Barreiro Rocks 2006
O festival, os destaques, a entrevista e o passatempo
O FESTIVAL
O nome do festival é curto, conciso e directo – chama-se Barreiro Rocks e o título dispensa qualquer explicação: é um festival, é no Barreiro e é dedicado ao rock.
As quatro edições anteriores (as duas primeiras ainda sob a designação de Pachuco Fest) também já lhes conferiu reputação e credibilidade suficiente para dispensarem qualquer apresentação de maior. Não é por acaso que o tomam como o maior festival de garage rock da Península Ibérica.
A Rua de Baixo volta este ano a ser uma orgulhosa aliada do Barreiro Rocks, que se desdobra durante todo o mês de Setembro para depois concentrar todas as suas forças nos dias 6 e 7 de Outubro, na sede do Grupo Desportivo Os Ferroviários, no Barreiro, com os preços dos bilhetes a teimarem manter-se mais baixos do que se seria de esperar: 13€ o bilhete diário, 20€ o bilhete para os dois dias.
O CARTAZ
Pode-se dizer que esta edição do festival é um ano de regressos. Regressam os espanhóis Atom Rhumba, para encabeçarem o primeiro dia, regressa Vítor Torpedo, desta vez com os Blood Safari, após ter enterrado os Parkinsons, e volta o próprio festival ao recinto do G.D. Os Ferroviários.
Num local com um ambiente mais familiar e acolhedor, a edição deste ano promete o dobro da adrenalina, da testosterona e da explosão rock do último ano. Para isso, faz-se valer de um cartaz eclético, mas fiel ao rock’n’roll. A saber:
Dia 6
The Vicious 5 (pt)
The Black Time (uk)
Blood Safari (uk)
Atom Rhumba (es)
Dia 7
Los Ass Draggers (es)
The Fatals (fr)
The Drones (au)
Gallon Drunk (uk)
AS FESTAS
Mas um festival destes não se cinge a dois dias, nem tão-pouco à música. Assim, durante todo o mês de Setembro vão acontecer, um pouco por todo o Portugal e Espanha, diversas festas de apresentação. Depois de goradas as hipóteses de Lisboa e Setúbal, o calendário das apresentações ficou assim organizado:
Dia 15 de Setembro – Belle Epoque, Cáceres
The Act-Ups (pt)
Dia 16 de Setembro – Gruta 77, Madrid
The Act-Ups (pt)
The Dragsters (es)
Juanita Y Los Feos (es)
Dia 23 de Setembro – Whisky Bar, Braga
The Infamous Big River Johnson (pt)
Dia 4 de Outubro – Barreiro
Capitán Entresijos (es)
Nicotine’s Orchestra (pt)
A organização do Barreiro Rocks irá ainda apresentar um ciclo de cinema referente à temática rock, a exibir no Cine Clube do Barreiro.
Quanto aos dias do festival propriamente dito, a festa prolonga-se para lá do próprio recinto, indo noite fora no bar barreirense Carvoaria Club, onde sobem ao palco os portugueses Green Machine (no dia 6) e os espanhóis Wau Y Los Arrrghs (no dia 7). O after-hours fica a cargo de DJ Shimmy, um norte-americano com uma colecção louca de vinis de 7”, de verdadeiros clássicos rock.
DESTAQUES RDB
A Rua de Baixo não gosta de tirar partido nem de influenciar as opiniões dos seus leitores. No entanto, também gosta de fazer valer a sua posição e aproveitar para ajudar a tomar as suas decisões. Assim, destacam-se alguns dos nomes presentes no cartaz do Barreiro Rocks.
The Vicious 5
Já toda a gente os conhece, ou pelo menos ouvir falar deles. Ultimamente, estão em todo o lado: nas rádios (com o single explosivo «Bad Mirror»), na televisão (com um dos telediscos mais geniais de sempre da música portuguesa), nos festivais (estiveram no palco principal de Paredes de Coura) e nos grandes palcos (abriram as hostes para os Pixies, na última passagem destes pelo Pavilhão Atlântico).
No entanto, o concerto dos lisboetas Vicious 5 na abertura do Barreiro Rocks promete bastante, por uma simples razão: porque vão estar no seu habitat natural. E se eles já são explosivos fora do seu ambiente, imaginem o que será ao jogarem no seu próprio terreno.
