Córtex
Os Festivais de Cinema ainda não acabaram por este ano. Prova disso é a 3ª edição do Festival Córtex- um Festival de Curtas-Metragens, que regressa a Sintra dia 28 de Novembro até dia 2 de Dezembro
“Estamos rodeados de pessoas que não querem cultura e pretendem deixar o País inculto. No fim apenas vai sobrar o folclore.” Laura Soveral
O Córtex tem como objectivo homenagear o formato pelo qual grandes realizadores iniciaram o seu percurso e, desta forma, mostrar verdadeiras obras cinematográficas, não estando, na maior parte dos casos, acessíveis ao público. É uma alternativa ao escoamento e à proliferação do mercado das curtas-metragens produzidas no nosso País, contribuindo desta forma para o efeito de destaque e mediatismo no trabalho de alguns realizadores portugueses.
O júri da competição Nacional e Internacional deste ano é composto por Rita Blanco, Laura Soveral, Teresa Villaverde e Vasco Câmara, personalidades que estiveram na conferência de imprensa para a apresentação do festival.
Quanto aos depoimentos do júri deste ano, há uma concordância evidente, a vontade de encontrar uma metodologia que retire o cinema português do fosso em que se encontra.
A actriz Rita Blanco deixa claro o seu descontentamento: “A crise já está instalada, temos que reinventar novas formas de trabalho. Temo dias difíceis para a cultura e para a arte, há que revirar essa tendência de alguma maneira. O cinema português não é subsidiado pelo Estado, mas se o fosse, não fazia mais do que a sua obrigação. Infelizmente, o cinema é apenas feito com o dinheiro que vem da publicidade. Precisamos de cultura porque senão vamos morrer mais estúpidos do que já estamos e, francamente, parece-me que já estamos no limite”. No fim ainda frisa: “Lembrem-se, lembrem-se que o filme “Sangue do Meu Sangue” do João Canijo está em 8º nos Óscares”.
Por sua vez, a actriz Laura Soveral, que participou na 1ª curta vencedora do Córtex em 2010, o “Amor cego” de Paulo Filipe, subscreve as palavras de Rita Blanco, e acrescenta: “Estamos rodeados de pessoas que não querem cultura e pretendem deixar o País inculto. No fim apenas vai sobrar o folclore. A cultura precisa de incentivos e de dinheiro. Estou sempre de olhos abertos para ver o que se anda a fazer no cinema, por isso apoio os novos realizadores e tenho imenso prazer em trabalhar com eles”.
Já a realizadora Teresa Villaverde confessa com desilusão que “Há coisas no mundo que desaparecem. Ficamos tristes e pronto. Agora o cinema se desaparecesse teria de ser de novo reinventado. É uma arte incrível e jamais poderá ficar em risco. Não podemos perder a alegria, nem a indignação, temos que ter esperança e acreditar, há que batalhar pelo cinema e sair desta limitação”.
O programador deste festival, Michel Simeão, informou que serão exibidas 25 curtas-metragens, das quais 18 são nacionais e 7 internacionais, de países como França, Roménia ou Alemanha, todas em competição. Como critério de selecção tem-se um best of do que melhor foi produzido durante o ano 2011 e 2012. Trata-se de um apanhado das curtas mais prestigiadas, uma retrospectiva interessante.
Michel informa “Queremos desmistificar que a curta-metragem é para um público limitado e dedicado apenas a uma elite intelectual. É necessário expandir este formato. A competição engloba desde animações, filmes conceptuais, típicos mainstream ou documentários. Sintra é mágica, um segredo à porta de Lisboa; levar até lá um público jovem, um público do cinema é um dos nossos objectivos.”
Como experimentar não dói, apareçam por Sintra, aventurem-se, surpreendam-se e deixem-se levar por este formato. A linha de pensamento é: Siga umas rapidinhas?
A sessão de abertura será dedicada ao realizador e convidado de honra António Campos, de “AfterSchool – Depois das aulas” com a mostra de algumas das suas primeiras experiências cinematográficas, uma obra sobre adolescência e desejo.
Na Competição Nacional, fazem parte curtas como a “A Comunidade” de Salomé Lamas, uma curta documental que retrata o CCL-Costa Velha o mais antigo parque de campismo de Portugal.
Em “O Inferno”, de Carlos Conceição, que coisas se passam por detrás dos vidros de uma casa contemporânea? Um filme que constitui uma interrogação sobre as coisas que achamos e aquilo que elas são, ou poderiam ser.
Na animação podemos contar, por exemplo, com “Kali O Pequeno Vampiro” de Regina Pessoa, a história de um rapaz diferente dos outros, que sonha em encontrar o seu lugar ao sol. Tal como a lua passa por diferentes fases, também o Kali tem de enfrentar os seus medos e demónios interiores.
Está disponível o download da App, onde podem consultar toda a programação, calendário e estar a par das últimas notícias.
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