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Dancing The 90’s Away – Parte II

Uma crónica de quem viveu mais ou menos intensa o BOOM da música de dança em Portugal.

Sim, de facto parecia que Portugal seria um novo paraíso para a música de dança. Começaram a aparecer mais produtoras de festas, mais agências, mais festas, mais lojas de discos e mais compilações misturadas…quem na altura não se lembra das compilações da Kaos, do Alcântara-Mar, do X – Club (já lá vamos…) ou do Top DJs ?

Uma das produtoras (que ao mesmo tempo era agência) que mais sobressaiu durante esta altura (algures entre 1996 e 1999) foi sem dúvida o X – Club. Começou primeiro por estar associada aos já célebres “afters” no Teatro da Lanterna Mágica e associado ao nome X – Club estavam DJs como Mário Roque aka X-Man, XL Garcia, Jiggy, A.Paul, Flick, Luís Leite, Paulo Leite, Double Z, Zé Mig-L ou DJ Ferro, entre outros. Posteriormente dedicou-se a produzir festas de com dimensões bem maiores, festas essas que ficaram na memória de muitos (e que hoje em dia até têm contornos quase míticos).

Na altura o Techno começou a despontar como um estilo de massas (bem mais que o House, que ainda era considerado elitista) e o X – Club apostou nisso pois era o que os DJs mais passavam.

A primeira grande festa que mostrou que o X – Club vinha para ficar foi no Castelo de Monsaraz, com Trevor Rocklife e Mário Roque aka X-Man a proporcionarem grandes sets a quem lá esteve. Pouco depois decidiram trazer Carl Cox, para uma festa inesquecível no Estaleiro Naval da Figueira da Foz (para além de terem também vindo Eric Powell, Les Ryder e DJ Skull). Aposto que foi rara a festa que conseguiu juntar tanta gente no mesmo sítio, e tudo pessoal que ia apenas com o intuito de se divertir e de estar na boa onda, a curtir o que mais “cutting edge” se estava a fazer no Techno na altura, e com um cenário tão industrial, a condizer com perfeição com a música. Ainda hoje recordo com muitas saudades essa festa, e não me esqueço de, quando estava a nascer o Sol, o Carl Cox ter passado uma música mais suave, a condizer com aquela envolvência toda…A Kaos também fez as suas grandes festas nesta altura, sobretudo as primeiras Tecnolândias, mas definitivamente era o X – Club que estava na mó de cima.

Mais festas houve, como a 3D (onde pela primeira vez vieram a Portugal nomes como Dave Angel, Darren Price e Dave Clarke), a F.A.C.T. 2 em Coimbra, onde Carl Cox regressou a Portugal  pela 2ª vez e trouxe-se pela 1ª vez os Advent, ou aquele que, basicamente, foi o 1º Festival de música de dança/electrónica em terras lusas: o Neptunus. O Neptunus, na altura, teve daqueles “line-ups” que eram quase de sonho…ora vejam, numa mesma festa, nomes como Stacey Pullen, Layo & Bushwacka, Mr. C, Carl Cox, Planetary Assault Sytems, DJ Sneak, Doc Martin, Roger Sanchez ou Júnior Sanchez…para a altura parecia incrível. Mas pela altura do Neptunus já eu, e muito pessoal amigo, andávamos desiludidos com a forma como a cena do Techno estava a evoluir. Ainda por cima, a partir de certa altura, o desfasamento entre o som que os DJs portugueses passavam e o que os DJs estrangeiros convidados passavam era por demais evidente.

Enquanto que os DJs estrangeiros passavam cenas com “groove” e, de certa forma, subtis, os portugueses queriam era “partir cascalho”…salvo raras excepções, como o Flick, e até certa altura, o A.Paul; o som, quanto mais “dark”, pesado e acelarado, melhor…e, para mim, tornava-se massacrante estar a ouvir um set da maioria dos DJs do X – Club. No Neptunus foi quando se começou a ouvir os primeiros “reports” acerca de comportamentos impróprios num tipo de celebração que se quereria de paz e boa-onda…relatos sobre assaltos e violações deixaram-me muito triste na altura, e por vezes pensava que o tipo de som  mais “pesado” não seria em parte responsável por alguma má-onda que se estava a começar a sentir…

