Bunnyranch
Ninguém pára os Bunnyranch! Novo disco lançado e entrevista à RDB.
O Moonlite Bunnyranch é o mais famoso bordel do Mundo ocidental. Dennis Hof abriu esta casa de má fama em 1955, no estado norte-americano do Nevada. Desde essa altura que o bordel começou a ganhar notoriedade, principalmente a partir dos anos 70, altura em que o estado de Nevada regularizou todas as casas de prostituição. Actualmente, é já um dos grandes ícones da contra-cultura pop ocidental, estatuto que deve também muito a Howard Stern e ao seu conceituado programa de rádio.
Em 2002, os conimbricenses Kaló, André Ferrão, Filipe Costa e Pedro Calhau juntaram-se para formar uma das mais explosivas bandas rock nacionais da história pós-Tédio Boys. Aproveitando o suor, o êxtase e a testosterona da sua música, o quarteto adoptou o nome de Bunnyranch, após verem numa revista um anúncio do famoso bordel.
Durante anos, o Le Son foi uma das mais importantes salas de concertos de Coimbra, funcionando como contrapeso da cultura universitária tradicional da cidade. Por lá passaram os maiores nomes do rock nacional, assim como do internacional (os Dirtbombs deram lá o seu único concerto em terras lusas). Os Bunnyranch, inclusive, estrearam-se lá nos concertos ao vivo. Contudo, como tudo o que é bom acaba depressa, o Le Son encerrou as suas portas e deu lugar à danceteria Luna Dancing.
Como forma de homenagem a esse mítico espaço da história musical de Coimbra, os Bunnyranch baptizaram o segundo álbum de originais, que acaba de chegar aos escaparates, de “Luna Dance”.
Entre “Trying To Lose”, em 2004, e este “Luna Dance”, passaram dois anos e muito que contar. A alteração mais significativa foi a troca do teclista Filipe Costa por João Cardoso. Nestes dois anos a banda tocou ainda por todo o país, apresentou-se no estrangeiro (Espanha, Holanda, França e Inglaterra) e até foi alvo de um documentário (“Rockumentário”, de Sandra Castiço).
“Luna Dance” é o resultado de dois anos de amadurecimento da banda, que é já um dos discos nacionais de 2006. Quanto aos Bunnyranch, continuam iguais a si próprios – não a querer descobrir a pólvora, mas antes a querer senti-la explodir. A Rua de Baixo foi tentar perceber que inspiração encontram os Bunnyranch nas casas de má fama e que os torna imparáveis.
Depois do Bunnyranch, o Luna Dancing. Afinal, o que há nas casas de má fama que continua a influenciar os Bunnyranch?
Foi só uma homenagem a uma série de coisas que estão ligadas entre si. Retirámos o nome de uma casa de má fama e demos o primeiro concerto numa casa, de que gostávamos muito [o Le Son, em Coimbra], que mais tarde veio a ser de má fama. De resto somos influenciados como toda a gente que goste de casas de má fama.
O caso específico do Luna Dancing, que antes de ser danceteria foi uma das mais importantes salas de concertos de Coimbra (onde, inclusive, os Bunnyranch se estrearam ao vivo) faz-nos questionar o que se passa, actualmente, com a cena rock conimbricense? Ou será que tudo nunca passou apenas de um hype?
Não é hype, simplesmente é uma cidade que tem pessoas que gostam de rock e que querem tocar rock`n`roll.
E nos Bunnyranch, o que mudou com a saída do Filipe Costa e com a entrada do João Cardoso?
Tudo muda quando entra um elemento novo.
O João Cardoso tem uma perspectiva diferente sobre o uso das teclas e além disso tem outras influências musicais, diferentes das do Filipe.
Neste hiato entre os dois álbuns, os Bunnyranch experienciaram algo que não é muito comum no universo português – foram alvo de um documentário [“Rockumentário”, de Sandra Castiço]. Como foi essa experiência?
Fomos só matéria-prima, não encomendámos nada, não cortámos nada e é material que não é para ser utilizado promocionalmente. Claro que temos consciência do que possa vir acrescentar à banda o visionamento deste material. Para o melhor e para o pior!
Nesse “Rockumentário” é ventilada a ideia de voltar a haver uma reunião dos Tédio Boys. Como admirador confesso da banda, não consigo deixar de fazer esta pergunta ao Kaló: mantém a vontade de voltar a reunir os Tédio Boys?
Não.
Voltando ao novo disco dos Bunnyranch, “Luna Dance” – como apresentam este novo trabalho?
É um disco de rock`n`roll mais pragmático que os anteriores dos Bunnyranch, claro. De resto continuamos a ser influenciados pelas décadas de rock que já nos moviam antes. Obviamente que o Cardoso trouxe a sua particularidade e, como disse acima, é diferente das coisas feitas com o Filipe, embora o Filipe tenha participado em algumas músicas que aparecem no disco.
E como foi ter Flak na cadeira de produtor?
Foi mais uma boa experiência.
Depois do Paulo Furtado [Wraygunn e The Legendary Tigerman], no disco anterior, Gui [Xutos & Pontapés] e Cláudia [Micro Audio Waves] são os convidados especiais de “Luna Dance”. Como surgiram essas colaborações?
A Cláudia porque tínhamos necessidade de uma voz feminina e, devido à proximidade do Flak com ela, o convite foi-lhe feito; o Gui foi porque queríamos saber como ficava um saxofone nos Bunnyranch.
Brevemente estarão na estrada, a promover este novo disco. Está nos vossos planos experimentar o mercado estrangeiro, depois das curtas e positivas experiências nos últimos anos?
Está sempre nos nossos planos levar a nossa música o mais longe possivel
Em “Luna Dance” cantam “Can’t Stop The Ranch”. São os Bunnyranch uma banda imparável?.
Não faço ideia.
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