pris Audiovisuais.



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