No Neptunus lembro-me que o intuito principal era ir ouvir nomes como Stacey Pullen ou Layo & Bushwacka (ambos fizeram excelentes sets), e sobretudo, ir para a pista de House. Para variar, a pista nunca esteve muito composta, mas foi sem dúvida onde se deve de ter ouvido a melhor música de todo o festival. Foi muito bom ter apanhado nomes como Doc Martin, Roger Sanchez ou Dj Sneak quando ainda não eram nomes assim tão falados quanto isso. Fizeram sets excelentes, e basicamente apresentaram um som House cheio de “groove”, e numa altura em que o chamado “Filtered Disco” estava a começar a aparecer em força (e não fosse DJ Sneak o pioneiro desse tipo de som).

Atrás do X – Club apareceram inúmeras produtoras de festas (umas com mais, outras com menos, sucesso), e deu-se um fenómemno de massificação de festas…entre os finais de 1996 e inícios de 1998 era raro o fim-de-semana em que não havia pelo menos uma suposta grande festa. O caricato era ver produtoras que supostamente eram concorrentes do X – Club, a contratar DJs do mesmo. Houve alturas em que num mesmo fim-de-semana via-se DJs como o X – Man ou o Jiggy passar som em três ou quatro festas diferentes. Obviamente, era impossível haver festas a um ritmo desses, sem que algo descambasse…umas vezes as condições, tanto para os DJs passarem som, como para o bem-estar entre o público não eram as melhores, começou a haver casos de os supostos cabeças de cartazes nem sequer saberem que iam passar som a determinada festa  e começou também a notar-se uma enorme degradação do ambiente nas festas.

Lembro-me que na última festa de Techno a que fui, senti-me inseguro, e nem sequer me atrevia a ir sozinho para qualquer lado, não era para isto que eu ia a festas, ia para me divertir, para curtir a música, ter de estar numa festa a ter de olhar para todo o lado, e a sentir que havia perigo iminente não, obrigado. E foi aí que, infelizmente, começou a haver uma nítida separação dos públicos.

Quem não estava para se sentir inseguro, ia para as festas de House da Kaos (a Kaos, inteligentemente, apercebeu-se do degradar do ambiente nas festas de Techno, e começou a apostar praticamente só nas festas de House, mantendo apenas a Tecnolândia), quem não se chateava com o ambiente nas festas de Techno, basicamente, continuava a frequentar as festas do X – Club ou de outras produtoras que apostassem no Techno. Infelizmente, mais tarde (mas isso já neste século), a má onda também chegou ás festas de House, mas isso ficará para uma retrospectiva da 1ª década do século XXI…

Falando de festas de House da Kaos, ficou-me na memória uma festa na Páscoa de 1999, na discoteca Locomia, no Algarve. O “line-up”, na altura, era de luxo…Masters At Work, Bob Sinclar, Erick Morillo,  DJ Vibe, Ruizinho…Na altura eram nomes que estavam no auge, e que tanto produziam como passavam música com bastante qualidade, como em apenas 10 anos tanto mudou (não incluo aqui os M.A.W. , que, mal ou bem, quase sempre conseguiram manter a qualidade a que nos habituaram). Ouvir aquele maravilhoso som que os M. A. W. debitavam daquelas colunas enquanto todos dançávamos alegremente à volta da piscina da Locomia (houve quem se tivesse mesmo atirado à agua…era Abril, mas estava um dia de Verão…) é daqueles momentos que nunca mais se esquece.

Obviamente, continuávamos a ir a clubes, sítios como o Kremlin  e o Frágil. O Kremlin ressentiu-se um pouco quando DJ Vibe decidiu optar (e muito bem…) por uma carreira de “free-lancer”, mas pôs lá um DJ que passava um som bastante interessante, que era o Ruizinho. O problema foi  quando o Ruizinho se foi embora, e puseram lá o Master G que optou por seguir um tipo de som mais “comercial” e menos desafiante para os ouvidos. Basicamente, estar no Kremlin ou no Alcântara-Mar era para mim quase a mesma coisa. Mas, entretanto, como já conseguíamos entrar sem grandes problemas no Frágil, era para aí que íamos ouvir o que de melhor se fazia, mercê de nomes como Rui Vargas, Rui Murka, Yen Sung, Pedro Ricciardi, Lino ou Kaspar. Começou-se também a ouvir com um bocadinho mais de frequência um estilo de som que era o Drum n’ Bass, sobretudo em locais como os já saudosos Captain Kirk ou Ciclone.

