Crowdfunding
Temos assistido, no universo empreendedor, à tendência do crowdfunding. Mas será que sabemos realmente o que é e como funciona?
Hoje, ao termo crowdfunding está muitas vezes associado o termo startup. Uma startup é uma empresa na sua early stage e que, normalmente, procura financiamento. Ora, uma das formas de se financiar é recorrer ao que pode ser chamado financiamento colectivo – crowdfunding. Esta forma de financiamento permite às startups, não só angariar fundos, como também validar a aceitação da ideia por parte do público.
Isto significa que quando uma startup parte para o financiamento junto das massas, sabe que o financiamento só vai ser bem sucedido se a ideia bem transmitida e, principalmente, se o público perceber o valor da criação.
Temos o caso de Scott Wilson, antigo designer de relógios na Nike, que teve a ideia de criar pulseiras onde o iPod nano se encaixava. Scott Wilson apresentou esta ideia de relógio-pulseira aos fabricantes de acessórios da Apple, mas sem sucesso. O próximo passo de Scott foi colocar a sua criação na mais conhecida plataforma americana de crowdfunding – Kickstarter – e esperar que os 15 mil dólares pedidos fossem financiados. Mas o produto não angariou apenas 15 mil dólares. Tornou-se num dos financiamentos mais bem sucedidos angariando 1 milhão de dólares em encomendas. Desta forma, Scott avaliou o sucesso do projecto e percebeu que o produto estava aprovado pelo mercado.
Mas o maior sucesso de sempre do Kickstarter foi o Pebble, um smartwatch com visor E-Paper, que conseguiu angariar 10,2 milhões de dólares em crowdfunding, depois de não conseguir obter financiamento privado. O Pebble mostra no pulso um conjunto de informações disponíveis no smartphone, pois está conectado com ele (tanto com Android como com iPhone).
Mas nem sempre as campanhas de crowdfunding são bem sucedidas. Uma das razões para isto acontecer é a elevada expectativas dos empreendedores quanto às suas ideias, pedindo um grande montante de dinheiro que acaba por não ser financiado.
Isto leva-nos ao modo de funcionamento de uma plataforma de crowdfunding. Quem tem uma ideia para um produto/serviço pode colocar livremente a sua ideia na plataforma. Mas cada plataforma tem o seu modelo de negócio.
O Kickstarter rege-se pelo tudo-ou-nada. Isto significa que quem pede 50 mil dólares de financiamento só os recebe se atingir este valor no período de tempo estipulado. Ou seja, se apenas for financiado com 40 mil dólares não recebe nada porque o dinheiro nem chega a sair das contas dos financiadores. Se isto acontecer, o Kickstarter também não ganha nada. Mas se o projecto for financiado, o Kickstarter fica com 5% do valor do financiamento.
Em Portugal também existem plataformas de crowdfunding. As mais conhecidas são a PPL e a Massivemov. Ainda há pouco tempos, na PPL, foi financiado a 118% o novo álbum “Power to the People!” dos Primitive Reason. O tema deste disco está no mesmo comprimento de onda do conceito de crowdfunding e foi por isso que fez sentido aos artistas financiarem-se desta forma. Os Primitive Reason são uma banda independente desde que editam os seus próprios discos desde 2002. O álbum vai ser lançado em Outubro mas o single «Seeds Among the Rain» está disponível no site da banda.
Mas a grande questão é: porque é que as pessoas financiam um projecto? O que ganham com isso? Em qualquer campanha de crowdfunding, as pessoas que dão dinheiro recebem algo em retorno. Neste caso, consoante o montante oferecido à banda, era possível receber: Disco digital em MP3 (10€), CD (15€), CD autografado + t-shirt (25€), Vinyl + poster (50€), acesso ao backstage de um concerto e jantar com a banda (150€), agradecimento no CD + convite VIP à listening party + um dia com a banda + anuidade na comunidade online (350€), sendo que todas as recompensas são acumuláveis com as anteriores.
A verdade é que uma ideia em processo de crowdfunding, por melhor que seja e melhores que sejam as recompensas, não vai ser bem sucedida se não for divulgada. A criação deve chegar aos canais mais relevantes para a mesma. O “financiamento da multidão” está dependente da multidão. É por isso que é importante vendar a ideia a todos. Isto não significa que todos invistam nela, mas que a partilhem pelos seus contactos que podem querer nela investir.
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