Cherry Bomb Club

Just Trash

A vinda de Rory Pillips ao Lux, a convite das noites Cherry Bomb Club, representou a melhor hipótese de nos aproximarmos do espírito de algumas das iniciativas com mais personalidade da capital britânica. No entanto, a experiência seria sempre fictícia; apesar do Lux ter tão boas condições como o The End ou o Plastic People, grande parte do sucesso de uma iniciativa depende sempre do público.

Num período de ressaca pós-Electroclash vaticinou-se a morte das linguagens a este associadas, no entanto a beleza dos movimentos musicais está na sua capacidade de transmutação. Obviamente que um culto revivalista terá sempre o seu fim predeterminado à partida; quando mais não seja pela análise exaustiva de tudo o que se produziu no determinado espaço temporal. Mesmo quando as fontes muitas vezes parecerem inesgotáveis, chegará um determinado momento em que decidimos avançar.

Esse avanço aconteceu, a verdadeira revolução é geralmente silenciosa e segue depois do período de euforia da descoberta.

Ao ouvirmos o alinhamento do sets de João Vieira & Rory chega-se à conclusão que muita coisa mudou nos últimos 4 anos. Duas opções revelam-se agora perfeitamente válidas e complementares: no piso inferior Rui Vargas debitava pesadas batidas que percorrem caminhos difíceis de definir em termos estanques como “House”, “Techno” ou “Electro”, mas que agarram à pista mesmo os mais ortodoxos defensores de uma playlist monolítica; no bar assiste-se ao cumprimento de um verdadeiro espírito Pós-Punk em que as escolhas não dependem tanto do público mas sim de quem controla a cabine.

Definir a tipologia como Pós-Punk seria altamente redutor (e errado), no entanto a filosofia adjacente a esta corrente permite que num Set se encontrem referências de vários estilos musicais que se complementam pela genuinidade na escolha das opções. O resultado é o surgimento de temas que envolvem uma componente dirty actual mas que se encontram filiados no Punk Funk, Mutant Disco e no Electro do passado.

O que acontece então é uma personalização dos alinhamentos ao ponto de estes estarem direccionados para um público específico e não dependente de quem se vai encontrar na “casa” (talvez por isso o sábado não tenha sido a noite mais indicada).

Com a pista do piso superior cheia – e em movimento – a noite acabou por ter sucesso e muitos (alguns sem o saberem) foram expostos à linha da frente das produções cutting edge da fusão Electro-Rock actual: Justice, Simian Mobile Disco, Digitalism, The Gossip, The Long Blondes, Vicarious Bliss, entre muitos outros.



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