Carlos Miguel Correia
No coração da cidade das luzes, no bairro de Oberkampf, inaugurou no dia 14 de Fevereiro uma exposição intitulada “Instante Imaginário”, na Poissonnerie Lacroix, no centro cultural contemporâneo da cidade de Paris
Carlos Correia, arquitecto de formação, pertence a uma nova geração de artistas polivalentes e exploradores, como ele próprio se descreve.
O evento teve lugar numa peixaria, com pastéis de bacalhau e rissóis de camarão. Nada mais apropriado. O seu trabalho ocupa uma posição de relevo, tendo como companhia o peixe e marisco fresco, que todos os dias os habitantes de Paris que aqui se dirigem podem adquirir. Ora, enquanto um cliente escolhe a sua mercadoria, tem a possibilidade de poder admirar os trabalhos propostos, e até mesmo adquiri-los.
Um boa sugestão para todos os que por esta cidade estiverem e ainda a todos os que tiverem a possibilidade de aqui passar, uma vez que a mesma vai estar patente ao público até ao fim do mês de Março.
Estivemos à conversa com o autor para descobrirmos este seu novo trabalho e falarmos um pouco sobre o seu percurso.
Como surge o convite para expor em Paris?
Faço parte de uma terceira geração que corre o Mundo à procura de novas oportunidades, mas foram as gerações anteriores que abriram algum caminho, partindo neste caso para Paris, onde vivem e trabalham. Tenho família nesta linda cidade, e eles, principalmente a minha prima Alexandra que é fã do meu trabalho desde o início, e começou a partilhar entre os seus contactos em França a minha arte. Em seguida, tive alguns contactos este ano de pessoas residentes em Paris e arredores interessadas em me conhecer e também em ver com mais atenção as minhas obras.
Um desses contactos foi Charly, que vive em Paris e tem uma loja comercial, em 44 rue Oberkamph, e já tem vindo a lançar artistas emergentes de todo o mundo através de exposições temporárias individuais e colectivas, tornando-as também uma mais-valia ao negócio local e tendo já recebido prémios pela Câmara Municipal de Paris por ser uma pessoa dinâmica e dinamizadora do negócio daquele quarteirão.
O primeiro convite surge então desta forma, para expor na sua loja, uma exposição individual de pinturas em tela. Fiquei muito feliz pela vontade de me receber e aceitei o convite.
Qual foi o critério de selecção das obras e do tema para a exposição? O trabalho foi propositadamente realizado para esta exposição?
O trabalho já tinha sido iniciado no fim do ano de 2011, fruto da minha actividade artística diária e na intenção de começar a expor o meu trabalho ao público, pois ainda não o tinha realizado desta forma mais abrangente.
O critério de selecção das obras surge de forma natural, de um trabalho que já vinha a ser desenvolvido no atelier. Assim, as obras não foram pensadas para aquele espaço em concreto, mas idealizadas e fruto das minhas vivências diárias como ser humano, simbologias, sonhos e mensagens que pretendo transmitir ao público através da arte. Pretendo muitas vezes transmitir os meus sonhos através do desenho e das tintas, um mundo fantástico e irreal que só é suportado pelo inconsciente e pela arte, mas só existe porque existe um mundo real e consciente que todos vivemos. Muitas vezes precisamos de desligarmo-nos dessa realidade e sonhar; é para isso que faço a minha arte, não só para mim mas para dar prazer a quem a vê.
O tema não se centra numa palavra mas num “Instante Imaginário”, numa distorção da realidade que nos leva a um mundo de sonho e do impossível, através de um instante do olhar, de uma janela para outra realidade possível para quem imagina e sonha.
Aquando da recepção do convite para expor em Paris, o trabalho ainda estava por acabar, e nota-se principalmente num dos quadros, “A dança”, que como artista fui um pouco influenciado pela cidade onde iria expor. São para mim completamente viáveis todos os tipos de influências desde que bem aplicadas dentro dos objectivos pretendidos.
Qual tem sido a reacção por parte do público?
No dia da inauguração, 14 de Fevereiro, senti que a publicidade realizada para a exposição teria atingido o alvo. Reparem que era importante uma boa publicidade para dar a conhecer o meu nome e o meu trabalho, visto que ninguém me conhecia até aí. Foi uma óptima inauguração, com muita gente interessada em arte, artistas, empresários do ramo da arte, comunicação social francesa e alguns membros convidados da sociedade francesa.
Foi um momento especial como devem ser todas as mostras do nosso trabalho, um reconhecimento pelo menos do esforço. Posso-vos dizer que foi uma boa reacção do público francês e também dos portugueses a residir em França, e ainda está a ser.
Quais serão os projectos futuros, em Portugal e no estrangeiro?
Neste momento preparo uma nova exposição, desta vez colectiva, para a Galeria Viera Portuense no Porto, que será inaugurada a dia 1 de Junho de 2013, e ainda na mesma galeria a dia 7 de Setembro de 2013. Estou em negociações com o Centro Cultural Kunsthaus Berlin Marbella, em Marbella, para outra exposição colectiva no dia 12 de Abril de 2013.
Em que outros locais podemos ver o teu trabalho?
A actual exposição, intitulada “Instante Imaginário”, estará patente no Espaço Comercial Poissonnerie Lacroix, 44, Rue Oberkampf, Paris, até ao fim de Março de 2013. Para além disso podem conhecer todo o meu trabalho aqui.
Alguma mensagem, em especial, que pretendas deixar aos leitores da RDB?
Não deixem de sonhar com os vossos projectos, sejam eles quais forem. Façam sempre o vosso melhor. Gostaria que o ensino fosse menos teórico e mais prático, e deixar um abraço a todos os artistas deste País e do mundo.
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