Banda do Mar | Entrevista
Amor e amizade incondicional que navega nos nossos ouvidos
Praia, pés na areia e um ‘chope’ – são sinónimos de ritmos quentes vindos de um Brasil cada vez mais virado para a Europa, sobretudo na imagem de Portugal e as suas descobertas e encantos mil. Lisboa transformou-se na cidade maravilhosa que deu lugar a combinações lusófonas e que combinam às mil maravilhas.
Os três elementos deste grupo dispensam apresentações. Aliás, quem é que ainda não ouviu a voz quente de Marcelo Camelo (ex Los Hermanos); viu a ternura de Mallu Magalhães e assistiu à performance de Fred Ferreira (Orelha Negra, Buraka Som Sistema, entre outros) em inúmeros projectos musicais portugueses? A união da Banda do Mar ocorre de forma casual em que a vontade de construir este projecto foi alimentada entre bastidores: “Boa parte do motivo de nos mudarmos para Portugal foi para estar perto do Fredinho, esse amigo de tantos anos. Por isso não dá para dizer que houve um dia preciso em que isso começou. Acho que existe desde que nos tornámos os três amigos” – esclarece Marcelo Camelo.
E da amizade nasce o disco homónimo composto por doze temas originais onde o protagonismo é distribuído uniformemente em cada canção. As vozes são intercaladas e as letras, igualmente partilhadas, contam histórias interpretadas e confluem naturalmente. Marcelo Camelo diz-nos que, “de um modo geral, estes dois processos – o de compor a melodia, a música e também a letra – caminham em paralelo. Em alguns casos, a música avança um pouco, antes para depois chamar a letra ou vice versa, mas sinto que estão ambos bem ligados entre si”. Neste disco existem arranjos de guitarras mais arrojados, melodias mais dançáveis (comparavelmente ao trabalho individual dos anfitriões) e “os Beatles neste processo foram muito muito importantes” – diz-nos Fred Ferreira.
O que é certo é que assim que Marcelo, Mallu e Fred se anunciaram enquanto Banda do Mar uma enorme expectativa foi crescendo em torno do disco. A resposta foi comprovada positivamente pois o nome Banda do Mar ocupou de imediato o primeiro lugar de top de vendas no iTunes ainda o disco se encontrava em pré-venda. Fred acrescenta: “recebemos a notícia com uma felicidade muito grande. É muito gratificante ficar meses fechado a compor e o público receber-nos da forma que nos recebeu. Estamos felizes e muito agradecidos”.
De facto, os gostos e trabalhos musicais de cada um são diferentes, mas Fred Ferreira não relativiza a sua experiência como algo totalmente estranho. Embora esteja ligado à vertente do hip-hop, Fred conta-nos que essa ligação está bastante presente neste processo pois o próprio Marcelo e Mallu travaram amizade com vários artistas portugueses como Regula, Sam The Kid, entre outros, e que o universo do rock também faz parte da sua vida enquanto músico. É esse gosto por conhecer novas pessoas e realidades que o faz mover em outras aventuras lusófonas: “o Cícero e o Wado são fantásticos assim como o Momo que veio com eles a Portugal fazer um concerto e um disco. Acho fundamental o intercâmbio e muito saudável”, conclui.
Actualmente, e em perspectiva, o panorama musical português acolhe novas sonoridades oriundas do outro lado do Atlântico, como por exemplo, a vibe de Boogarins, a melancolia de Cícero, o rock de Apanhador Só, entre outros. Para Mallu, esse fenómeno é algo bonito de se ver e acredita que existe uma enorme troca e produtividade cultural entre os países. Marcelo afirma que não construíram a “banda com isso na cabeça, nem tão pouco com a ideia de sermos um projecto entre dois países, mas ficamos felizes de sermos mais uma pedrinha nessa ponte que vem sendo construída há algum tempo por tantos artistas”. De facto, Marcelo e Mallu são igualmente percursores de um trabalho musical em consonância com outros artistas nacionais como, por exemplo, David Fonseca, a quem Mallu empresta a sua voz na canção «Monday, Tuesday, Wednesday, Thursday» e Marcelo participa numa canção do último trabalho discográfico de Nick Nicotine. Desde que optaram por viver em Portugal, Marcelo e Mallu têm feito inúmeras amizades e descoberto géneros musicais muito distintos, mencionando assim o trabalho de King Kong – o alter-ego de Pedro Maurício – e também de Francis Dale.
Encontramos em “Banda do Mar”, editado em 2014, um conjunto de melodias bastante suaves, simples e descomplicadas, onde a canção «Mais Ninguém», interpretada por Mallu Magalhães, antecipa o sucesso e lança o mote para outras canções igualmente belas. Após uma longa digressão pelo Brasil onde a palavra espectacular tornou-se imperial em toda a imprensa brasileira, a Banda do Mar conseguiu esgotar as duas datas planeadas para Lisboa. Agora, quem quiser encontrá-los, é aparecer em: Faro (13/02), Guimarães (21/02), Beja (28/02), Ílhavo (07/03), Ponta Delgada (14/03), Ovar (15/05) e Braga (16/05).
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