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COOL JAZZ 2023 | Dias 19 e 20 de Julho

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Texto por Rosária Rocha e fotografia por Graziela Costa.

Dado o arranque da 18.ª edição do Cool Jazz com o tão esperado Lionel Richie chega a vez da dupla de folk-pop indie – Kings of Convenience – formada pelos noruegueses Erlend Øye e Eirik Glambek Bøe no dia 19 de julho.

A abrir esteve uma outra dupla, as irmãs Golden Slumbers, que mais tarde foram convidadas a cantarem com os Kings of Convenience parte da canção «Know How» e onde os dois duos e o público partilharam um momento de “sheer simplicity”.

Apesar de terem lançado um albúm em 2021 e claro está, de terem tocado vários temas mais recentes, foram as músicas de “Riot On An Empty Street”, de 2004 e “Declaration of Dependence”, de 2009 que mais entusiasmo instigaram. Em particular as músicas «I’d Rather Dance With You» e «Boat Behind», ambas acompanhadas pelo talento de mais dois músicos que adornaram as melodias com o som do violino e do contrabaixo.

Erlend Øye mostrou-se muito admirado em ver o recinto do hipódromo repleto de pessoas para os verem atuar. Descobriu então que eram populares em Portugal, tendo precisamente feito esse comentário, entre muitos outros ao longo do concerto procurando sempre momentos de interação. Inclusive pediu várias vezes para se levantarem e até para se ir para junto do palco “como se fosse um concerto de rock’n roll”, pedido ao qual o entusiasmado público das fileiras da frente logo acatou. A humildade e a vontade de quererem estar próximos dos presentes foi uma constante durante a performance destes dois músicos, bastante cúmplices na arte que partilham e que, para felicidade de quem os viu atuar nesta noite, voltaram a juntar-se com este projeto depois de tantos anos afastados.

O dia seguinte é dedicado aos mestres de composições jazzísticas e experimentalistas. A dar ponto de partida aos concertos no palco do hipódromo atuou Filho da Mãe, nome artístico de Rui Carvalho, que nos transporta para ambientes cinematográficos a vários ritmos de um modo quase contínuo entre temas, capaz de hipnotizar na sua composição em cena apenas com a guitarra. O artista ideal para reunir os entusiastas para o próximo concerto.

Snarky Puppy foi o grupo que liderou o cartaz do dia 20 de Julho com a presença de nove elementos em palco, dos 25 que são ao todo e que se vão alternando, levando aqueles que os assistiam numa viagem instrumental de composições que só a liberdade do improviso permite criar. Ainda que seja comum associá-los ao género jazz e tendo em conta que têm aqui bastante influência, este grupo define-se como “são o que são” apresentando um pouco de todo o mundo, assim como os próprios elementos. Alguns dos temas foram apresentados pelo fundador e líder do grupo Michael League, que ao longo do concerto também procurou interagir com o público daquela noite, maioritariamente constituído por jovens. Quer jovens, quer outros presentes de outras faixas etárias desfrutaram deste serão instrumentalista.

O Cool Jazz destaca-se por proporcionar finais de tarde agradáveis. Abrem as portas e, pouco depois, têm o patrocínio da Smooth FM responsável pelas bandas de músicos emergentes que procuram o seu lugar na cena do jazz em Portugal. Este ano o local dedicado a estas bandas é um singelo anfiteatro no jardim Marechal Carmona que leva a que público tenha menos distrações e possa assim prestar mais atenção ao concerto e não seja somente música de fundo para as filas da zona Eat&Drink. Filas que, à semelhança das edições anteriores, ainda causam algum incómodo. Também o facto de não haver um local determinado para a imprensa e de não haver comunicação prévia acerca desse detalhe causam um entrave à tranquilidade. Com a retirada do patrocínio da EDP, a edição deste ano revela outros patrocinadores e portanto, outra imagem e slogan – Cool Jazz, Cool by nature – definindo-se como um festival que aposta na sustentabilidade com anúncios sugestivos acerca deste tema e em particular, o patrocínio do Ponto Verde com postos de ecoponto e ecopontos ambulantes. Porém os copos de cerveja são apenas reutilizáveis e não reembolsáveis, não contribuindo para a redução do uso de plástico e revelando um recuo no ideal sustentável que pretendem transmitir.

Mas um festival de música é sobretudo a música e é esta que define verdadeiramente o que destaca este evento de verão. Seguem-se mais dias de boa música com Ben Harper & The Innocent Criminals e Bruno Pernadas no dia 26, Tiago Bettencourt e Nena com Joana Almeirante no dia 27 e termina com Norah Jones no dia 29, uma artista presente noutras edições deste festival e sempre bem recebida pelo público português, prometendo uma ótima forma de encerrar o Cool Jazz deste ano.



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