CD1MH

O registo físico da iniciativa que juntou o Maus Hábitos com a editora Bor Land na promoção da nova música portuguesa.

A Bor Land tem sido nestes últimos meses a editora independente com mais actividade e com uma grande capacidade e coragem de apostar na nova música portuguesa, dando a conhecer nomes que serão o futuro da música feita em Portugal.

Seguindo esta linha de acção surgiu, em conjunto com o Maus Hábitos no Porto a iniciativa designada por CD1MH, que reuniu num mesmo álbum, seis projectos distintos que se apresentaram ao vivo durante o mês de Março na sala Portuense. Esta primeira edição deste “festival” contou com a presença dos Fat Freddy, Simpletone, The Grey Blues Bend, The Unplayable Sofa Guitar, Rose Blanket e Tenaz, tendo cada uma destas bandas contribuído com dois temas para a compilação agora editada, produzida por Inês Lamares, Leonel Sousa e Rodrigo Cardoso, tendo sido masterizada por Paulo Miranda.

Decididamente que o maior critério de escolha destes seis projectos foi a diversidade musical que está evidenciada no álbum que, de uma forma mais ou menos mediática, já deu provas da sua inequestionável qualidade. Por exemplo, os Rose Blanket que se apresentam com os temas “Still Her Longing” e “Song Played With Chinese Sticks”, estiveram presentes na final do Termómetro Unplugged e até já foram motivo de um artigo aqui na nossa Rua de Baixo, assim como os Fat Freddy que abrem esta compilação com “Ambulância Blues” e “Electrocabaret”, dois temas onde espelham toda a alegria das suas fanfarras.

Para contrastar com um início a todo o gás, os Tenaz fecham este álbum com dois temas, também instrumentais, mas num registo completamente diferente, bastante introspectivo e calmo, ideal para pôr um ponto final a um álbum que pelo meio tem bastantes motivos de interesse.

Um dos momentos altos desta compilação é a participação dos Unplayable Sofa Guitar, projecto liderado por Paulo Miranda, que já mereceu rasgados elogios de diversas publicações. Surge nesta registo com os temas “Unless” e “Will the Circle be Unbroken V2”. A Folk e as guitarras que caracterizam o projecto são predominantes no primeiro tema, sendo o segundo um exemplo da grande versatilidade e criatividade de Paulo Miranda, principalmente devido à utilização de distorções que criam um ambiente ambíguo e confuso culminando num raro momento de beleza. Sem dúvida um dos momentos altos desta compilação.

Manuel Simões e Raquel Feliciano, são naturais das Caldas da Rainha e amigos desde os dez anos. O prazer pela música e a necessidade de exprimir aquilo que sentem, fez nascer, em 2000, o projecto Simpletone, que depois de uma fase de maturidade surge nesta compilação com dois temas de uma pop saudável e simples. “Sailor” e “Love Radiation”, são dois temas onde se evidencia a voz de Raquel e que em “Sailor” faz lembrar Beth Gibbons, no seu último trabalho a solo. Talvez seja esse o ponto exacto por onde devem pegar e continuar a trabalhar, aproveitando a excelente voz de Raquel para ambientes mais densos e de maior introspecção.

Para completar o ramalhete de projectos que são aqui expostos, falta referir os lisboetas “The Grey Blues Bend”, que através dos temas aqui presentes, “My Dirty Shadow” e “Lavyshai”, mostram as duas faces de uma mesma moeda que prima pela qualidade e um excelente dedilhar de guitarra. Se em “My Dirty Shadow”, a guitarra é acompanhada pelo baixo e bateria, criando uma sonoridade alegre, num tema extremamente pop, em “Lavyshai”, só está acompanhada pela voz de Bernardo Palmeirim num tema mais calmo e muito mais introspectivo.

Em suma, é um conjunto excelente de temas de seis bandas que já não podem ser consideradas como “promessas”, pois já são sem sombra de dúvida, “certezas” da música nacional. O presente da música está perante os nossos olhos, só é preciso querer ver.



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