Cícero @ Musicbox Lisboa (3.4.2014)

Cícero @ Musicbox Lisboa (3.4.2014)

Foi foda!

Em 2011, numa altura em que se popularizou a expressão “artistas de quarto”, Cícero lançou o seu segundo álbum a solo, “Canções de apartamento”. Felizmente, esse muito pessoal e transmissível documento nada tem a ver com a já cansada chillwave, género que tornou nomes como Washed Out ou Toro Y Moi em artistas relativamente afamados. É o segundo disco de Cícero, aquele em que passou de pouco mais que anónimo a cliente habitual para estas bandas – três datas em nome próprio, depois da presença na última edição do Vodafone Mexefest. A verdade é que, pudemos constatar ontem, Cícero já conta com uma boa base de fãs deste lado do Atlântico. A forma como no final agradeceu a recepção é disso sintoma: “Obrigado, estou muito feliz. Muito foda!”, disparou antes de se retirar definitivamente, depois de um curto encore.

Não custa imaginar o apartamento de Cícero aquando da gravação de “Canções de Apartamento”. Arrumado, apertado, gira-discos, vinil, carregado de referências culturais. Essa ideia sai reforçada com a capa do disco, sim, pelo que o exercício pode soar redundante e fácil. Mas é essa capacidade do brasileiro nos transportar para os cenários das suas histórias, das suas canções, dos seus dramas, problemas, dores de corno que o destacam nesta nova geração de músicos brasileiros.

O grande receio para o concerto do Musicbox prendia-se com a intimidade daquelas canções – conseguiriam sobreviver num ambiente menos intimista, um espaço onde as conversas se multiplicam e podem sobrepor à voz do artista? Lembramo-nos de um concerto de B Fachada, por exemplo, em que o artista se sentiu lesado e repreendeu o público, algures entre 2010 e 2011. Mas as primeiras canções descansam-nos; o músico conseguiu passar algum nervo às ditas, com algumas explosões que lhes conferiram robustez ausente em disco, mas que faz todo o sentido em palco. É provável que essa adaptação tenha ocorrido ao longo dos últimos anos de estrada. Infelizmente, não tivemos oportunidade de assistir ao concerto de Novembro passado, pelo que a comparação é impossível, mas a festa no Musicbox, apesar do curto alinhamento, (e permitam-nos o exagero) foi mesmo foda.



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