Bloop em Festa
A Editora e Produtora de eventos portuguesa festeja o seu tercero aniversário... em versão matinée.
É bem provável já terem assistido a sets de José Belo, João Maria ou Magazino nas cabines de espaços como o Lux, o Europa, o Op Art ou o Gare Club. Se não foi em nenhuma dessas discotecas, então pode ter sido num dos festivais por onde passaram. Sudoeste 2009? Ou foi na praia de Barcelona, em pleno Sónar Festival? Terá sido daquela vez que estava uma festa dentro de um autocarro ali no Marquês de Pombal? Se não foi nessa, então foi mesmo aquele sound-system num barco, a passear-se pelo Sado.
Das festas da Bloop, o house e o techno que vem ao de cima já contou com a presença de nomes como Nick Curly, Lauhaus, Robert Dietz, DJ W!ld, Gilles Smith, Sierra Sam, Alex Niggemann ou, mais recentemente, Raresh. Enquanto editora, a Bloop Recordings tem feito, igualmente, um óptimo trabalho. Discos de Anonym, DJ W!ild, Kasper, Magazino, e até o 12” da edição comemorativa dos 20 anos do “Querelle” dos Pop Dell’Arte (com direito a remix dos The Glimmers).
Boa música, boas ideias e força de vontade são, de facto, três pontos fortes da Bloop, pelo que bem podemos olhar para um futuro bastante estimulante.
Contudo, antes que fosse passada a barreira dos três anos, quisemos fazer um ponto de situação, colocando algumas questões ao José Belo. Aqui ficam.
Quais as maiores razões para festejar os três anos da Bloop?
Mais do que tudo, numa altura em que as editoras sentem tantos problemas, ainda cá andarmos. E mais do que cá andarmos, ainda conseguirmos crescer. E, mais do que crescer, andarmos com vontade de andar mais tempo. Mas, no fundo, para ser mesmo sincero, o que queremos mesmo é fazer anos para fazermos festas destas onde podemos juntar os nossos amigos. O mesmo espírito de quem quer subir na vida para ter uma casa melhor equipada onde possa receber os amigos como deve ser nas tardes de futebol.
Volvidos três anos, já percorreram, pela etiqueta da Bloop, as melhores discotecas e festivais do nosso país. Lá fora, Barcelona já vos recebeu com a “Bloop vs 8Bit” durante o Sónar 2009. Por isso pergunto, o que se segue? Alguma ideia para um contra-ataque da Bloop lá fora?
E voltamos este ano ao Sónar 2010, em Barcelona. Mas as coisas acontecem naturalmente. Não dá para dizeres “agora queremos tocar lá fora” e ires tocar lá fora. Tens de crescer, fazer coisas, mostrar coisas, fazer com que te queiram ouvir. Felizmente para nós, estamos, cada vez mais, a fazer coisas que encaixam naquilo que as pessoas querem ouvir. E digo mesmo felizmente que nem sempre consegues esse encontro. Os convites estão a acontecer a um ritmo normal, as agências estão a querer saber quem somos e o que fazemos. Só para que entendas o que estou a dizer, estamos, neste preciso momento, a responder a clubes em Toronto, Nova Iorque e Londres, sítios onde o ano passado nem nos passava pela cabeça sequer pensar em lá ir tocar. E este ano, ei-los. Como é que podemos não celebrar este ano o aniversário da Bloop quando este ano fizémos coisas que nos levam a estes sítios?
Depois da Boat Party e da Express Party, o que é que podemos esperar?
O espírito que encontras na pista do barco e do autocarro não tem paralelo com nenhuma outra festa que fazemos ou com nenhum clube onde tenhamos tocado. São festas especiais onde quem nelas participa sente fazer parte de algo diferente. E falo também de nós, que as festas acabaram por ter uma vida própria, para além da Bloop. Ser a Bloop a proporcioná-las, nem imaginas o que me deixa feliz. Por isso, queremos continuar a fazer festas destas, onde a música e o ambiente se enquadram por si só e onde as pessoas se deixam ir e se tornam, elas próprias, actores principais. Por isso, acho que vamos continuar a ir por aqui. E “ir por aqui” significa que estamos a fazer tudo para que mais meios de transporte sejam palco do ano de mobilidade que é 2010.