Gallon Drunk
O nome James Johnston pode não vos dizer nada, mas se vos disser que é o guitarrista actual dos Bad Seeds, o colectivo de Nick Cave, então o caso muda de figura. Com efeito, Johnston é o único membro restante da formação original dos Gallon Drunk, que remonta a 1988. Os outros são Ian White (bateria), Jeremy Cottingham (baixo) e Toby Winter (maracas). Os Gallon Drunk foram uma das principais sensações do rock britânico do final dos anos 80, apoiados num universo de negrume e indie rock, que lhes tem valido comparações inevitáveis com Tom Waits, os Birthday Party ou os Flaming Stars (que, curiosamente, também encerraram o Barreiro Rocks, o ano passado). Tal como estes últimos, também os Gallon Drunk eram constantemente referidos pelo mítico John Peel, que os tinha em grande consideração.
Nos últimos anos, os seus concertos têm sido esporádicos. Por isso, ver os Gallon Drunk no Barreiro ganha redobrado interesse. Quando ainda para mais se corre o risco de se escutarem novos temas, uma vez que já foi anunciado novo álbum de originais para 2007.
The Drones
Geralmente, não são muito comuns bandas oriundas da Austrália (e arredores). Contudo, quando elas aparecem, normalmente são coisa séria, para levar a sério (alguém mencionou os Birthday Party, os AC/DC ou os INXS?).
Desde que os AC/DC lançaram “Back In Black”, documento fundamental do hard-rock, que os australianos ficaram com o bichinho do rock. Este passa por alguns períodos de incubação e de tempos a tempos oferece ao mundo alguns dos projectos mais explosivos do rock. Foi assim com os rawk’n’rollers The Datsuns ou os D4. Já este ano surgiram os Wolfmother, power-trio à moda antiga, com um dos discos do ano.
E, mesmo assim, foram os The Drones a levar para casa o Australian Music Prize referente a este ano, o mais importante galardão da indústria musical australiana. São quatro e têm um português na guitarra – Rui Pereira – e são the next big thing, para ouvir em primeira mão no Barreiro.
ENTREVISTA E PASSATEMPO
Mas quem são as pessoas por detrás do Barreiro Rocks, um festival que tem tanto de alternativo como de carolice?
A organização fica a cargo da associação barreirense Hey! Pachuco e foi com Johnny Intense, ilustre director artístico do festival, que a RDB se reuniu para dois dedos de conversa e algumas questões.
O Barreiro Rocks está de volta. Quais são as diferenças do festival do ano passado para este?
Para além da cerveja que deve ser de outra marca, este ano vamos regressar ao Pavilhão do G.D. Ferroviários onde por certo teremos, a todos os níveis, um ambiente mais acolhedor e onde os níveis de adrenalina vão disparar para valores altíssimos. As noites prolongar-se-ão num local diferente do ano passado – Carvoaria Club.
Voltarão a haver iniciativas paralelas ao festival?
Sim. Se temos oportunidades para que o festival não se reduza aos dois “grandes dias”, temos que as aproveitar para continuar a pregar…
Este ano vamos ter as habituais festas de apresentação em Espanha e Portugal, com a participação de bandas dos dois países. Vai realizar-se no Cine Clube do Barreiro um ciclo de cinema centrado na única temática possível… rock’n’roll. E vai haver espaço para bandas portuguesas actuarem na tarde do feriado de 5 de Outubro.
Pode-se dizer que este é um ano de regressos, como o dos Atom Rhumba ou o de Vítor Torpedo (apesar de trazer uma nova banda consigo, os Blood Safari). É sinal que estão a ficar velhos e que a nostalgia começa a atacar?