No final da década começou-se também a recuperar algum do legado do Disco-Sound (no meu caso pessoal, porque queria descobrir donde vinha o que era “samplado” em muitos temas de House que gostava, e por ter sido nessa altura que comecei a ouvir falar mais a sério de nomes como Larry Levan ou Walter Gibbons) e também o legado do Jazz e de alguma música latino-americana, com nomes como Jazzanova ou  Truby Trio. E começou-se também a ouvir falar de festas de Goa-Trance ou Trance Psicadélico. Já tinha ouvido entretanto uma ou outra coisa do estilo, mas sinceramente, foi um tipo de som que nunca me disse grande coisa…lembro-me de ter ido a uma das primeiras festas, e de ter gostado imenso do ambiente, mas a música não me dizia mesmo nada, e quando vi então, nessa festa, um gajo já quimicamente alterado a dialogar com um “alien” desenhado na decoração, disse logo que este tipo de ondas não era mesmo para mim…eheh.

Entretanto, abriu um clube em Lisboa que ainda hoje é uma referência dentro do melhor que se vai fazendo em termos de música de dança/electrónica…o Lux. Tendo aberto as suas portas em Outubro de 1998, preencheu, de certa forma, o espaço que o Kremlin de 1992/1996 tinha deixado vago. Nem de propósito, um dos residentes era DJ Vibe, em conjunto com Rui Vargas e Yen Sung, nomes de referência para quem gostava de música de dança/electrónica. Apostou numa vertente mais vanguardista dentro da música de dança, em contraponto aos tipos de sonoridades que na altura se ouviam em locais estilo o Kremlin ou o Alcântara-Mar. Para mim foi uma lufada de ar fresco, e o que disse acerca do Kremlin durante a era de 1992/1996 (ver a parte I deste texto) aplica-se ao Lux, e continua ainda hoje a ser das minhas casas favoritas para sair à noite.

Em relação à noite de Setúbal…As coisas até melhoraram um pouco, mas acabava por nunca haver um projecto consistente, muito por culpa de quem geria as casas (e nalguns casos por se ter mesmo azar com os senhorios…). Ficaram na memória espaços como o Bubble Club (com o residente Nuno Graça e convidados), o Zona Livre (djs convidados), o Clube das Marés (com o residente Pedro Viegas e convidados), o Clubíssimo (com o Del Costa, embora se mantivesse no mesmo esquema da música de dança intercalada com os hits pop/rock), o Insómnias (com os residentes Marco Rodrigo e Dário), o Hipnótica (com o residente Model 9000, que era no espaço do Clubíssimo, após a gerência deste ter mudado, e que até hoje estou para perceber porque não deixaram este projecto desenvolver-se mais…), as 3ªs feiras e ocasionais matinés no Talbar (com Henri Sanrame, Marco Rodrigo e Miguel Marrucho), o Peste (que teve vários residentes, entre eles Henri Sanrame, Daniel Costa ou Mister Simon, e que se aguentou mais uns anos até 2004, se não estou em erro…), as 5ªs no ADN a cargo do DJ Urban aka Rogério Martins (onde se exploravam as sonoridades mais Deep dentro do House e do Techno..se bem que acho que quem tinha iniciado estas noites tinha sido o Model 9000), o Amadeus Club ( com o residente Daniel Costa e convidados), e as sextas feiras mensais no Conventual, de nome Puro House, da responsabilidade de Del Costa (hoje MaGaZino), e que regularmente trazia também convidados, alguns até internacionais, como o residente do Moog Club, DJ Loe.

Obviamente, Setúbal também não escapou á “febre” das festas, e muitas delas tiveram lugar no TGV, umas com mais, outras com menos sucesso. Também me lembro de uma grande festa no edifício das Janelas Verdes, e também uma numa antiga fábrica de cerâmica, não muito longe do Auto Da Guerra, e também uma do X – Club no Clubíssimo. Não muito longe de Setúbal, no pinhal da Zambuja, ocorreram também as 1ªs edições do Boom Festival, que ainda hoje é bastante conceituado pelo mundo fora. Não me esqueço também das chamadas festas dos “freaks”. Eram assim chamadas porque eram festas ilegais feitas por estrangeiros, que devido ao aspecto, foram apelidados de “freaks”. Estas festas eram realizadas não muito longe de Setúbal, e até tinham bastante aderência. Pena é que a maioria das vezes as sonoridades passadas eram demasiadamente pesadas para o meu gosto – antes de ter sido destruída por um incêndio, a discoteca Seagull, na Arrábida, foi um dos primeiros locais a albergar festas de Goa/Psy Trance.

