“Cosmopolis”
Somos todos ratazanas
O filme “Cosmopolis”, realizado por David Cronenberg, é a adaptação ao cinema do premonitório livro que Don DeLillo escreveu em 2003 e que retrata a crise económica com que nos deparamos actualmente.
A personagem principal, Eric Packer (Robert Pattinson), um jovem milionário, atravessa a cidade de Nova Iorque na sua limusina branca com o objectivo de cortar o cabelo na antiga barbearia do seu pai. Lá dentro são feitos negócios, sexo, e têm lugar discussões filosóficas. A cidade está paralisada por engarrafamentos e estranhas manifestações. O presidente norte-americano está de visita à cidade e acabou de morrer um famoso ídolo pop. A atmosfera é caótica.
O Tempo e a simbologia
As cenas transmitem uma sensação de câmara lenta, como se o tempo fosse estático e embarcássemos numa viagem pelos acontecimentos que se desenrolam com personagens caracteristicamente analíticas que interferem na vida do protagonista. O conceito de tempo é mais de uma vez abordado por Cronenberg como um bem peremptório e que influencia todo o mercado capitalista. ”O tempo é um activo corporativo” diz Vija Kinski (Samantha Morton).
Ratazanas aparecem ao longo do filme, em diferentes contextualizações, como símbolo da destruição causada pelo capitalismo que continua a dominar o mundo em toda a sua estratosfera social, tendo, como seu maior motor de crescimento, a tecnologia.
Erick Packer, o golden boy de Wall Street, um jovem de 28 anos extremamente auto-destrutivo que tem tudo e não tem nada, vive no limbo do vazio materialista e é uma personagem complexa, fria, egocêntrica. Sente-se imortal, inatingível. Numa das cenas a sua limusina é vandalizada durante uma manifestação e ele continua a pensar no seu corte de cabelo.
“Cosmopolis” é uma obra densa e forte que nos leva a analisar a sociedade onde vivemos, em que um capitalismo desumano caminha de mãos dadas com o império tecnológico que absorve tudo à sua volta. ”Somos meros personagens, peças de xadrez e nem nos apercebemos.”.
O filme estreia dia 31 de Maio e é uma produção de Paulo Branco, Alfama Films e Prospero Pictures.
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