São situações bem diferentes. Os Atom Rhumba são uma banda enorme e, tal como nós, evoluíram. “Backbone Ritmo”, o último disco de originais, é um álbum espantoso e ao vivo são uma das melhores bandas europeias. Não é por acaso que são cabeças de cartaz. Curiosamente, em 2001, quando os Atom Rhumba tocaram no Pachuco Fest II, não tínhamos 600€ para trazer os então ignorados White Stripes…
No que diz respeito aos Blood Safari, é verdade que o Vitor tem bom gosto com os parceiros que consegue para os seus projectos. Depois de nos presentear, em 2002, com Nick Sanderson (ex-Gun Club), desta vez traz outro grande nome da cena inglesa – Charlie Fink (ex-Penthouse). Os Blood Safari, musicalmente, não têm nada a ver com os Parkinsons, mas com o Vitor e o Charlie o caos é garantido.
Esta é já a quarta edição do Barreiro Rocks, sempre às mãos da Hey Pachuco. Compensa fazer um festival como este em Portugal e no Barreiro em particular?
A melhor compensação continua a ser poderes ter as bandas que mais gostas no Barreiro, fazeres felizes umas centenas de pessoas que têm gostos idênticos aos teus, pessoas essas que vêm de todas as zonas do país e de Espanha, teres dezenas de bandas a quererem tocar por cá, outras a quererem repetir…
Não há condições, por enquanto, para que o Barreiro Rocks seja um festival lucrativo. O preço dos bilhetes continua a ser ridículo. Sem o apoio da Câmara Municipal do Barreiro tudo seria muito complicado.
Este ano também volta a ser possível encontrar bandas nacionais no cartaz. O rock português está de boa saúde e recomenda-se ou nem por isso?
Qual rock português? Não há nenhuma “movida” a que se possa chamar rock português.
As bandas que estão no cartaz são bandas que nós gostamos e não foram impingidas por qualquer editora “importante” ou agente “bem relacionado”. Estão no cartaz porque foram convidadas por nós. Por acaso, duas são portuguesas. Ainda bem!
Os nossos critérios são muito rigorosos. Claros, nada complicados, mas muito rigorosos.
A nossa postura enquanto músicos, enquanto pessoas, não se modifica quando pensamos e fazemos o festival. Não há fretes!
Houve alguma banda que tenha estado prevista para o festival, mas que por qualquer motivo teve que ser cancelada?
Sim. King Louie One Man Band! Infelizmente a sua digressão encolheu três semanas e acabou por cancelar os concertos no sul da Europa, entre eles o da festa de apresentação no Barreiro, dia 4 de Outubro. Em perspectiva, estava um duelo entre King Louie e a Nicotine´s Orchestra. Foi pena, mas a alternativa já estava pensada – Capitán Entresijos (Madrid) – um duo espanhol, baixo e bateria, que vão arrasar.
O que gostaria de realçar do cartaz deste ano?
O facto de termos conseguido dar mais um passo em frente com um conjunto de bandas fabuloso, conseguido com pouco dinheiro, muita ginástica mental e bons contactos.
Mais uma vez temos um cartaz ecléctico com um grande equilíbrio entre os dois dias.
Terminemos então com um momento de imaginação criativa: se tivesses uma conta bancária ilimitada e o poder de ressuscitar os mortos, qual seria o cartaz ideal do Barreiro Rocks?
Esse é um grande desafio. Para reduzir drasticamente as possibilidades não tocava nos mortos…
Sinceramente não mexia nas noites de sexta-feira e sábado mas aproveitava para esticar o festival até domingo, e aí, no palco principal, actuariam The Cramps, The Blues Explosion, The Dirtbombs e Reigning Sound. Para a festa, até de manhã, patrocinava duas reuniões: Oblivians e Tédio Boys.
Se quiseres contribuir para a conta bancária ilimitada o NIB é… (risos)
A Rua de Baixo e a Hey! Pachuco têm para oferecer entradas para o festival. São 5 bilhetes simples para cada um dos dias; ao todo são 10 bilhetes a concurso e tudo o que tens de fazer para ganhar é enviar-nos um texto, até 600 caracteres (não precisa de ser nada de especial ok?), a convencer-nos a dar-te o bilhete (os elogios e as bajulações fúteis não só são permitidas, como ainda encorajadas). Envia o texto para rdb@ruadebaixo.com e não te esqueças de indicar os tes dados pessoais (Nome,BI e Telefone), bem como o dia para que pretendes o bilhte (ou a ordem dos dias). Boa sorte.
There are no comments
Add yoursTem de iniciar a sessão para publicar um comentário.
Artigos Relacionados