Apesar de ter chegado ao fim da década com algumas ilusões desfeitas, e de “A Paradise Called Portugal” afinal não se ter cumprido (apesar de haver condições para tal, sobretudo em espaços como o Algarve, que poderia muito bem ter sido uma nova Ibiza, e não o foi, bem antes pelo contrário…), ainda me mantive optimista, e pensei que muita coisa poderia ainda melhorar…mas arrisco a dizer que a situação está agora pior em 2009 do que estava em 1999. Ao menos continua a sair muito boa música (alguma dela até fortemente influenciada por coisas que foram editadas nos anos 90), e isso já não é pouco.



Existem 10 comentários

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  1. insanept

    Excelente leitura como já a primeira parte tinha sido.

    Neste ponto começa a chegar à altura em que comecei a aperceber-me deste mundo, especialmente com as compilações da kaos e x-club, e no entanto fico com a dúvida, se teremos parte III até aos dias de hoje…

  2. patmac

    caro eduardo,
    esta segunda parte mais me parece um folhetim da x-club do que a continuação da primeira.
    Gostei muito mais da 1ª parte e esperava mais da 2ª.
    O Boom da musica de dança em Portugal é mais do que isto!
    Sem tirar valor a teu documento, ok?
    Abraço

  3. Kaspar

    Eduardo, obrigado pela extensa intervenção, de rigor quase académico. Por uma questão de rigor histórico, o lux abriu em 1998, e eu só comecei como residente do Frágil em 1999, a fazer só as terças, inicialmente, e com um fim de semana cada dois meses.

    Acho que nunca toquei lá enquanto o Vargas era residente – quer dizer ele não era meu "colega" no Frágil, o Lux já estava aberto na altura. A Yen começou por fazer a programação quando o Frágil foi comprado pela sociedade que hoje o gere, mas ao fim de uns meses passou a tocha ao Rui Murka, por falta de tempo. Então, e durante uns bons 5 anos, fomos eu, o Lino, o Rui Murka e o Pedro … quase inteiramente. Portanto, na altura que falas, eu provavélmente estava no Frágil, mas porque o Lino me pedia para ir buscar bebidas ao bar e não porque era dj :)

    Eram sem dúvida grandes, grandes tempos para se ouvir música à noite! O início dos 2000 também foi muito bom (lembras-te daquela noite no Lux "Festival do Fim" com o pessoal todo da Ninja Tune??, ou as festas do ISCTE que a 13th key fazia – quando o Nuno Rosa ainda não era o Pink Boy e passava drum n bass com o Flick?). Antes de baterem os revivalismos, a coisa andava para a frente e o pessoal era muito mais aberto musicalmente, e a partir de 2003, 2004, os dj's tornaram-se sujeitos ao Taylorismo e tornavam-se "tão bons, quanto eficazes", normalmente a forma mais fácil de se ser eficaz, é sendo azeiteiro… isto, claro, segundo os paradigmas vigentes.

    Mas eu acho que é impossível travar a arte, o progresso, e as pessoas que disso tratam. Os mais chatos podem querer ignorar certas coisas, mas não podem travar a força da criatividade, nem pelo peso da preguiça mental. E acredita, eu sei muito bem o que é ser-se ignorado num meio cheio de mediocridade, CONTUDO, melhores tempos virão, porque o trajecto continua.

    perdoa a extensão do comentário… abraço

  4. EduardoMartins

    Patmac, eu sei que é mais do que isto…mas como já repeti anteriormente, só me atrevo a falar do que vivi…e eu na altura, verdade seja dita, fui a muitas festas do X – Club. Um texto destes é obrigatoriamente subjectivo…são crónicas do que vivi, e provavelmente com um ou outro erro temporal, porque a memória prega-nos por vezes partidas…Já disse e repito, gostava de ler uns Dancing The 90s Away versão Porto, Coimbra, Braga, etc…E Kaspar, em relação ao Frágil, em termos dos residentes, quis falar no geral, e abarquei todos os que me lembro de serem lá residentes durante a 2ª metade dos anos 90 (1999 ainda é anos 90…eheh) . E cheguei a ir lá umas terças ouvir-te, se não estou em erro…

  5. David Carvalho

    Olá a todos,

    Embora só tenha 29 anos (isto é para me sentir bem!) tive a sorte de viver um pouco do que este artigo descreve.

