Calexico
Com o deserto como pano de fundo e uma Tequilla na mão, venham daí.
Vindos directamente do deserto do Arizona, os Calexico são uma das mais ecléticas e prestigiantes bandas americanas da actualidade. Imaginem o som mais tradicional americano, entre o folk e o country, misturado com sonoridades latinas vindas de um qualquer western spaghetti e uma pitada de jazz. Esta “sopa” de géneros e sons é-nos preparada por um conjunto de músicos de grande qualidade com nome de vila de fronteira entre os Estados Unidos e o México.
Os Calexico regressam a Portugal para dois concertos muito aguardados, principalmente devido à característica física das salas onde irão estar presentes – Hard Club em Vila Nova de Gaia e Café Concerto Santiago Alquimista em Lisboa.
Os Calexico nasceram na década de 90 quando Joey Burns, um estudante de Música Clássica na Universidade da Califórnia, se cruzou com John Convertino, colaborador do projecto de Howe Gelb, os Giant Sand. Convidado para se juntar à digressão na Europa, no papel de contrabaixista, o multi-instrumentista Joey Burns começaria a encontrar algumas afinidades com John Convertino, encarregue sobretudo da bateria, mas capaz de tocar piano, marimba e acordeão. Numa pausa do trabalho com os Giant Sand, Convertino e Burns experimentaram trabalhar juntos, e o resultado foi a mudança dos dois para Tucson, no Arizona, onde começaram a coleccionar instrumentos. A veia experimentalista de ambos veio ao de cima, e depois de trabalhar com influentes músicos da cena alternativa americana, como Richard Buckner, Victoria Williams, Vic Chestnutt e Lisa Germano a dupla aventurou-se a solo, gravando num estúdio caseiro a estreia dos Calexico, “Spoke”. Decorria o ano de 1996.
O elemento original dos Calexico reside no facto do seu som estar ligado ao imaginário western duma América profunda, que saudavelmente se deixa influenciar pelos ritmos hispânicos dum México vizinho, não se limitando a ser uma banda sonora para um qualquer western. A sua música torna-se muito bela, simples na sua complexidade, dada a capacidade experimental, de índole algo jazzística, e a grande habilidade técnica destes músicos, aliada a ambientes e cadências do deserto que os rodeia, a toda uma mitologia americana do sonho, cheia também de celebração latina, mas conjugada com o sentimento profundo da fragilidade do indivíduo e da condição humana. Mesmo assim, conseguem manter um incrível sentido melódico nos seus temas.
Depois do disco de estreia, seguir-se-iam em 1998, “The Black Light”, um disco composto essencialmente por ricas texturas instrumentais, e em 2000, “Hot Rail”, álbum que, através de canções como “Ballad of Cable Hogue” ou “Sonic Wind”, traria significativo reconhecimento aos Calexico deste lado do Atlântico, tendo vindo actuar em Portugal aquando do Festival Super Bock Super Rock no ano de 2001.
Se após o magnifico “Hot Rail”, as expectativas eram muito altas em relação ao álbum seguinte, “Feast Of Wire”, lançado o ano passado, conseguiu superá-las. Isto porque alcançou o difícil feito de não repetir as fórmulas musicais anteriores, dando-nos excelentes canções e momentos musicalmente diversificados mas coesos no todo. É precisamente esse ecletismo que os torna tão especiais e que consegue em breves momentos, transformar um sentimento profundo de perda e de dor, numa alegria imensa e numa grande festa.
Desde o início da sua formação o grupo foi continuando a recrutar músicos para a sua aventura (sonora) sem fronteiras, sendo, em 2003, o resultado dos talentos de Joey Burns (guitarra, baixo, violoncelo, teclas, acordeão, voz) e John Convertino (bateria, metais, acordeão, marimba, piano); dos alemães Martin Wenk (trompete, guitarra acústica, melódica, teclas, metais, percussão) e Volker Sander (baixo, violoncelo, guitarra); de Jacob Valenzuela (trompete, metais, percussão) e Paul Niehaus (guitarra, pedal steal, lap steal), e do holandês Jelle Kuiper (teclas, samples e mixagem).
É este excelente conjunto de músicos que irá criar uma atmosfera magnífica em duas salas excelentes para um concerto desta natureza. Não se esqueçam de marcar na vossa agenda: 28 de Abril Hard Club em V.N Gaia e no dia seguinte, 29 de Abril, no Café Concerto Santiago Alquimista em Lisboa.
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