“BESTA”
Uma estreia subtil
O título Besta leva-nos a pensar que se trata de um filme de terror ou dramático, mas neste filme há um pouco de ambos pois há sempre uma subtileza a acontecer e isso deve-se às brilhantes interpretações de Jessie Buckley, Hilary Huntington e Johnny Flynn, que constituem o suporte de toda a trama do filme.
Esta é a estreia de Michael Pearce nas longas-metragens, e não podia ter começado de melhor forma.
Besta não pode ser definido apenas como um thriller, porque não o é apenas. Como o próprio realizador diz Apesar de o filme namoriscar vários géneros – mistério, história de amor, terror psicológico, melodrama familiar – e de ser um pouco de todos eles, é, derradeiramente, um conto de fadas sombrio e dramático para adultos. E é assim que também o defino, um conto de fadas, distorcido, para adultos.
O filme está extremamente bem escrito, com actores que representam o seu papel com excelência, nomeadamente a actriz Jessie Buckley, aqui como Moll, uma jovem mulher bonita, delicada e infeliz que vive para a família, e reprimida por uma mãe fria e austera.
A acção passa-se em Jersey, uma localidade situada numa ilha ventosa, onde um assassino em série matou várias raparigas. A comunidade tenta lidar com estas atrocidades mas vem a descobrir que o horror está mais próximo do que pensam.
Moll é para a sua mãe inferior aos seus irmãos, tratando-a como se fosse uma criança a precisar de disciplina.
Moll muda e vai transformando-se e libertando-se da repressão familiar quando conhece Pascal, que surge inicialmente como um cavaleiro andante, armado com uma espingarda que salva a princesa de uma possível violação. Apesar da sua rudez parece ser a única pessoa delicada e gentil o suficiente para compreender Moll. Contudo, parece que este cavaleiro andante tem algo de sombrio que faz talvez com que a maldade em Moll volte a surgir.
A polícia implica Pascal nos homicídios em série e Moll entra numa espiral de mentiras e desespero e precisa decidir até onde irá e o que fará para o proteger.
O realizador consegue muito bem mostrar-nos os pormenores de transgressão subjacentes a esta relação bem como a sua tóxica evolução.
A conversa final num restaurante à beira da praia, é uma cena inteligente mas que nos deixa na dúvida sobre o que está a acontecer e em quem acreditar.
O título Besta leva-nos a pensar que se trata de um filme de terror ou dramático, mas neste filme há um pouco de ambos pois há sempre uma subtileza a acontecer e isso deve-se às brilhantes interpretações de Jessie Buckley, Hilary Huntington e Johnny Flynn, que constituem o suporte de toda a trama do filme.
Um conto de fadas que não se aconselha aos mais novos.
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