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Ciclo Rua Áurea

A criação musical independente de Lisboa em desfile no Bairro Alto até ao início do Verão.

Com o apoio da Merzbau e da Criasons, o Centro Cultural O Século acolhe mensalmente, de Março a Julho de 2009, concertos que visam ilustrar as novas propostas estruturantes do panorama musical independente no início do século XXI.

Em entrevista a Tiago Sousa, da netlabel Merzbau, a iniciativa é referida como “um modo de celebrar a dinâmica que se tem estabelecido entre os artistas e a cidade de Lisboa” frisando tanto a proximidade da relação destes últimos com a editora como, acima de tudo, a importância da presença da capital nas suas criações.

Para tal, várias vertentes são abrangidas em cada uma das noites de espectáculos. A primeira, com Mariana Ricardo e Minta, no passado dia 21 de Março, exibiu, segundo Tiago Sousa, “uma característica do novo século, um registo de canções mais acústicas e menos eléctricas”, assim como “a importância cada vez maior que as mulheres vão adquirindo” no horizonte da produção musical.

A despretensão folk foi, de facto, o vector estruturante da noite inaugural. Memórias dum passado recente – os Pinhead Society como marco do indie rock português – aliadas a incursões em outros projectos (München, Rock Group Tiger e a banda sonora do filme “Aquele Querido Mês de Agosto”) trouxeram, para a abertura, as composições de Mariana Ricardo. Apresentando-se em trio, fez acompanhar a sua própria voz e ukelele pelo baixo de Bruno Duarte e pela mini-bateria de Nuno Pessoa, provando, em momentos como «My case is a different one», «Grandaddy», «Some Spanish Girls», «Sunday is a common day» – entre outros ainda sem título – que o minimalismo pode ser um modelo profícuo na exploração do formato da canção.

Também em trio foi a apresentação do projecto Minta (cujo EP, “You”, foi destacado pelo radialista Henrique Amaro no fim do ano passado) em torno das composições e da voz de Francisca Cortesão, que neste espectáculo reservou várias surpresas a uma casa cheia. Além de Francisca, e do apoio de Manuel Dordio e Filipe Pacheco na guitarra e no baixo, houve ainda espaço para a participação do songwriter Walter Benjamin, num dueto inédito, e, num crescendo contagiante de entusiasmo e à-vontade, em belíssimos temas como «Search Skin Deep», «A Song to Celebrate Our Love», ou o encore, «Without it».

Uma abertura auspiciosa para um ciclo que visa abarcar uma ampla gama de registos para além da canção. É este o caso do experimentalismo instrumental que somos convidados a descobrir no projecto Monomoy e no do próprio Tiago Sousa, com encontro marcado no próximo dia 17 de Abril.

Os Jesus, the Misunderstood, após o enérgico lançamento do EP “The Crooners are Dead” no Maxime, são a proposta no território da Pop, agendada para 23 de Maio, seguida, a 20 de Junho, do pós-songrwiting de Noiserv – entidade musical de David Santos – que tem sido alvo de uma visibilidade cada vez maior dentro e fora das fronteiras de Portugal.

A selecção é encerrada a 18 de Julho com a guitarra de Tó Trips – figura transversal da música de Lisboa, através dos findos Lulu Blind ou dos aclamados Dead Combo – transformando-se assim, durante os próximos meses, o número 80 da Rua do Século numa verdadeira montra de talentos com pistas sobre o que nos reserva um futuro cada vez mais próximo.



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