Clubbing

A Casa aberta até de madrugada!

 As noites “Clubbing”, iniciadas em Janeiro deste ano, pretendem abrir a Casa da Música à população da cidade: entre as dez da noite e as quatro da manhã o público pode assistir a concertos (o único evento para o qual era necessário adquirir bilhete), dj sets, instalações, passear por espaços geralmente vedados ao acesso geral ou simplesmente beber um copo num dos bares.

Depois de um primeiro “Clubbing” dedicado a músicos e djs espanhóis (com a presença dos 12 Twelve, Fangoria, Nancys Rubias e Fibla), nesta segunda edição as escolhas não obedeceram a qualquer critério geográfico, quer em termos territoriais, quer em termos musicais. Distribuídos por três espaços distintos – a Sala 2, o Bar 2 e a Sala Cybermusica – a oferta musical revelou-se eclética, do rock ao electro, passando pelo big beat, pelo kuduro ou pela electrónica mais experimental.

Os Phantom Ghost abriram as hostilidades na Sala 2, ainda antes da meia-noite, para um curto concerto de cerca de uma hora, em que apresentaram o seu terceiro trabalho “Three”. O duo alemão, constituído por Thies Mynther (sampler e teclados) e Dirk Von Lowtzow (voz), movimenta-se fundamentalmente pelas sonoridades electrónicas próximas do electro-pop, mas com fortes traços folk. Apesar dos apontamentos dançáveis em muitos dos temas, o apelo aos movimentos corporais não é geralmente explícito, tendo o concerto acabado por se revelar pouco estimulante para muitos dos presentes.

Em simultâneo, Rui Pregal da Cunha assumia o controlo da mesa de mistura para um longo dj set no Bar 2. Utilizando o computador, o ex-vocalista dos Heróis do Rock e dos Kick Out The Jam começou por se dedicar às sonoridades electro, disco e funk tipicamente 80’s, avançando em seguida para abordagens mais contemporâneas a estes estilos. Na parte final, houve ainda tempo para apontamentos big beat e até aproximações ao kuduro, numa prestação sem grandes tecnicismos, mas que acabou se revelar bem sucedida ao conseguir “fixar” alguns foliões junto ao bar.

De facto, uma das características da noite “Clubbing” é a possibilidade de se poder circular pelo edíficio, acabando por se verifar uma flutuação (quase) permanente dos públicos pelos diversos espaços. Em simultâneo com os concertos e os dj’s, podia-se encontrar na sala Cybermusica uma instalação de @c (Pedro Tudela e Miguel Carvalhais) + Lia, em que se aliava a música, numa vertente electrónica bastante experimental, à “arte digital” (uma série de composições geradas em computador, a partir das programações de Lia, que se distribuíam por cinco ecrãs distintos).

No piso superior, Nuno Grande apresentava uma outra instalação, intitulada “VIP 3 – Very Irregular Polyhedric Room”. Este é o primeiro de uma série de arquitectos, artistas e designers a serem convidados pela Casa da Música a intervir nos diversos espaços do edifício, tendo este conhecido arquitecto escolhido a Sala VIP. Aproveitando a geometria estranha desta sala, Grande trabalhou o espaço sobretudo ao nível da iluminação, acompanhada pelos sons abstractos da peça “Polytope de Cluby” de Iannis Xenakis.

Inserido na mesma iniciativa, junto ao Bar 2, podemos encontrar uma outra instalação de Ricardo Jacinto, intitulada “Labirinte”, uma vez mais trabalhando esteticamente a relações entre arquitectura, os espaços públicos, a escultura e o vídeo.

João Ricardo de Barros Oliveira é o artista residente na Casa da Música em 2007, tendo uma série de peculiares objectos distribuídas pelas diversas salas do edíficio, intitulada “Exposisom – Correntes Sonoras”. Partindo da noção de instrumento musical, Barros Oliveira cria e transforma uma série de peças, trabalhando-as em inter-relação com os próprios espaços da Casa Música. De facto, toda a montagem da “Exposisom” acaba por contribuir decisivamente para o impacto das diversas obras.

Ao mesmo tempo que muita gente passeava por todos estes espaços, já os WhoMadeWho ocupavam as suas posições no palco da Sala 2. Perante uma sala bem composta e disposta a dançar até mais não poder, a resposta deste power trio não poderia ter sido mais eficaz. Navegando pelo funk, pelo punk e por alguma música de dança (ouviram-se ritmos electro, hip hop…), mas com uma atitude muito rocker, Tomas Hoefding (baixo e voz). Jeppe Kjellberg (guitar e voz) e Tomas Barfod (bateria e samples) são autênticos animais de palco, cheios de energia e boa disposição, contagiando todos os presentes ao longo de pouco mais de uma hora de concerto non stop. Este foi, com certeza, o momento alto desta edição de Fevereiro das noites “Clubbing”, justificando-se plenamente o regresso destes dinamarqueses aos palcos portugueses, para um concerto desejavelmente mais longo! 

Entretanto, já o português Hang the DJ assumia os comandos no Bar 2, dando continuidade às sonoridades dançantes, desta vez mais explícitamente próximas do dance floor. Também na Sala 2 era a vez de Jay Jay Johanson apresentar-se enquanto dj, num set fundamentalmente dedicado ao electro, ao electro-pop e ao disco. E foi em tom de festa que mais esta edição de “Clubbing” continuou até às quatro da madrugada… resta-nos agora aguardar pela edição de Março!



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