Do material que a Bloop editou ao longo destes últimos três anos, quais é que se pode destacar?
O “Not now, I’m dancing” é um disco marcante, para mim. Acho que faz a síntese perfeita entre aquilo que é a house actual, ritmada e com groove, e aquilo que é a Bloop, onde o passado e o presente se encontram disco a disco. Não gostamos de editar sabores do mês, aqueles discos que podemos tocar uma ou duas vezes e já está. E eu acho que os discos da Bloop que vão continuar a ser tocados para lá do sabor do mês são discos como o do W!ld, o “Not now, I’m dancing” ou o disco do Anonym, o “I can’t stop loving you”. Outro disco marcante, porque já foi tocado por tanta gente que respeitamos, foi o do Kasper, o “Chicago Take”. E o “Shadows” do Magazino, claro. Isto porque sem ele, eu e o Luís não estaríamos aqui hoje, todos os dias juntos no escritório. Foi esse tema que nos apresentou um ao outro.
Que edições é que estão já planeadas para o futuro?
Vamos editar, quase sem intervalo, dois discos. Primeiro, o disco do DJ W!ld, o “Soy libra”. Ouvimos um set com o W!ld a tocar este tema e fomos lá perguntar-lhe a pergunta da praxe : “Que disco é este?”. A resposta dele foi que era dele e nós perguntámos se estava livre. Quando ouvimos a resposta “sim, está”, assinámos o tema na cabine, ali, enquanto o W!ld estava a tocar. Acho que diz muito do quanto gostamos do tema. A seguir, editamos do “A is for acid, B is for bass” do Anonym. O Anonym já é prata da casa e um daqueles artistas que se tornou nosso grande amigo. Muito feliz por ver tudo o que anda a conseguir. Merece – a sua capacidade para fazer temas intemporais é absolutamente incrível.
E quais os próximos passos da Bloop Recordings?
Estamos num ponto giro da editora, sinceramente. Esgotamos os discos que fazemos em dois, três dias; o digital cresce de disco para disco e temos tido feedback óptimo daquilo que andamos a fazer. Daí que o peso que sentimos é maior e queremos fazer com que a editora cresça. Porque, independentemente da velha história do “já ninguém compra discos”, são os discos e a música que ali está que nos faz. Sem a editora, a Bloop não seria o que é hoje. Continua a haver uma alegria enorme quando chegam os discos. E isso não nos vai passar nunca, essa alegria de putos à espera dos discos.
Em relação às festas, vamos continuar a fazê-las, até porque nos tem dado enorme gozo fazê-las. Com o ano da mobilidade que é, 2010 vai ver ainda algumas festas da Bloop em sítios inesperados ou, pelo menos, fora do comum e sempre em transportes públicos.
Quanto à festa de aniversário do próximo domingo à tarde, o que é que se pode esperar?
Acho que podem esperar que nós vamos fazer aquilo que nós achamos que faz uma festa ser uma festa da Bloop. Queremos, sempre, mostrar nelas a música em que acreditamos. Por isso, convidámos o Mathias Tanzmann para nos apoiar nessa missão. Queremos, sempre, fazer festas em sítios onde quem a elas vá se sinta à vontade. Queremos, sempre, que quem vá, goste e seja exigente com aquilo que vai ouvir e com aquilo que vai ver e com o sítio onde vai estar. E que quando saiam, saiam com mais do que quando entraram. Sinceramente, acho que isto descreve bem aquilo que eu, o João Maria e o Magazino desejamos para as festas da Bloop, sejam elas quais forem.
A festa de aniversário da Bloop será no próximo Domingo, 7 de Março, das 16h às 22h, no Santiago Alquimista.
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