Batman: O Príncipe Encantado das Trevas
Uma edição Levoir, escrita e desenhada por Enrico Marini.
A máscara de orelhas pontiagudas e a longa capa negra são traços que com facilidade alguém consegue identificar como sendo o vigilante da cidade de Gotham, Batman. Nascido nas páginas de um livro de banda desenhada em 1939, Batman é apontado em vários rankings como um dos super-heróis mais famosos no mundo. As suas histórias já foram adaptadas a séries de televisão e filmes. “Batman: The Animated Series” (1992 a 1995), a série “Batman” (1966 a 1968), os filmes “Batman” (1989) e “Batman Regressa” (1982) de Tim Burton e a trilogia de Christopher Nolan “Batman – O Início”, “O Cavaleiro das Trevas” e “O Cavaleiro das Trevas Renasce” foram algumas das obras que contribuíram para que esta personagem transcendesse a literatura e se tornasse um ícon da cultura Pop.
Provavelmente um dos motivos para tanta popularidade está no facto de este combatente do crime não ter superpoderes, é só um homem mortal por baixo de um fato negro repleto de engenhocas. É fácil identificarmo-nos com ele, pois é feito de pele que sangra e ossos que partem. Esta característica também define o ambiente que o rodeia: Gotham. Cidade distópica de edifícios encabeçados por gárgulas metálicas, onde Batman luta contra o pior da natureza humana: corrupção, assassinos e criminosos lunáticos. O homem por detrás do herói é Bruce Wayne, milionário, que em criança assistiu ao assassinato dos pais durante um assalto. Ao chegar à vida adulta Bruce decide estancar a violência e o terror em que sua cidade estava mergulhada e torna-se no seu guardião, no seu vigilante.
Para quem só viu o Batman da televisão ou do cinema e ainda não leu uma banda desenhada, “Batman: O Príncipe Encantado das Trevas” é uma excelente sugestão. Escrita e desenhada por Enrico Marini, reconhecido autor de banda desenhada, é uma história fechada, ou seja, não é preciso ser um especialista nem ter lido outras histórias para apreciar este conto do homem-morcego. O enredo centra-se numa menina, Alina, que vai unir Batman e o seu eterno rival Joker. Para adensar os acontecimentos participam duas personagens muito queridas deste universo, Catwoman e Harley Quinn.
Pontos fortes do trabalho deste autor italiano é a personagem Archie, um dos capangas de Joker, a dose certa de humor negro para temperar a acção. Outro ponto é o desenho, em tons de azul e ocre laranja, Marini interpreta com mestria personagens e cenários, recorrendo à aguarela e afastando-se dos processos digitais.
Outra característica merecedora de destaque é o formato deste livro. Para quem não está muito familiarizado com o universo da BD, a banda desenhada produzida nos EUA, na gíria chamada de comic, tem um tamanho de página abaixo do A4, capa mole e cerca de 22 páginas. Ao passo que a banda desenhada produzida em França e Bélgica, o album, tem um formato acima do A4, capa dura e cerca de 50 páginas, como por exemplo os livros do Asterix ou do Luky Luke.
“Batman: O Príncipe Encantado das Trevas” com personagens de origem norte-americana é apresentado em dois volumes, em formato de álbum franco-belga. A publicação portuguesa feita pela Levoir, respeita esta edição.
Mas como surgiu este “cruzamento”?
A DC Comics, “casa” do Batman, tem a intenção de chegar a novos públicos e uma forma é editar histórias em formatos que captem outros leitores, neste caso os europeus. Marini, autor de sucessos como “Águias de Roma” e “Escorpião”, é um fã assumido do Batman, por isso quando a proposta da DC Comics surgiu foi um “sim” imediato.
Para o leitor é uma experiência diferente, pois este formato permite disfrutar das paisagens de Gotham e do voo do homem-morcego a uma escala maior que a habitual.
Estes são argumentos de peso para ler esta história, sabendo que é uma história do Batman, não é um conto de fadas e o príncipe encantado não salva o mundo montado num cavalo branco.
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