Blind Zero @ CCB
Recordar (e reformular) é viver.
A digressão “Confidências 2006”, que os Blind Zero têm levado a alguns pontos do país, resume em hora e meia a carreira dos portuenses num formato semi-acústico, com menos electricidade, uma atmosfera mais intimista, acolhedora, caseira.
Em noite de clássico futebolístico (ainda para mais decisivo), a primeira nota serve para salutar a enchente do Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém: casa cheia para receber uma banda fulcral para os anos recentes da música portuguesa. Sim, “Trigger” é o disco menos interessante da banda, mas não convém esquecer os 20 mil exemplares vendidos, uma novidade na altura para uma banda a cantar em inglês. Tudo isto antes dos Silence 4 e dos The Gift, registe-se.
O arranque do espectáculo deu-se com “Super 8”, faixa do recente “The Night Before and a New Day”, o mais adulto, maduro e consistente disco da banda de Miguel Guedes. Desfilaram-se temas de todos os discos, inclusive alguns quase nunca tocados ou não apresentados ao vivo há anos e anos. As novas roupagens das canções, essas, mostraram uns Blind Zero muito inspirados e seguros, a pisar terrenos por vezes perto do Country, não obstante a grande celebração em alma Rock’n’Roll de grande parte dos temas. “Woman”, repescado do primeiro disco, apresentou teclas em destaque, e foi momento de festa pura, alegria, alegria; “Trace”, um fragmento do passado numa versão reduzida em elementos, gigante na atmosfera; a versão de “Drive”, dos The Cars, feita para celebrar a digressão; “Shine On”, a finalizar, já um clássico da banda. Efeito “Morangos com Açúcar” ou nem tanto, merecidamente um dos melhores temas do grupo.
Em noite de clássico, já se disse, os Blind Zero deram uma goleada no CCB. Deram uma goleada, com estas novas roupagens, ao seu repertório clássico, mais eléctrico. Mostraram que reformular é, por vezes, a melhor forma de evoluir.
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