    Tive a sorte ou azar como queiram entender de começar a sair cedo aos 13 anos ou princípio dos 14, pelo menos é a ideia que tenho, ou seja 1993/1994 onde a primeira vez que entrei numa discoteca a sério foi no Alcântara-mar, na altura não era normal uma criança sair à noite, lembro-me como se fosse hoje os balcões redondos, as colunas gigantes com malta lá em cima a dançar, a zona privada.

    Hoje é uma visão bastante azeiteira, naquela altura era um "glamour" inexplicável que fez-me apaixonar pela música electrónica até hoje.

    Seguiu-se muitos anos de Kremlin, onde muitas vezes saia de casa sozinho pois os amigos cortavam-se e ia literalmente sozinho para Lisboa, para estar junto da música de que gostava.

    Num aspecto geral, acho que falta referência a duas casas, uma delas a Kadoc, embora hoje seja uma casa destruída e hyper-super-azeiteira foi em tempos palco de grandes festas e grandes noites.

    Outra casa que também teve a sua quota na evolução da música de dança em Portugal o velhinho Kings & Queens no seu início, onde o ambiente e o estilo era muito “Alcântara-mar”.

    E depois obviamente surge o Lux…que acredito que na altura que surge acaba por salvar a noite de Lisboa até os dias de hoje, mesmo com os seus altos e baixos…

    Quanto ás referências do X-Club, Kaos e afins, não acho EM NADA exagerado, já que nessa altura eles eram quem fazia mexer as baterias e sem eles provávelmente a Música de Dança em Portugal nunca teria chegado onde chegou…

    Pessoalmente adorei o artigo :)

    Abraço,

  6. patmac

    eduardo percebido! ;)
    da x-club passei por algumas e tive a sorte de ter estado no estaleiro naval!
    lembro-me como se fosse hoje :))

    sem desenterrar rivalidades outroras :), a x-club centralizou-se mais a sul, e eu dançava mais a norte :), os belos tempos do rocks, as loucuras do alcatraz em cantanhede, o verão louco de enseada… ui só de lembrar… :)

    agora tudo está diferente! melhor ou pior nunca será igual! ou será e eu é k já não o sinto como sentia.

    abraço, pat

  7. Kaspar

    Pat: excesso de dj's mal formados (pessoal e "artísticamente"), vigorar da lei do carneirismo na consciência colectiva actual e uma profundíssima ignorância, são apenas alguns dos sintomas do problema actual.

    Não perdeste, penso eu, capacidade de sentir-te bem à noite. A noite é que perdeu a capacidade para fazer as pessoas sentirem-se bem. Basta uma análise ao tipo de postura que é evidente num público que assombra uma pista de dança hoje em dia. A cambalear, ou a ranger os dentes. Não há sorrisos, nem provocados por catalizadores.

    É o low end da sinosóide. Daqui tende a subir e melhorar de novo. Espero entretanto que as pessoas que andam a passar música sem saber o que fazem se manquem do ridículo que parecem.

  8. Choco-Juice

    Boa tarde,

    Caro Eduardo,

    Obrigado pela nostalgia, confesso que focaste os principais pontos no desenvolvimento da musica de dança na decada 90's, pois se fosse eu a escrever o artigo não iria andar muito longe disso.

    Pat, provávelmente partilhámos muitas das noites do Alcatraz, porque se bem me lembro, durante o curto periodo de "vida" deste espaço se falhei 1 ou 2 fins de semana foi muito, tendo em conta que me deslocava de Almada. Aliás, lembro-me perfeitamente de ver caras do Kremlin por lá.

