Bloom @ Lux (09.02.2017)

Bloom @ Lux (09.02.2017)

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Porque é que as pessoas vão a concertos? Esta é uma questão a considerar quando olhamos para a apresentação do álbum Tremble like a flower de Bloom, o novo projecto de JP Simões. Porquê? Porque dependente das razões de cada um, pode-se sair de lá muito desapontado.

Se formos lá pela música podemos adiantar que no princípio está Genesis, o que seria redundante se não nos estivessemos a referir à banda de Peter Gabriel et al. (a encarnação Phil Collins não é chamada para aqui). Aliás, Peter Gabriel está omnipresente, no fundo e sem dar grande resposta, uma espécie de Deus que resiste aos troços mais bluesy ou jazzy da viagem, com permisso de um toque ou outro de Pink Floyd.

Mas a qualidade do som é melhor apreciada em CDs e serviços de stream, apesar de neste caso “Tremble Like a Flower” soar bem na cave do Lux. O que nos deixa o “ambiente”. E é aqui que o concerto descamba.

A atmosfera podía ser descrita como entrar de repente na casa dos nossos tios e descobrir que eles estão a meio de um animado jantar com os amigos: é awkward e desnecessário. Perdoem-me o estrangeirismo, mas é absolutamente exacto a descrever a sensação. Uma porção demasiado grande do concerto foi dedicada a ouvir os comentários à vida (e à morte) por parte do artista. Em discurso directo e não como parte da sua obra. E o facto é que os artistas se dedicam à sua arte por um motivo, se o seu forte fosse a oratória, podiam ter optado pela política. Ou pela crítica.

De certeza que esta faceta da performance fez sentido ao público maioritariamente de meia-idade, mas há intimista e depois há demasiada intimidade. Esta redactora, admitidamente nascida nos anos 90, sentiu-se sem paciência: Too young for this shit. Principalmente, porque aqui se tratava da apresentação de um projecto novo, era um momento sobre a música e para a música. Ainda para mais, música que é interessante e que traz para os palcos portugueses algo que já não é muito habitual. Não era a altura para uma mini feira das vaidades: já não somos um one-man show



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