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Casper Clausen @ Musicbox (10.02.2023)

A foto que ilustra este texto será provavelmente surpreendente para muitos, e também terá sido para os presentes no Musicbox na noite de sexta-feira passada. Mas Casper Clausen é mesmo assim, criativo e repentista, puro. Ainda mais quando está em casa, quer na sala do Cais do Sodré, quer em Lisboa inteira, ou até do lado do rio, onde produziu o seu disco a solo.

Quando todos nos aprestávamos para assistir à reprodução ao vivo de «Better Way», e imediatamente após abrir as hostilidades acompanhado por uma violoncelista, eis que o dinamarquês nos apresenta a sua mais recente aquisição, uma viola de caixa, que decidiu comprar durante uma recente deslocação à Tailândia, por onde deu um concerto com os seus Efterklang. Casper explicou que decidiu começa a compor à guitarra, sem mais apetrechos, enquanto tentava contornar outros turistas mais ruidosos que não facilitavam ao fomento da criatividade. Terá sido uma espécie de uma reinicialização, neste caso sónica, mas eventualmente até espiritual.

Foi uma refrescante surpresa poder assistir em primeira mão a esta nova disposição do talento de Casper Clausen, com as composições ainda bastante cruas, soando algures entre os seus Efterklang e uns Divine Comedy de quando em vez. O dinamarquês referiu inclusivamente que já teve oportunidade de mostrar estas novas criações aos companheiros da banda, restando saber qual será o destino das mesmas: se o cardápio de Efterklang ou se ficarão no espólio individuar de Casper. E, por falar na banda dinamarquesa, houve ainda tempo para uma abordagem acústica do magistral «Vi Er Uendelig», pertencente ao fenomenal disco de 2019 “Altid Sammen”.

Após um punhado de canções sozinho em palco, Casper Clausen convocou o seu antigo colega de casa Pedro Lucas, tendo interpretado um tema escrito no sul da Turquia, durante algumas deslocações feitas por estradas velhas e solarengas. O músico açoriano permaneceu para alindar «Ocean Wave», com pormenores de guitarra deliciosos, regressando igualmente à cena a violoncelista que abriu o concerto com Casper Clausen, regressando a bitola electrónica mais usual.

Foi precisamente a surfar essa onda que decorreu a recta final do concerto no Musicbox, com o dinamarquês novamente isolado em palco, mas agora coadjuvado pelo seu computador em vez da guitarra “tailandesa”. «Feel It Coming» e «Used To Think» ofereceram motivos dançantes ao público (com quem Casper Clausen acabou por se fundir, num momento bem característico seu) que aproveitou para fechar a noite em altas.



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