    Para quem não está a par, O Alcatraz foi um clube gerido pela Kaos no ínicio de 1997 em Cantanhede perto de Coimbra. Durante os seus 3 meses de gestão a organização convidava grandes nomes do Techno e House, que se distribuiam pelas respectivas áreas.
    Lembro-me particularmente, duma noite, em que os Deep Dish eram os convidados da pista house para o afterhours. Estes na sua actuação começaram, pormenor que memorizei, por baixar o volume da Música, como que a dar a entender que iríamos começar uma fase de descompressão. Engraçado também foi vê-los a tocar neste seu set um disco da Harthouse com o pitch bem abaixo do zero, não perdendo este no entanto, a sua magia.

    Bons tempos!

    Cumpts.

  9. FilGood79

    Para começar gostava de agradecer ja tardiamente pelos dois textos que descrevem todo um periodo que marcou geraçoes inteiras. É tao bom relembrar o Kremlin, o Alcantara dos melhores tempos, e claro, o mitico e inesquecivel Climacz!!! E o X-Club!

    Eu sou duma geraçao algo mais nova, apanhei tudo a partir de 1995. Eramos o grupinho da linha de Cascais e derivado as raizes de cada um tinhamos tambem pessoal de Espanha o qual ja estava bem "educado" na altura em toda a onda da movida. Adorei o texto principalmente porque me fez reviver esses tempos e sim, os lugares e o ambiente eram tal como bem descreveste, uma mistura de "glamour e underground".

    Mas, a diferença, o meu local de preferencia era o Alcantara sem duvida. Era fazer tempo até as 5 para depois chegar la e encontrar o grupinho todo na pista e bombar sem parar até o fecho, até o "Remember me". O que foi para ti o Kremlin, foi para nos o Alcantara, era a "casa". Depois sair as 10 e meia ou 11, ir ao beco e ver o grupinho dos resistentes e seguir para o Climacz. O cumulo foi quando se convenceu o Pedro Lata a fazer os Domingos Trance.

    E claro, as festas do X-Club. Mas de forma parecida a ti posteriormente me desiludi com as festas trance (ainda que no inicio o ambiente era absolutamente maravilhoso), e sempre procurei voltar as raizes techno em ambientes de "glamour underground".

    Um grande abraço e mais uma vez obrigado pelo texto.

  10. ricardo

    Boas. Se me pedissem para descrever os anos 90 em termos de musica eu escreveria exatamente o mesmo(ou tentava….)
    Vivi da mesma forma as festas, sem duvida, para mim as melhores festas que fui foi a do estaleiro naval com Carl Cox e a Neptunus!!!! Acho que nunca mais vão fazer festas assim em portugal apesar de termos boas condições. Não as fazem porque as produtoras já se aperceberam da má onda que existe em Portugal, é pena!!!
    Estive em todas as festas que foram referidas no artigo, mas como sou de braga e quando não havia festoes desse calibre ficava pelo porto ou entao ia para Vigo e Corunha. No norte, antes da má onda e da gunada surgir as minhas casas preferidas era o Pacha (grandes festas com grandes nomes da cena: Erick Morillo, Christian Varela, Dave Clark. Green Velvet, Vibe…..) O Vaticano em Barcelos entre 96 e 99(quando iam grandes nomes do house ou do techno) era muito, mas muito bom! a discoteca nao era grande mas foi construida de raiz para ouvir musica electronica. Lembro.me que na ultima sexta-feira de cada mes ia o Vibe e o pessoal juntava-se e dizia: Vamos ver o PAPA?! Eram demais as festas e o vaticano tinha um sistemas(nao sei qual) que simulava uma pequena tempestade com muito vento e algumas pingas de água, era a lufada de ar fresco às 7 da manha para continuar ate ao meio dia. Depois iamos para o after no Maré Alta, o barco no rio douro que dançava tambem… O rocks, grande club com grandes festas, a que me marcou foi Laurent Garnier em que dançamos sem má onda e toda gente bem.
    E temos ainda o Industria que, para mim, é a casa onde tudo continua, vai-se lá só se vê boa gente, bonita, boa musica, bons Djs e a má onda fica à porta. Havia muitas mais festas que podia referir mas tenho que ir bulir….
    Nessa altura tambem acreditei que Portugal passa-se a ser o verdadeiro paraiso para a dance music, mas infelizmente, somos poucos com a verdadeira alma/cultura da dance music em Portugal!!!!
    Para terminar, sinto falta de festas como a da Páscoa na Locomia em 1999, estive lá e lembro-me que me diverti à brava e estava tão satisfeito que dormi o caminho todo até braga!!!!
    Ricardo Queiroz


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