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O melhor Bond?

Daniel Craig, o melhor James Bond de sempre?

Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e Daniel Craig têm todos algo em comum: encarnaram James Bond, o espião mais conhecido no mundo cinematográfico. Segundo Roger Moore, que encarnou a personagem durante 12 anos, Daniel Craig é o melhor 007 de que há memória, afirmando que “[Daniel Craig] é um actor maravilhoso e certamente o melhor que já interpretou Bond”.

E, pelos vistos, Daniel Craig é um óptimo James Bond, já que até pelo menos 2016 será ele a interpretar a personagem. Se assim for, o actor passará a ser o terceiro actor que mais interpretou o espião britânico nos cinemas, abaixo apenas de Sean Connery e Roger Moore.


 

Daniel Craig é o melhor James Bond, e porquê? Porque Daniel Craig apresenta um James Bond humano, não uma máquina de destruição elegante que seduz tudo o que anda à sua volta. Ele cai, magoa-se, fica com nódoas negras, suja o casaco, rasga as camisas, transpira, é humano. Mais algum James Bond surgiu no ecrã com essas características? Não. A escolha de Craig após a passagem pela saga de Pierce Brosnan ajudou a dar um novo impulso à marca Bond – o filme em que ele fez sua estreia foi o mais lucrativo de todos, com uma receita de quase 600 milhões de dólares. Se participar em mais dois filmes, torna-o no terceiro actor que mais vezes interpretou o famoso agente secreto, atrás de Sean Connery e Roger Moore. Tanto “Casino Royale” como “Quantum of Solace”, com Daniel Craig como James Bond, renderam os melhores resultados nas bilheteiras até hoje.

Foi em 2006, com “Casino Royale”, que Daniel Craig se apresentou como o agente do MI6 mais famoso de sempre, James Bond. O filme começa a preto-e-branco, numa cena que nos faz recuar ao momento onde Bond se transforma num agente 007, com permissão para matar. Este é um primeiro excelente filme que nos traz o que de mais humano existe na personagem de Bond.

Na sua primeira missão, James Bond, agora com ordem para matar, conhece Vesper Lynd – interpretada pela belíssima Eva Green. Uma mulher forte, determinada, mas com as fragilidades necessárias para atrair um homem que, sem pensar muito, decide deixar tudo por ela. Neste filme, a missão não é tão importante como a relação entre as personagens; relações de confiança. Depois da missão resolvida, James Bond despede-se do MI6 e decide viver a história do “amor e uma cabana”, tudo pela sua dedicação a Vesper.

Já Ian Fleming escreve, no livro homónimo, comentários fantásticos a esta personagem feminina: uma mulher fatal, inteligente, mas que esconde algo e que mostra uma fragilidade que atrai Bond. No livro, Vesper tem uma morte menos dramática; no filme, Vesper suicida-se em frente a Bond, uma alteração que faz toda a diferença na criação de um passado para uma personagem. Aqui, James Bond aparece-nos como um homem apaixonado, que apenas quer salvar a mulher que ama, e não um herói que tenta salvar o mundo da sua destruição. Contudo, no final do filme percebemos que com a morte de Vesper tudo parece estar resolvido na mente de Bond, “the bitch is dead”, afirma.

Isto não é uma opinião de uma romântica incurável, mas este é o momento que vai moldar o comportamento de James Bond ao longo do outro filme, e que determina todas as acções que se seguem.

O segundo filme, “Quantum of Solace” (2008), é, tal como o nome indica, o período de consolação que Bond tem de passar. Passado nos dias imediatamente a seguir ao final de “Casino Royale”, a história mostra-nos um homem que perdeu a fé no amor, e nas mulheres de uma forma geral. Este comportamento revela-se em acções imprudentes e irresponsáveis, onde todos os meios justificam os fins, independentemente da perda de vidas humanas ou não. Este James Bond é um homem frio e que ao longo do filme vai revelando o desgosto e a intenção de vingança por Vesper. E, ao contrário de todos os outros filmes, aqui também existem as Bond Girls, mas como objectos que fazem com que Bond aja de uma maneira puramente mecânica, e nada emocional – como acontecia com outras interpretações.

Este é um Bond fora do normal. Daniel Craig, ao contrário de muitas críticas, é um excelente actor, e a personagem de Bond adequa-se perfeitamente ao seu perfil. Esta é uma nova personagem, uma personagem com emoções e não um galã que anda a passear por hotéis de luxo e a seduzir mulheres com a típica frase “my name is Bond, James Bond”. Esta frase, que não é usada em “Quantum of Solace”, foi usada no “Casino Royale” como uma afirmação do eu, uma mostra de identidade pela parte da personagem e não uma vaidade ou uma mania de um agente que se acha o maior.

No próximo mês de Outubro estreia a terceira participação do actor como Bond, no esperado “Skyfall”. Do realizador Sam Mendes (“American Beauty”, “Road to Perdition”, “Revolutionary Road”) conta com a habitual participação de Judi Dench como “M”, que lidera um elenco fabuloso – Javier Bardem (vencedor de Óscar em 2010), Ralph Fiennes, Albert Finney, Bérénice Marlohe (três actores com nomeações aos Óscares), ou ainda Ben Whishaw como “Q”, são apenas alguns dos nomes. Conta ainda com a participação de Tom Ford, que tornará este filme mais fashionable – como aconteceu com “Um homem singular”, realizado pelo próprio estilista; e, para terminar, temos ainda a voz de Adele, que dará voz ao filme. Sam Mendes descreve o estado de espírito deste seu James Bond como “uma combinação de cansaço, depressão, tédio, e a dificuldade em escolher o que fazer para sobreviver”.

Este é um filme que não parte de nenhuma obra literária de Flemming, mas que trata da única relação de confiança que James Bond tem com alguém, M, a única pessoa em quem confia, e que será posta à prova em “Skyfall”.

Mas voltamos à questão inicial: se Daniel Craig é o melhor James Bond de sempre? Para mim, sim, sem dúvida alguma. 



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